ar
Governo ainda terá que gastar R$ 4 bilhões nos próximos dez anos para limpar o maior rio de São Paulo; água poderia ser usada contra seca
SÃO PAULO - O projeto de despoluição do Rio Tietê, que corta quase todo o estado de São Paulo, começou há 23 anos e já consumiu US$ 2,65 bilhões (o equivalente a R$ 8,1 bilhões, em valores atuais), entre investimentos do governo do estado e de organismos internacionais. Para que o rio deixe de ser considerado morto em um trecho que atravessa a capital paulista e parte da Grande São Paulo ainda serão necessários 10 anos de obras e um investimento de cerca de R$ 4 bilhões.
Inicialmente, o projeto de despoluição terminaria em 2022, mas o prazo foi estendido em três anos. Em setembro de 2012, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) chegou a anunciar que o rio estaria sem cheiro e seria habitado por algumas espécies de peixes em 2015. Mas basta uma volta de carro pela congestionada Marginal Tietê para concluir que isso não aconteceu: o rio continua sujo e, em alguns trechos com cheiro forte.
Especialistas dizem que projetos de despoluição de rios costumam mesmo demorar décadas, embora reconheçam que há atrasos no cronograma paulista. Ambientalistas lembram que o projeto é importante, principalmente para que o estado enfrente a crise de falta d’água que começou ano passado. Se o Tietê estivesse limpo, sua água poderia ser bombeada pelo Rio Pinheiros, também poluído, para a Represa Billings.
- Mudou a lógica da sociedade em relação à década de 1990, quando o projeto começou. Antes, era uma questão de deixar de ter vergonha do rio. Depois, passou a ser de ter integração do rio com a cidade. E agora é algo à frente: São Paulo precisa da água do Tietê para beber. Não dá para dizer que São Paulo não tem água. São Paulo não tem água de qualidade - afirma Malu Ribeiro, coordenadora da Rede de Águas da SOS Mata Atlântica.
Para alcançar sucesso, os responsáveis pelo projeto precisam articular suas ações com projetos de coleta de lixo e tratamento de esgoto de diferentes municípios da Grande São Paulo, segundo Malu. Até hoje, indústrias e residências da Grande São Paulo jogam seus esgotos sem tratamento direto no Tietê.
A degradação do rio começou na década de 1940, devido ao crescimento populacional de São Paulo e da instalação de indústrias que não tratavam esgoto na Zona Norte da capital e em municípios da Região Metropolitana. A utilização do rio como um espaço de lazer e disputa de regatas perdeu espaço definitivamente após 1957, quando foram inaguradas as avenidas marginais.
A primeira fase do projeto Tietê, entre 1992 e 1998, consumiu US$ 1,1 bilhão. A segunda etapa, entre 2000 e 2008, custou outros US$ 500 milhões. A fase seguinte, de 2009 a 2015, foi orçada em US$ 1,05 bilhão. O objetivo desta etapa é elevar a coleta de esgotos na região metropolitana de 85% para 87% e ampliar o serviço de tratamento de esgotos de 78% para 84%. A quarta fase é orçada em R$ 4 bilhões e deve acabar em 2025, segundo a Sabesp.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/sociedade/despoluicao-do-tiete-ja-custou-81-bilhoes-esta-longe-de-acabar-15927541#ixzz4FTG24xju
© 1996 - 2016. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.
Nenhum comentário:
Postar um comentário