Com população que soma 42 milhões de habitantes, as duas maiores manchas urbanas enfrentam problemas que repercutem no País
13 de novembro de 2013 | 16h 08
Ricardo Brandt
A concentração econômica e demográfica no Sudeste fez surgir em São Paulo e no Rio de Janeiro as primeiras megacidades do País, que juntas somam 42 milhões de habitantes - população maior que a do Canadá. Saber planejar e gerenciar de forma integrada o desenvolvimento dessas manchas urbanas, para atacar gargalos como congestionamentos e a proliferação de favelas, é um desafio que interessa a toda economia nacional.
As áreas que se formaram em torno das capitais paulista e fluminense são responsáveis por 35% do Produto Interno Bruto (PIB) do País, equivalente a R$ 1,1 trilhão. Com o principal porto (Porto de Santos), os maiores aeroportos de carga (Cumbica e Viracopos) e as mais movimentadas rodovias (Anhanguera/Bandeirantes, Anchieta/Imigrantes, Dutra, Castello Branco, D. Pedro), São Paulo e Rio centralizaram investimentos industriais durante anos. Qualquer descompasso nessas economias reverbera Brasil afora.
A concentração de capital e trabalho, ao mesmo tempo em que formou os dois maiores centros consumidores, provocou o acelerado crescimento demográfico em curto período, gerando densidade populacional que chega a ser de 2.476 habitantes por quilômetro quadrado, quando a média nacional é de 22.
"Em todo grande adensamento industrial é normal que surjam problemas. O adensamento urbano, a partir de certo ponto, se torna irracional para as atividades econômicas. O preço do metro quadrado se torna estúpido, os custos de manutenção urbana se elevam sobremodo, os deslocamentos para ir ao trabalho se tornam morosos, custosos", diz o economista Wilson Cano, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Somados a problemas como escassez de água, poluição e violência, a metropolização gerou nas duas megacidades do Sudeste aquilo que os economistas chamam de deseconomias externas, ou deseconomia de aglomeração - fatores externos nos centros urbanos que elevam o custo de produção.
"Elas fazem com que determinadas atividades econômicas se desloquem ou se expandam para outras áreas", diz Cano. Em São Paulo, uma macrometrópole com 173 cidades, 30 milhões de habitantes e PIB de R$ 897 bilhões - comparável ao da Suíça, 18.ª economia do mundo -, foi o que ocorreu a partir da década de 1970, com empresas indo para o interior, criando polos regionais como Campinas e São José dos Campos.
Usando a mesma estrutura logística da Grande São Paulo, as empresas foram em municípios onde os problemas de mobilidade e abastecimento ainda não eram impeditivos - processo classificado como a desconcentração concentrada do setor produtivo. Na última década, enquanto o crescimento populacional da Região Metropolitana de São Paulo foi de 10,2%, na Região Metropolitana de Campinas foi de 19,7%.
Um novo ciclo de investimentos, liderado pela indústria automotiva e pelo pré-sal, transformará cidades em um raio de até 150 quilômetros das capitais, graças às políticas de isenção fiscal e aos altos custos dos centros das megacidades.
Os investimentos de seis montadoras (Chery-Jacareí, Hyundai-Piracicaba, Honda-Itirapina, Nissan-Resende, Mercedes-Benz-Iracemápolis e Toyota-Sorocaba), de 2012 a 2016, vão criar 10 mil empregos diretos e injetar mais de R$ 7 bilhões nas economias das megacidades de São Paulo e Rio.
O pré-sal, na fase de exploração e operação, vai movimentar nos próximos 30 anos cerca de R$ 3,7 trilhões nas duas megacidades, criando 87 milhões de empregos. Os cálculos são do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP) e do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV)e levam em consideração estimativa de investimentos para 50 bilhões a 60 bilhões de barris. A consequência será mais migração.
Desafio. O desafio é evitar que esse novo ciclo de crescimento da Região Sudeste leve para regiões pobres ou até então dependentes da economia agrícola os efeitos negativos do adensamento populacional e urbano desorganizado. Caraguatatuba, no litoral paulista, já sente os reflexos da expansão da cadeia de petróleo e gás. É a cidade que mais cresce, mas a cobertura por redes de drenagem, saneamento ambiental, transporte urbano e estrutura viária ainda é insuficiente.
"Nós sabemos o que é preciso ser feito, o problema é fazer. É preciso decisão política e capacidade de gestão. Ter uma visão em escala regional e encontrar formas pelas quais municípios, Estados e até União possam trabalhar juntos na solução de problemas como mobilidade urbana, habitação, disponibilidade de água, saneamento. São assuntos que extrapolam o município", diz o arquiteto e urbanista Jorge Wilheim, um dos maiores especialistas no assunto do País.
Para o secretário-chefe da Casa Civil do Estado de São Paulo, Edson Aparecido, as questões de mobilidade urbana e aumento populacional acelerado sem planejamento são as principais preocupações da macrometrópole. "Saber como planejar o desenvolvimento e gerenciar políticas de interesse comum dessas cidades é um desafio que ainda precisa avançar no País."
As áreas que se formaram em torno das capitais paulista e fluminense são responsáveis por 35% do Produto Interno Bruto (PIB) do País, equivalente a R$ 1,1 trilhão. Com o principal porto (Porto de Santos), os maiores aeroportos de carga (Cumbica e Viracopos) e as mais movimentadas rodovias (Anhanguera/Bandeirantes, Anchieta/Imigrantes, Dutra, Castello Branco, D. Pedro), São Paulo e Rio centralizaram investimentos industriais durante anos. Qualquer descompasso nessas economias reverbera Brasil afora.
A concentração de capital e trabalho, ao mesmo tempo em que formou os dois maiores centros consumidores, provocou o acelerado crescimento demográfico em curto período, gerando densidade populacional que chega a ser de 2.476 habitantes por quilômetro quadrado, quando a média nacional é de 22.
"Em todo grande adensamento industrial é normal que surjam problemas. O adensamento urbano, a partir de certo ponto, se torna irracional para as atividades econômicas. O preço do metro quadrado se torna estúpido, os custos de manutenção urbana se elevam sobremodo, os deslocamentos para ir ao trabalho se tornam morosos, custosos", diz o economista Wilson Cano, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Somados a problemas como escassez de água, poluição e violência, a metropolização gerou nas duas megacidades do Sudeste aquilo que os economistas chamam de deseconomias externas, ou deseconomia de aglomeração - fatores externos nos centros urbanos que elevam o custo de produção.
"Elas fazem com que determinadas atividades econômicas se desloquem ou se expandam para outras áreas", diz Cano. Em São Paulo, uma macrometrópole com 173 cidades, 30 milhões de habitantes e PIB de R$ 897 bilhões - comparável ao da Suíça, 18.ª economia do mundo -, foi o que ocorreu a partir da década de 1970, com empresas indo para o interior, criando polos regionais como Campinas e São José dos Campos.
Usando a mesma estrutura logística da Grande São Paulo, as empresas foram em municípios onde os problemas de mobilidade e abastecimento ainda não eram impeditivos - processo classificado como a desconcentração concentrada do setor produtivo. Na última década, enquanto o crescimento populacional da Região Metropolitana de São Paulo foi de 10,2%, na Região Metropolitana de Campinas foi de 19,7%.
Um novo ciclo de investimentos, liderado pela indústria automotiva e pelo pré-sal, transformará cidades em um raio de até 150 quilômetros das capitais, graças às políticas de isenção fiscal e aos altos custos dos centros das megacidades.
Os investimentos de seis montadoras (Chery-Jacareí, Hyundai-Piracicaba, Honda-Itirapina, Nissan-Resende, Mercedes-Benz-Iracemápolis e Toyota-Sorocaba), de 2012 a 2016, vão criar 10 mil empregos diretos e injetar mais de R$ 7 bilhões nas economias das megacidades de São Paulo e Rio.
O pré-sal, na fase de exploração e operação, vai movimentar nos próximos 30 anos cerca de R$ 3,7 trilhões nas duas megacidades, criando 87 milhões de empregos. Os cálculos são do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP) e do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV)e levam em consideração estimativa de investimentos para 50 bilhões a 60 bilhões de barris. A consequência será mais migração.
Desafio. O desafio é evitar que esse novo ciclo de crescimento da Região Sudeste leve para regiões pobres ou até então dependentes da economia agrícola os efeitos negativos do adensamento populacional e urbano desorganizado. Caraguatatuba, no litoral paulista, já sente os reflexos da expansão da cadeia de petróleo e gás. É a cidade que mais cresce, mas a cobertura por redes de drenagem, saneamento ambiental, transporte urbano e estrutura viária ainda é insuficiente.
"Nós sabemos o que é preciso ser feito, o problema é fazer. É preciso decisão política e capacidade de gestão. Ter uma visão em escala regional e encontrar formas pelas quais municípios, Estados e até União possam trabalhar juntos na solução de problemas como mobilidade urbana, habitação, disponibilidade de água, saneamento. São assuntos que extrapolam o município", diz o arquiteto e urbanista Jorge Wilheim, um dos maiores especialistas no assunto do País.
Para o secretário-chefe da Casa Civil do Estado de São Paulo, Edson Aparecido, as questões de mobilidade urbana e aumento populacional acelerado sem planejamento são as principais preocupações da macrometrópole. "Saber como planejar o desenvolvimento e gerenciar políticas de interesse comum dessas cidades é um desafio que ainda precisa avançar no País."
Nenhum comentário:
Postar um comentário