ZERO HORA - 17/11
Sozinha para sempre, nem pensar. Mas há que se valorizar as vantagens de se passar um tempo desacompanhada. A solidão não será um bicho de sete cabeças se você tiver bom humor e souber se divertir com o momento de entressafra.
Por exemplo, sozinha você não mente, não finge, não se faz de sonsa. Ninguém é mais autêntico do que um solitário. Não precisa fazer de conta que está gostando da conversa, não precisa inventar desculpas para ir embora, não precisa dizer que está tudo bem quando está tudo bem nada.
Sozinha você não comete gafes. Não esquece o nome da tia do seu marido, não confunde o sobrepeso da prima dele com gravidez, não pergunta pela mãe do melhor amigo dele. Não te contaram? Está presa por assalto a mão armada.
Sozinha você não dá vexame por ter bebido demais, você não ameaça tirar a roupa no final da festa, não se insinua para o namorado da filha dos outros. Sozinha você provavelmente ficou em casa no sábado e não termina a noite sendo o trending topic do twitter.
E não bate-boca, não faz fofoca, não fala alto demais, não provoca ninguém. Sozinha você é perfeita.
Já que um jantarzinho a dois está fora de cogitação, não julgará a maneira como seu amado maneja os talheres, o jeito que ele dança, quanto deixa de gorjeta, a miséria do seu vocabulário, aquela insistência dele em cortar o cabelo numa espelunca do centro. Quantas vezes a gente se arrepende por ter aberto a boca demais? Por ter se intrometido onde não devia? Sozinha, você é uma lady.
Sem relação estável com ninguém, você não cobra fidelidade, não reclama da bagunça, não faz perguntas repetitivas e indiscretas. E ao viajar só, longe das manias de um acompanhante, você não faz a louca diante de uma roubada, não inventa desculpas para fugir de uma indiada, não ameaça fazer as malas e voltar sozinha – já está sozinha mesmo.
Você praticamente fica sem o que contar para o padre no confessionário. Você não peca.
Acabou-se a fama de chegar sempre atrasada. Ou de ser pontual demais. Ou de furar encontros. Você não chega nem sai, você está fora do circuito.
Sozinha você economiza batom, lingerie, depilação, cabeleireiro, academia. Em compensação, gasta demais em croissants, biscoito recheado, bombons de licor. Quem é que vai se importar se você engordar dois ou três quilos?
Sozinha você é a maluca que dança no meio da sala, a demente que fala com as plantas, a artista que canta alto no chuveiro, a crente que faz pedidos para a primeira estrela que surge no céu. Você pede o quê, mesmo? Que essa solidão abençoada não seja vitalícia: que dure no máximo até o fim de novembro. Deus a livre de não ter em quem dar um beijo no Réveillon.
Sozinha para sempre, nem pensar. Mas há que se valorizar as vantagens de se passar um tempo desacompanhada. A solidão não será um bicho de sete cabeças se você tiver bom humor e souber se divertir com o momento de entressafra.
Por exemplo, sozinha você não mente, não finge, não se faz de sonsa. Ninguém é mais autêntico do que um solitário. Não precisa fazer de conta que está gostando da conversa, não precisa inventar desculpas para ir embora, não precisa dizer que está tudo bem quando está tudo bem nada.
Sozinha você não comete gafes. Não esquece o nome da tia do seu marido, não confunde o sobrepeso da prima dele com gravidez, não pergunta pela mãe do melhor amigo dele. Não te contaram? Está presa por assalto a mão armada.
Sozinha você não dá vexame por ter bebido demais, você não ameaça tirar a roupa no final da festa, não se insinua para o namorado da filha dos outros. Sozinha você provavelmente ficou em casa no sábado e não termina a noite sendo o trending topic do twitter.
E não bate-boca, não faz fofoca, não fala alto demais, não provoca ninguém. Sozinha você é perfeita.
Já que um jantarzinho a dois está fora de cogitação, não julgará a maneira como seu amado maneja os talheres, o jeito que ele dança, quanto deixa de gorjeta, a miséria do seu vocabulário, aquela insistência dele em cortar o cabelo numa espelunca do centro. Quantas vezes a gente se arrepende por ter aberto a boca demais? Por ter se intrometido onde não devia? Sozinha, você é uma lady.
Sem relação estável com ninguém, você não cobra fidelidade, não reclama da bagunça, não faz perguntas repetitivas e indiscretas. E ao viajar só, longe das manias de um acompanhante, você não faz a louca diante de uma roubada, não inventa desculpas para fugir de uma indiada, não ameaça fazer as malas e voltar sozinha – já está sozinha mesmo.
Você praticamente fica sem o que contar para o padre no confessionário. Você não peca.
Acabou-se a fama de chegar sempre atrasada. Ou de ser pontual demais. Ou de furar encontros. Você não chega nem sai, você está fora do circuito.
Sozinha você economiza batom, lingerie, depilação, cabeleireiro, academia. Em compensação, gasta demais em croissants, biscoito recheado, bombons de licor. Quem é que vai se importar se você engordar dois ou três quilos?
Sozinha você é a maluca que dança no meio da sala, a demente que fala com as plantas, a artista que canta alto no chuveiro, a crente que faz pedidos para a primeira estrela que surge no céu. Você pede o quê, mesmo? Que essa solidão abençoada não seja vitalícia: que dure no máximo até o fim de novembro. Deus a livre de não ter em quem dar um beijo no Réveillon.
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