sexta-feira, 6 de junho de 2014

USP matriculou 32,3% de alunos de escola pública em 2014


POR VICTOR VIEIRA O número de alunos de escola pública que entrou na Universidade de São Paulo (USP) neste ano saltou para 32,3%. Como o blog revelou, o índice foi maior do que no ano passado, quando 28,5% dos matriculados eram da rede pública. Do total de inscritos que vieram da rede pública, 30% se [...]

POR VICTOR VIEIRA
O número de alunos de escola pública que entrou na Universidade de São Paulo (USP) neste ano saltou para 32,3%. Como o blog revelou, o índice foi maior do que no ano passado, quando 28,5% dos matriculados eram da rede pública.
Do total de inscritos que vieram da rede pública, 30% se declararam pretos, pardos e indígenas.
Os dados foram apresentados hoje pelo pró-reitor de Graduação Antônio Carlos Hernandes. Entre algumas das carreiras mais concorridas, a quantidade de candidatos de escola pública também foi alta. Na Faculdade de Medicina da USP, 41,2% dos 250 ingressantes vieram de escola pública. Já na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, 30,6% dos matriculados vieram da rede pública.
Em outras unidades, porém, a quantidade de alunos de escola pública foi abaixo da média. Na Escola Politécnica, 22,5% vieram de escola pública. Na Faculdade de Direito, o índice foi de 18,9%.
MUDANÇA
Para a próxima edição do vestibular, haverá mudanças no cálculo do bônus a alunos. Antes o calculo da bonificação era feito de forma escalonada, a partir do número de questões acertadas por cada candidato. Nesse formato, a média geral de bônus dados era de 9%.
Agora os candidatos de escola pública e pretos, pardos e indígenas só precisarão acertar o patamar mínimo de 30% da prova. Os bônus variam entre 12% e 25% sobre o desempenho no vestibular.
A expectativa da Pró-Reitoria de Graduação é aumentar entre 4% e 6% a proporção de alunos de escola pública já no próximo ano. Pelo Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior de São Paulo (Pimesp), plano proposto pelo governo estadual aos reitores das universidades estaduais, em 2014 já deveria haver 35% de alunos de escolas públicas nessas instituições. Para 2015, a expectativa era de 43% e, no ano seguinte, 50%. Ao adotar o sistema de bônus, a USP não estabeleceu metas.

Criação de parque no Ribeira é suspensa


HERTON ESCOBAR - O ESTADO DE S.PAULO
06 Junho 2014 | 04h 02

Ação civil parou processo; ambientalistas defendem que área continue privada

O governo do Estado de São Paulo planejava anunciar ontem, Dia Mundial do Meio Ambiente, uma nova unidade de conservação da Mata Atlântica, o Parque Estadual do Taquari, de 245 km². Localizado no Vale do Ribeira, ele formaria um mosaico de proteção com os atuais parques estaduais do Petar, Intervales, Nascentes do Paranapanema e Carlos Botelho. Mas o anúncio teve de ser adiado por causa da oposição de ambientalistas e de uma ação civil pública, pedindo a suspensão do processo administrativo de criação do parque.
Uma consulta pública marcada para 28 de maio na cidade de Eldorado foi suspensa no último minuto por força de uma liminar, concedida pela Justiça local, com base na ação da Defensoria Pública do Estado em Registro.
A suspensão foi comemorada por muitos na comunidade ambientalista que se opõem à criação do parque, pelo fato de a área em questão já ser protegida há mais de 40 anos por uma empresa privada, a Agro Industrial Eldorado, que mantém vigilância permanente no local. Na opinião dos críticos, a empresa faz um trabalho de conservação melhor do que o Estado seria capaz de fazer, visto as dificuldades que enfrenta para cuidar dos parques já existentes.
A área, conhecida como Fazenda Nova Trieste, abriga enormes trechos de floresta em ótimo estado de preservação e isentos de ocupação humana.
Em conjunto com os parques vizinhos, forma "a maior mancha contínua de Mata Atlântica do Brasil", segundo Clayton Lino, presidente do Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA), que coordenou os estudos para criação da unidade, em parceria com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SMA). "Você pode traçar um raio de 12 quilômetros ao redor sem nenhum morador, só mata", diz.
Graças à proteção da empresa, a fazenda abriga a maior população conhecida de onças-pintadas do bioma, assim como uma grande quantidade de palmeiras juçara, espécie ameaçada de extinção por causa da atividade ilegal de palmiteiros.
Histórico. Os procedimentos para criação do parque foram publicados pela SMA em 14 de maio, dando 15 dias para que "qualquer interessado" se manifestasse sobre o assunto.
No dia 26, organizações ambientalistas - incluindo o instituto Pró-Carnívoros e o Instituto Socioambiental (ISA) - e representantes das comunidades tradicionais da região divulgaram um manifesto de repúdio à criação do parque, argumentando que o prazo de 15 dias era "inaceitável" e que o que Estado não teria condições de garantir a proteção da área.
"Há mais de 40 anos o proprietário da Nova Trieste mantém, de forma permanente e contínua, a fiscalização da propriedade. Além disso, promovem pesquisas científicas e realizam projetos inovadores de manejo sustentável", diz o manifesto. "Esse tripé que envolve proteção, pesquisa e práticas sustentáveis foi essencial para garantir a efetividade proteção da área, realidade bem distante dos parques estaduais vizinhos."
A Defensoria Pública do Estado em Registro cita como exemplo em sua ação o caso do Parque Estadual Nascentes do Paranapanema, que foi criado em 2012 e tem como "equipe", até hoje, um único gestor.
Compromisso. Lino, da RBMA, lamentou a suspensão da consulta pública e disse que há um compromisso real da SMA de garantir a conservação da área, se possível em parceria com o proprietário. "A situação lá não está tão bonita assim. A fazenda também está sob pressão de palmiteiros e caçadores", ressaltou. A expectativa é retomar as conversas sobre o projeto com uma nova agenda.
O proprietário da fazenda, Gilberto Sulzbacher, não foi encontrado pela reportagem.

Professores em greve da USP ocupam reitoria


WILLIAM CASTANHO, MÔNICA REOLOM - O ESTADO DE S. PAULO
04 Junho 2014 | 23h 58

Após assembleia da categoria, cerca de 60 docentes leram uma carta de desagravo ao vice-reitor Vahan Agopyan, mas que era destinada ao reitor Marco Antonio Zago

SÃO PAULO - Professores em greve da Universidade de São Paulo (USP) ocuparam na noite desta quarta-feira, 4, o saguão da reitoria, no câmpus Butantã, zona oeste da capital, e leram uma carta de desagravo ao vice-reitor Vahan Agopyan, mas que era destinada ao reitor Marco Antonio Zago.
Os professores manifestaram "preocupação e indignação diante de alguns dos artigos e entrevistas veiculados na grande imprensa por comprometer a defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade e daqueles que nela estudam e trabalham".
Entre os pontos criticados pelos grevistas, estão a "impossibilidade de concessão de reajuste e recusa em abrir negociação com docentes e funcionários"; "a recusa em reconhecer a gravidade da questão ambiental na USP Leste"; "a defesa da redução do quadro do professor em regime de dedicação integral à docência e à pesquisa (RDIDP)"; e a afirmação do reitor de que "nada sabia" sobre os gastos da gestão anterior.
A decisão de entregar a carta ao reitor foi tomada após assembleia da Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp), que reuniu cerca de 100 professores às 18h, no Auditório da História, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH).
"Dentro do contexto da assembleia entendemos a incapacidade e a impossibilidade de se estabelecer diálogo e negociação com as reitorias (das três universidades estaduais paulistas), com a Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas)", afirmou Ruy Braga, professor do Departamento de Sociologia.
"Nós redigimos a carta na assembleia e foi deliberado que entregássemos diretamente para o reitor, exigindo, entre outros pontos, a abertura imediata de negociações, a questão da defesa explícita do regime de RDIDP e outras pautas que temos levado para a reitoria", disse.
Segundo Braga, entre 60 e 70 docentes ocuparam o prédio, que foi liberado após a leitura ao vice-reitor. O professor disse que Agopyan se comprometeu a apresentar as reivindicações a Zago e a levá-las ao Cruesp.