segunda-feira, 10 de março de 2025

O feminismo perdido entre sexo e poder, Lygia Maria, FSP

 A mulher foi a estrela do Oscar 2025. O Brasil ganhou sua primeira estatueta de melhor filme internacional com a história de Eunice Paiva, em "Ainda Estou Aqui". Fernanda Torres não levou o prêmio por sua atuação genial, mas conquistou Hollywood.

"Anora", sobre uma prostituta, recebeu láureas como melhor filme e atriz. "Substância" deu a primeira indicação para Demi Moore no papel da celebridade que faz o inimaginável para rejuvenescer.

Um filme, contudo, foi ignorado pelo Oscar: "Babygirl", da cineasta holandesa Halina Reijn.

A imagem do filme "Babygirl" mostra um casal em um momento íntimo, com os rostos próximos e os olhos fechados. A mulher, a atriz Nicole Kidman, tem cabelo loiro e usa um blazer rosa, enquanto o homem, o ator  Harris Dickinson, está vestido com uma camisa azul e gravata. Eles parecem estar em um ambiente interno, com iluminação suave ao fundo.
Cena do filme 'Babygirl', com Nicole Kidman e Harris Dickinson - Niko Tavernise/Divulgação

Como arte cinematográfica, a obra não empolga, mas sua abordagem da relação entre sexo e poder areja a perspectiva sufocante sobre o tema propagada após o estopim do Me Too em 2017.

O movimento foi fundamental para expor e conter a prática de assédio. Com o tempo, porém, perdeu o foco e gerou ondas de acusações numa espécie de neomacarthismo erótico.

Em "Babygirl", Nicole Kidman é uma empresária que se atrai por um estagiário com quem compartilha, no papel submisso, desejos sadomasoquistas.

O filme não julga a relação, que se revela como um momento de descoberta e liberação de fantasias. A culpa vem quando uma funcionária ameaça revelar o caso, que seria imoral por se dar entre chefe e subordinado —uma premissa cara ao idealismo Me Too.

Mas a noção de que, do flerte à cama, interações devem ser estritamente igualitárias é um delírio.

Em "Personas Sexuais", Camille Paglia mostra como "A sexualidade é uma interação intrincada de dominância e submissão, poder e vulnerabilidade, atração e repulsão". Forças expressadas numa miríade de gradações tanto por homens como por mulheres. O desejo sexual é uma performance ritualizada de poder e controle. É quando a natureza dionisíaca invade a civilização apolínea.

Ao recusar essa complexidade e reduzir o sexo à violência do patriarcado, o irrealismo do Me Too não só incita linchamentos baseados na infração da presunção de inocência mas coloca mulheres num papel vitimista, infantilizado e paranoico. Ora, não há nada mais antifeminista que isso.

Cemig planeja expandir energia solar por assinatura para fora de Minas Gerais, FSP

 Letícia Fucuchima

São Paulo | Reuters

elétrica mineira Cemig planeja expandir os negócios de geração distribuída para além de Minas Gerais, seu estado de origem, e está avaliando a oferta de energia solar "por assinatura" inicialmente em cidades das regiões Sudeste e Centro-Oeste, disse o diretor-presidente da Cemig SIM, subsidiária do grupo para o segmento.

Segundo Iuri Mendonça, a previsão é de que os primeiros projetos desse plano tenham início neste ano, somando 40 megawatts-pico (MWp) de potência.

A imagem mostra um extenso campo de painéis solares dispostos em linhas organizadas, cobrindo uma grande área de terra. O céu está parcialmente nublado, e ao fundo, pode-se ver uma linha de horizonte com montanhas ou colinas distantes.
Imagem aérea mostra parque solar em Minas Gerais - Danilo Verpa - 1.dez.21/Folhapress

Em entrevista à Reuters, ele afirmou que, embora o grupo Cemig venha concentrando sua estratégia de crescimento nos últimos anos em Minas Gerais, a geração distribuída seguirá a mesma lógica da comercialização de energia elétrica no mercado livre, segmento no qual a estatal mineira tem negócios e presença em todo o país.

"Para nós, é natural essa perspectiva de crescimento fora de Minas, porque a gente já tem atuação no mercado livre, especificamente, no Brasil como um todo", disse o executivo.

"E, obviamente, a gente vai dar o nosso primeiro passo para regiões onde tem maior conhecimento da marca e relacionamento com o mercado, especialmente na parte de média e alta tensão, [que fazem parte] do mercado livre".

A Cemig SIM atua com geração distribuída remota, modalidade na qual o consumidor de energia não precisa instalar painéis solares no próprio local de consumo: ele compra cotas ou integra o consórcio de uma fazenda solar remota e, por meio de um sistema de compensação, consegue descontos em relação à tarifa da distribuidora.

O serviço, que se popularizou como "energia solar por assinatura", vem sendo oferecido a consumidores ligados em baixa tensão, como residências e pequenos comércios, tanto por elétricas quanto por empresas de outros setores que lidam com grandes bases de clientes, como gás, telecomunicações e bancos.

Por não demandar do consumidor investimento ou área para instalação de painéis, a geração remota é vista como uma alternativa mais acessível e vem impulsionando a geração distribuída como um todo -segmento que é o principal responsável pelo avanço da fonte solar no Brasil, hoje já a segunda maior da matriz elétrica, com mais de 50 GW instalados.

Diferentemente da geração centralizada em grandes parques solares, que injetam energia na rede elétrica para consumo em todo o país, a geração distribuída funciona sob outra lógica, por áreas de concessão das distribuidoras de energia. A regra da modalidade exige que o consumidor esteja fisicamente próximo da usina solar para poder se beneficiar dos descontos tarifários.

A expansão geográfica faz parte do plano de investimentos atual da Cemig SIM, que envolve R$ 3,5 bilhões em investimentos de 2019 a 2029, com R$ 1,2 bilhão executados até agora. A empresa tem hoje 300 MWp de capacidade instalada em usinas solares operacionais, e prevê chegar a 1 GWp ao final do plano.

Mendonça afirmou que o modelo de negócios para expansão já foi testado nos 79 municípios de Minas Gerais nos quais a Cemig não é a distribuidora de energia local. A empresa conseguiu nos últimos anos se posicionar nessas novas áreas e se tornar líder em energia "por assinatura" em todo o estado, disse ele.

"Estamos nesse momento focados nessas duas regiões [Sudeste e Centro-Oeste], entrando agora na avaliação por distribuidora, para depois anunciar quais são os municípios que vamos começar a atender como primeiro passo".

A Cemig SIM poderá construir usinas solares próprias ou fazer parcerias ou aquisições de outras empresas, seguindo um movimento de consolidação que já vem ocorrendo no setor solar, apontou Mendonça.

O CEO também ressaltou que a empresa focou na transformação digital, melhorias de experiência do cliente e fortalecimento da marca da Cemig para ganhar escala e permitir seu crescimento pelo país.

Entre as ações de marketing para se tornar mais conhecida fora de casa, ele destaca mídia em redes sociais, além de futuras parcerias estratégicas da Cemig SIM.

"Fizemos recentemente uma parceria com a BYD, na qual a venda dos carros (elétricos) leva como opção a nossa solução, dando desconto dentro de Minas. Fizemos parceria também com o Cruzeiro... levando para o sócio-torcedor uma oportunidade também de desconto", exemplificou.