domingo, 25 de março de 2018

'O governo virou gestor de folha de pagamento', diz economista, OESP


Eduardo Giannetti da Fonseca critica ‘intervencionismo truculento’ de Bolsonaro e diz que Marina precisa de um vice experiente

Renata Agostini e Alexandre Calais, O Estado de S. Paulo
25 Março 2018 | 05h00
Eduardo Giannetti da Fonseca
Eduardo Gianetti vê candidatura de Marina Silva como melhor opção, mas não quer estar na linha de frente do governo se ela for eleita Foto: Amanda Perobelli/Estadão
Para o economista Eduardo Giannetti da Fonseca, o fracasso do governo Dilma Rousseff deixou o País vacinado contra “recaídas populistas” e, por isso, reformas, como a da Previdência, são inevitáveis. Segundo ele, é urgente a revisão de gastos obrigatórios do governo, que está virando mero gestor de folha de pagamentos. A solução para o problema fiscal só virá com mudanças no pacto federativo que deem mais autonomia a Estados e municípios para tributar e que reduzam o governo central, afirmou ao Estado
Giannetti criticou Jair Bolsonaro (PSL), a quem credita um passado de “intervencionismo truculento”, e disse que Marina Silva (Rede) precisa de um vice com experiência gerencial caso queira que seu projeto se torne realidade. Ele disse que não terá papel ativo na campanha da ex-senadora como em 2014, quando foi coordenador do programa econômico. 
Estado: O sr. integrará novamente o time de Marina Silva na eleição? 
Eduardo Giannetti da Fonseca: Tentarei ajudá-la. Mas não quero assumir compromisso de estar na linha de frente. Não me sinto bem nessa situação. Desejo contribuir com a melhoria da vida dos brasileiros e considero a candidatura de Marina Silva a melhor opção, mas não tenho perfil executivo. 
O sr. já falou que Marina tem de definir se é líder de um movimento ou candidata ao Executivo. O que gostaria de ver? 
Para ser candidata ao Executivo, precisa ter propostas claras, que não vão agradar. É um privilégio para qualquer país ter uma liderança política com as qualidades que Marina tem. Mas não vejo nela definição clara como postulante ao cargo. Ela precisaria de, no mínimo, um vice-presidente com excelentes qualificações e experiência gerencial para que esse projeto possa ser realidade. 
Qual o principal problema do País hoje no campo econômico? 
O Brasil tem carga tributária de 33%, muito acima do padrão de um país de renda média, e não atende às necessidades mais elementares da vida civilizada. Metade dos municípios não tem coleta de esgoto, indicadores de saúde e educação estão defasados, nossa segurança pública é uma calamidade. O Bolsa Família, principal programa de transferência de renda, representa 0,5% do PIB. É a migalha que cai da mesa. Gastamos 9% do PIB em saúde e temos indicadores muito abaixo do razoável. O Banco Mundial mostrou que poderíamos gastar 30% menos para ter desempenho igual. Em educação, gastamos 6% do PIB. Países como Colômbia gastam menos e têm o mesmo resultado no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes). Gastamos muito mal. 
O que está por trás disso? 
Há um problema de pacto federativo mal resolvido, gerado pela Constituição de 1988. Se tudo tivesse ido bem, o crescimento dos gastos nos Estados e municípios acompanharia a redução dos gastos do governo central. Mas os três níveis cresceram ao mesmo tempo. A sociedade passou a carregar dois Estados superpostos, no que chamo de federalismo truncado. A solução do problema fiscal brasileiro passa por corajosa mudança no desenho do pacto federativo. Menos Brasília e mais Brasil. Diminuir o governo central e dar a Estados e municípios mais autoridade para tributar. O dinheiro público deve ser gasto o mais perto possível de onde é arrecadado. 
Como isso ajudaria? Estados estão falidos e pedindo socorro. 
Temos de construir o mínimo de cidadania tributária. Há 5.570 municípios e 90% deles praticamente não arrecadam e vivem de mesada constitucional. O cidadão desse município não tem noção de quanto paga, para onde vai o dinheiro. As questões relevantes para o cidadão se dão onde ele mora. Precisamos é de governo local. 
O que fazer com temas mais imediatos, de desajuste fiscal? 
A reforma da Previdência é inescapável. Temos oito pessoas em idade de trabalho para cada pessoa acima de 65 anos. Em 2060, serão 2,3 para 1. Se seguir assim, em breve estaremos gastando todo o Orçamento do governo em benefício previdenciário. O déficit da Previdência de 4 milhões de inativos e pensionistas da União, Estados e municípios é maior que o de 29 milhões do INSS. É um sistema de castas previdenciário. Tem de ter governo legítimo, recém-eleito, para enfrentar essas corporações que defendem privilégios adquiridos. Não dá para estar num País em que 92% do Orçamento do governo federal são gastos obrigatórios. Os governos no Brasil estão virando gestores de folha de pagamento. 
Como o sr. vê a proposta de uma ampla privatização? 
Vejo com bons olhos, mas não para cobrir rombo fiscal de curto prazo. Uma das coisas que o economista aprende na vida é não confundir estoque e fluxo. Não se vende a prata da família para jantar fora – essa é a mensagem. 
No campo econômico, vemos candidatos com agendas muito parecidas. O que isso significa?
Acho que alguns têm confiabilidade muito baixa, à luz do seu passado. Refiro-me a Jair Bolsonaro (PSL), cujo passado é de intervencionismo truculento, uma visão nacionalista e contrária a tudo que acredita Paulo Guedes (coordenador do programa de Bolsonaro). Seria um caminho de aventura. Lembrei-me de frase que ouvi na Inglaterra: ‘economistas podem ser mais ingênuos sobre política do que políticos podem ser sobre economia’. Se aplica bem ao Paulo Guedes. 
Ele não sabe onde se meteu? 
Acho que não tem a menor ideia – o que é uma interpretação caridosa para ele. É muito pior se ele souber onde está se metendo. 
Vender-se como liberal ajuda politicamente hoje? 
O Brasil passou por uma experiência muito sofrida de neopopulismo no governo Dilma, com coisas como maquiagem das contas públicas para esconder déficit. Estamos, no curto prazo, vacinados. A não ser que prefiramos voltar ao ‘princípio da contraindução’, do Mário Henrique Simonsen, pelo qual a experiência que deu errado inúmeras vezes deve ser repetida até que dê certo. 
Mas há apelo no populismo... 
Espero que tenha havido algum aprendizado após a fraude eleitoral de 2014, quando a candidata que se elegeu mentiu deliberadamente sobre o estado da economia brasileira. A Lava Jato mudou profundamente a percepção do grande eleitor sobre o que se passa na nossa democracia e no nosso Estado. Ela é o mais importante acontecimento da vida pública brasileira dos últimos anos, ao lado da redemocratização, dos anos 80, e da estabilização da moeda, dos anos 90. Escancarou a deformação patrimonialista do Estado brasileiro, a relação incestuosa entre público e privado que nos acompanha desde o nascimento como nação, mas que se exacerbou nos últimos anos. 
Qual é a reforma essencial? 
Temos de repensar o presidencialismo de coalização e a reforma política é essencial. É inoperante ter 28 partidos no Congresso. O ciclo é claro: o executivo recém-eleito tem capital político que lhe permite, no início do mandato, algumas iniciativas mais ousadas. Assim que o capital político se deprecia, o executivo passa a ser chantageado pelo fisiologismo dos partidos parasitários do Congresso. E termina rendido, refém das exigências. Uso a biologia política: enquanto o hospedeiro está forte, o parasita se mantém sereno. Quando sente a fraqueza – e ela vem – ele começa a sugar. O MDB não fez outra coisa desde o início da redemocratização senão esse jogo. A diferença é que o parasita virou hospedeiro. 
Apareceram propostas de se desvalorizar o câmbio para induzir o crescimento. Como avalia? 
Não adianta achar que o País vai crescer a golpe de mágica cambial ou monetária. Temos enorme capacidade de geração de riqueza e de empreendedorismo que está soterrada pela absoluta falta de oportunidades de desenvolvimento – falta de saúde, educação e ambiência – para que possa florescer. Ainda estamos no antigo regime. O patronato político age como se a sociedade existisse para servi-lo. Pergunto-me se o Brasil conseguirá virar o jogo sem passar por alguma revolução, como foi a americana e a francesa. Espero que façamos dentro da democracia. Mas a tolerância da sociedade está chegando ao limite. 

sexta-feira, 23 de março de 2018

SNI barrou expurgos na USP, mostra comissão, OESP


Grupo acha documentos de assessoria da reitoria, que queria aprofundar cassações

Marcelo Godoy, O Estado de S.Paulo
23 Março 2018 | 05h00
O expurgo de professores e alunos da Universidade de São Paulo (USP) no regime militar só não foi maior porque em duas oportunidades os pedidos de novas cassações foram paralisados no Serviço Nacional de Informações (SNI). Documentos encontrados pela Comissão da Verdade da USP mostram que o órgão de informações impediu que denúncias feitas por integrantes da universidade e pela Assessoria Especial de Segurança e Informações (AESI), ligada à reitoria da USP, atingissem novos alvos, suspeitos de oposição à ditadura.
Mais de uma dezena de professores estavam entre os suspeitos, entre os quais Eurípides Simões de Paula, Fernando Novais e Eduardo D’Oliveira França. Os responsáveis pelo filtro ideológico na universidade também queriam uma devassa na Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp), onde suspeitavam do zoólogo Paulo Vanzolini, do físico Oscar Sala e do médico e ex-reitor da USP Antonio Barros de Ulhôa Cintra. Fundamental para essas investidas, a AESI começou a funcionar nos anos 1970, instituída pelo reitor Miguel Reale. Era ela quem fazia, segundo o relatório da comissão, “a triagem ideológica de alunos, professores e funcionários”.
Fernando Henrique defende tese na USP; ex-presidente depôs para comissão
Fernando Henrique defende tese na USP; ex-presidente depôs para comissão Foto: Domício Pinheiro/Estadão - 19/11/63
A assessoria produziu 2.895 documentos entre 1973 e 1979 enviados ao Departamento de Ordem Pública e Social (Dops), ao 2.º Exército e ao SNI. O número representa um aumento das informações produzidas então pela universidade sobre investigações internas. De fato, os arquivos do Dops registram 253 documentos enviados pela USP para o departamento entre 1948 e 1973, uma média de 16 por ano. Após a criação da AESI, esse número saltou para uma média de 413 por ano.
“A criação da AESI gerou uma prática de vigilância com vistas ao controle ideológico da comunidade acadêmica, dentro de um sistema de informações organizado e centralizado do qual a USP fazia parte”, disse a professora Janice Theodoro da Silva, do Departamento de História da USP. Ela presidiu a comissão, cujo relatório tem dez volumes e foi entregue anteontem ao reitor Vahan Agopyan.
SUBVERSÃO
Exemplo desse controle é o documento enviado em 13 de novembro de 1975 ao SNI, no qual a AESI afirmava que a Fapesp estava sendo usada em “aprimoramento subversivo de alto nível pelo ex-diretor científico Oscar Sala”.
Entre os “fatos” apontados pela AESI estavam o apoio da Fapesp à Sociedade Brasileira de Progresso da Ciência, a nomeação de “infiltrados”, o dinheiro dado a pesquisas “para deturpar fatos históricos” e “desmerecer o trabalho do governo revolucionário”. Para tanto, Sala disporia de “400 assessores científicos secretos para dinamizar o trabalho de infiltração marxista no País”. E apontava como idealizadores desse plano Vanzolini e Ulhôa Cintra.
O SNI respondeu ao ofício dizendo que acusar Sala de aproveitar-se do cargo “é expressar-se de forma tendenciosa e pouco verdadeira”. O serviço de informações dizia que a AESI trazia sobre “educadores da USP dados nem sempre verdadeiros”. Para o SNI, o documento da AESI “insere-se num contexto de luta pelo controle administrativo da Fapesp e do manejo de suas vultosas verbas”. Por fim, os agentes concluíam: “Não é, em essência, documento válido e merecedor de crédito”.
Em outro caso, a comissão traz o relato do historiador Boris Fausto sobre como brigas internas na USP quase levaram a outra leva de cassações em 1972. Ali também tudo foi parar no SNI, onde o pedido de expurgo morreu em uma gaveta.
QUEDA
O artífice da AESI era Krikor Tcherkesian, funcionário nomeado por Reale e mantido pelo reitor Orlando Marques de Paiva (1973-1977). Tcherkesian, que se apresentava como amigo do cantor João Gilberto, visitava frequentemente o Dops. Foi ele quem comandou a ofensiva contra a Fapesp. Acabou enredado em uma trama na qual ele foi acusado pelo SNI de "ação de corrupção e intimidação de diretores e professores de faculdades. Acabaria afastado em março de 1976, após pressão do general Dilermando Gomes Monteiro, que assumira o 2.º Exército em substituição ao general Ednardo D'Ávila Mello, depois da morte do metalúrgico Manoel Fiel Filho, nas dependências do Destacamento de Operações de Informações (DOI). O Estado procurou Tcherkesian, mas não conseguiu localizá-lo.
PESQUISA RECUPERA DOCUMENTOS QUE FORAM QUEIMADOS
A Comissão da Verdade da USP recuperou cópias de milhares de documentos que haviam sido queimados em 1982. Os papéis estavam no arquivo do Departamento de Ordem Política e Social (Dops). Eles mostram que, dos 434 mortos na ditadura, 47 tinham relação com a universidade – 39 alunos e ex-alunos, seis professores e dois funcionários. 
A Comissão ouviu professores e alunos perseguidos. A USP foi atingida desde 1964 com o afastamento de professores como os sociólogos Fernando Henrique Cardoso e Florestan Fernandes, o físico Mário Schenberg, os arquitetos João Batista Vilanova Artigas e Paulo Mendes da Rocha, os médicos Luiz Hildebrando Pereira da Silva e Isaías Raw, a historiadora Emília Viotti da Costa e Caio Prado Junior e o filósofo José Arthur Gianotti.
Entre os documentos achados há listas de professores “ideologicamente suspeitos” cuja contratação foi vetada por reitores. Esse foi o caso dos arquitetos Ricardo Ohtake – ato do reitor Orlando Marques de Paiva – e do arquiteto Décio Tozzi, barrado por dois reitores – Miguel Reale, em 1972, e Salim Simão, em 1977. “Isso destruiu minha carreira acadêmica”, contou Tozzi, que projetou o parque Villa Lobos e se tornou professor da USP em 1982. O jurista Miguel Reale Junior diz que seu pai evitou perseguições maiores na USP quando foi reitor. O relatório, no entanto, mostra que foi de Reale a iniciativa de criar a AESI - a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), por exemplo, não tinha esse órgão.

Semana Mundial da Água: Apenas 4% dos 294 pontos monitorados em rios da Mata Atlântica têm qualidade boa e 20% estão impróprios para uso , SOSMA


19/03/2018


Levantamento da SOS Mata Atlântica analisa qualidade da água em 102 municípios dos 17 estados da Mata Atlântica. Resultado preocupa especialistas
Tietê, São Francisco, Iguaçu, Capibaribe, Parnaíba, Sinos e Doce são alguns dos grandes rios brasileiros monitorados pelo estudo
Na semana em que o Brasil sedia o Fórum Mundial da Água, a Fundação SOS Mata Atlântica apresenta um panorama sobre a qualidade da água de 230 rios, córregos e lagos do bioma. Apenas 4,1% (12) dos 294 pontos de coleta avaliados possuem qualidade de água boa, enquanto 75,5% (222) estão em situação regular e 20,4% (60) com qualidade ruim ou péssima. Isso significa que em 96% dos pontos monitorados a qualidade da água não é boa e está longe do que a sociedade quer para os rios. Nenhum dos pontos analisados foi avaliado como ótimo.
O levantamento foi realizado em 102 municípios dos 17 estados da Mata Atlântica, além do Distrito Federal, entre março de 2017 e fevereiro de 2018. Os dados foram obtidos por meio de coletas e análises mensais de água realizadas por 3,5 mil voluntários do programa “Observando os Rios”, com supervisão técnica da Fundação SOS Mata Atlântica. O projeto tem patrocínio da Ypê e Coca-Cola Brasil e o estudo completo, com a lista dos rios avaliados, está disponível em: http://bit.ly/2DmdBJH.
Relatório 2018_1
“Os resultados apontam a fragilidade da condição ambiental dos principais rios da Mata Atlântica e a urgência de incluir a água na agenda estratégica do Brasil. Rios e águas contaminados são reflexo da ausência de saneamento ambiental, gestão e governança”, afirma Malu Ribeiro, coordenadora do estudo e especialista em Água da Fundação SOS Mata Atlântica.
Segundo Malu, a qualidade da água doce superficial é muito suscetível às condições ambientais, às variações e impactos do clima, aos usos do solo e às atividades econômicas existentes na bacia hidrográfica. Sendo assim, a água está diretamente ligada à conservação da Mata Atlântica, à sustentabilidade dos ecossistemas, à saúde e atividades econômicas da população que vive no bioma.
Para Marcia Hirota, diretora executiva da Fundação SOS Mata Atlântica, esse levantamento é uma contribuição da sociedade, representada pelos voluntários do projeto, ao aprimoramento de políticas públicas que impactam na gestão da água limpa para todos. “Ao reconhecer os rios como espelhos da qualidade ambiental das cidades, regiões hidrográficas e países, conseguimos identificar rapidamente os valores da sua comunidade, a condição de saúde na bacia e de desenvolvimento“, completa.
Comparativo 2017-2018
O estudo comparou os resultados do monitoramento de 188 pontos fixos de coletas, distribuídos por 11 estados – Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo –, além do Distrito Federal. Foram consideradas as médias dos indicadores mensais do ciclo 2017 (março de 2016 a fevereiro de 2017) e do ciclo 2018 (março de 2017 a fevereiro de 2018).
Relatório 2018_2
“A qualidade da água dos rios das bacias da Mata Atlântica permaneceu estável nesse ciclo de pouca chuva e não houve evolução significativa dos indicadores em relação ao ciclo anterior”, ressalta Malu Ribeiro.
O destaque para os dados positivos na evolução dos indicadores comparativos é a estabilidade dos níveis de qualidade de água boa em 5 pontos de monitoramento. Todos localizados em áreas protegidas da Mata Atlântica. Já em 16 pontos de coleta sem proteção de mata nativa os dados demonstraram impacto significativo, com perda de qualidade da água.
“Ainda estamos distantes do que a sociedade necessita para segurança, mas conseguimos diminuir de 7 pontos com qualidade péssima em 2015 para 1 neste ano. No entanto, para que os indicadores reunidos nesse estudo possam se traduzir em metas progressivas de qualidade da água nos milhares de rios e mananciais das nossas bacias hidrográficas, é fundamental que a Política Nacional de Recursos Hídricos seja implementada em todo território nacional, de forma descentralizada e participativa, e que a norma que trata do enquadramento dos corpos d’água seja aprimorada, excluindo os rios de classe 4 da legislação brasileira“, conclui. A classe 4 na prática permite a existência de rios mortos por ser extremamente permissiva em relação a poluentes e mantém muitos em condição de qualidade péssima ou ruim, indisponíveis para usos.
Trabalho em parceria
Waldir Beira Júnior, Presidente Executivo da Ypê, celebra a parceria de três anos com a Fundação SOS Mata Atlântica no projeto Observando os Rios. “A parceria permite ecoar o cuidado e o respeito de nossa empresa ao meio ambiente a cada um dos 230 rios monitorados pelos engajados voluntários. A Ypê oferece a seus consumidores produtos de alta qualidade e que possuem uma ótima relação custo x benefício – além de uma pegada sustentável, gerando transformação positiva enquanto cuida. Em todos os seus processos a Ypê se preocupa e trabalha com inúmeras iniciativas que visam evitar a geração de efluentes e desperdícios”, afirma.
Sobre o Observando os Rios
O programa surgiu em 1991, com uma campanha que reuniu 1,2 milhão de assinaturas em prol da recuperação do Rio Tietê e originou o primeiro projeto de monitoramento da qualidade da água por voluntários, o “Observando o Tietê”. Para agregar outras bacias hidrográficas, a iniciativa foi ampliada e passou a se chamar “Observando os Rios”. Nessa fase, com o patrocínio da Ypê e Coca-Cola Brasil, o projeto conta com 3,5 mil voluntários que monitoram 230 rios nos 17 estados da Mata Atlântica 17 estados do bioma Mata Atlântica – Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo –, e Distrito Federal.