sexta-feira, 23 de março de 2018

O tombo dos juros e seus impactos, OESP



Há a a redução do retorno das aplicações financeiras e, aí, o que faz o investidor?






Celso Ming, O Estado de S.Paulo
22 Março 2018 | 21h00
A forte derrubada da inflação é o principal indicador entre os que medem o desempenho da economia que atesta a solidez da recuperação.
Inflação ao redor de 3%, pelo segundo ano consecutivo, numa situação em que os preços estão inteiramente soltos e não há quaisquer atrasos nos reajustes, tem de ser considerada importante alavancadora de novos negócios.
Os juros básicos (Selic) mergulharão no dia 16 de maio para abaixo dos 6,5%, como indicou o Banco Central após a reunião do Copom na quarta-feira. É verdade que, na ponta do crédito, a queda dos juros ainda está bem atrasada. A principal explicação para isso é a ainda forte inadimplência que obrigou os bancos a reforçar provisões e, assim, enfrentar atrasos e calotes dos clientes. Mas é inevitável que, cedo ou tarde, o custo do crédito aos clientes dos bancos também caia e sejam estimulados investimentos na atividade econômica, por conta de custos de crédito mais baixos.

Outra consequência importante é a redução do retorno das aplicações financeiras. Ficaram para trás os tempos em que um dinheiro aplicado em renda fixa praticamente sem risco proporcionou excelente retorno real. Uma conta simplificada mostra que com juros de 6,5% ao ano, o retorno real em aplicações de renda fixa tende a ser inferior a 1% ao ano. Desses 6,5% ao ano têm de ser descontados a inflação de 3,0%, o Imposto de Renda e, no caso dos fundos de investimento oferecidos pelos bancos de varejo a pequenos investidores, a elevada taxa de administração.
É um resultado que empurra os aplicadores à renda variável e, portanto, para mais risco (veja mais no Confira). Já os empreendedores tendem a aplicar mais recursos em seus negócios do que a deixá-los no pinga-pinga da renda fixa.
No Brasil, muitos fundos de investimento de renda fixa têm taxas de administração superiores a 1% ao ano. Quando a inflação era de 10%, essa taxa comia 10% do rendimento nominal. Mas agora, a garfada tende a ser superior a 35%, o que caracteriza apropriação indébita de patrimônio alheio. O aplicador deve fugir dos fundos de investimento de renda fixa que cobram taxa de administração superior a 1%.
A opção por aplicações em renda variável, tanto diretamente em ações como em fundos multimercado, pode, assim, ficar inevitável. Nesse caso, o aplicador tem de contar com os solavancos das cotações, próprios do segmento.
Quando se fala em opções de aplicação de reservas em dinheiro se pergunta: por que não o mercado imobiliário? No momento, o principal fator inibidor é o mau estado das finanças da Caixa Econômica, depois de alguns anos de dilapidação promovida pelos administradores anteriores, cujo critério de utilização dos ativos era majoritariamente determinado por politicagem. Explica-se: a Caixa é o principal agente de financiamento de casa própria no País e, se suas finanças estão em desordem, não vale contar com sólida recuperação do mercado imobiliário.
Enfim, não haverá moleza aos aplicadores de reserva pessoal ou familiar no mercado financeiro.
CONFIRA:

» O desempenho da Bolsa
O mercado de ações mostra a maior procura por renda variável. O Índice Bovespa, que mede o comportamento das ações mais importantes, já havia avançado 26,8% em 2017. Neste ano (até quinta-feira), registrou valorização de 10,9%, mostrando forte apetite dos investidores. Fica raquítico o retorno das aplicações em renda fixa quando em comparação ao segmento de ações. O que pode inibir novos avanços são eventuais trombadas na área política que apontem para ainda maior desorganização das contas públicas.

Programa em Goiás incentiva usinas solares, FSP

Luiz Antônio del Tedesco
SÃO PAULO
Em Goiás, apesar de a biomassa ser a grande fonte de energia renovável —à parte as usinas hidrelétricas—, a energia solar também tem atraído a atenção do governo local.

O estado tem incentivado projetos nessa área desde 2011, mas as iniciativas eram até então muito isoladas. Em 2016, em busca de um projeto mais abrangente, o governo promoveu encontros entre empresários e universidades para discutir o tema. Surgiu daí, em fevereiro de 2017, o programa de incentivo Goiás Solar. 
A usina fotovoltaica da fazenda Figueiredo, em Cristalina, em Goiás, usa painéis solares flutuantes
A usina fotovoltaica da fazenda Figueiredo, em Cristalina (GO), usa painéis solares flutuantes - Divulgação
Apesar de partir de números muito pequenos, já que a participação da energia solar na matriz energética do Brasil é insignificante, com menos de 0,1%, o crescimento dessa fonte de energia em Goiás neste primeiro ano de vida do programa impressiona.
Em fevereiro do ano passado, havia no estado cerca de 170 usinas solares, que produziram 1.300 kW naquele mês. Em dezembro já foram cerca de 7.000 kW produzidos. O balanço de fevereiro deste ano mostra que a produção ultrapassou 8.500 kW e que as usinas se multiplicaram —já são 605 em atividade.
Com isso, Goiás passou do 16º para o 8º lugar entre os estados na geração de energia solar no Brasil. E registrou dois recordes.
Em junho de 2017, foram instaladas 2.800 placas sobre o telhado de um supermercado atacadista em Goiânia. Os cerca de 8.000 m² ocupados pelos painéis representam a maior usina fotovoltaica em área urbana do Brasil e vão gerar por ano 1.500 MWh, ou 40% da demanda da loja.
Já em Cristalina, a cerca de 130 km de Brasília, a fazenda Figueiredo, que produz 23 mil litros de leite por dia, é a primeira do país a ter uma usina fotovoltaica flutuante. Além de gerar energia capaz de suprir a demanda de 170 casas populares, as placas flutuantes reduzem em 70% a evaporação do lago.
Há ainda outra vantagem. “Pode parecer estranho, mas as placas solares não gostam de calor, elas gostam de luz. Então, devido ao resfriamento natural provocado pela água do lago, os painéis flutuantes acabam tendo eficiência 14% superior à dos painéis colocados no chão ou em telhados”, diz Rodrigo Costa Silveira, gerente de energia e telecomunicações da Secima (secretaria de meio ambiente de Goiás). 

quinta-feira, 22 de março de 2018

Incentivos a carros elétricos podem prejudicar arrecadação dos Estados, diz Fitch, OESP

Altamiro Silva Junior, O Estado de S.Paulo
22 Março 2018 | 15h36
Incentivos tributários do governo para reduzir o custo dos carros elétricos no Brasil podem ter impacto negativo na arrecadação de Estados e municípios, alerta a agência de classificação de risco Fitch Ratings nesta quinta-feira, 22, ao comentar o Rota 2030, um programa de estímulo para o setor automotivo que prevê a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para carros elétricos de 27% para 7%.
Carro elétrico
Agência de risco alertou para potencial impacto na arrecadação que incentivo tributário para carro elétrico poderia causar Foto: Sérgio Castro/Estadão
Os carros elétricos no Brasil respondem por menos de 1% dos veículos leves, destaca a Fitch. Assim, o impacto de curto prazo na receitas dos Estados e municípios com a decisão do governo seria pequeno. No entanto, se o incentivo fiscal alterar o padrão de venda desses veículos, há potencial para um impacto mais significativo na arrecadação, ressalta relatório da agência.
Além da menor arrecadação por conta da alíquota menor do IPI, a Fitch ressalta que no médio prazo o incentivo do governo para carros elétricos pode afetar também a receita vinda dos impostos sobre combustíveis, como o etanol e a gasolina. O Rio de Janeiro seria o Estado mais exposto neste caso, pois depende muito dos royalties do petróleo, que devem garantir US$ 2,6 bilhões ao cofres cariocas este ano - cerca de 10% da arrecadação total.
A previsão da Fitch é que os Estados menores, do Norte e Nordeste, tenham os primeiros impactos na arrecadação da redução do IPI, na medida em que são mais dependentes deste tributo. Estes Estados também são os que possuem menor autonomia fiscal, na medida em que tributos como o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) respondem por menos 50% das receitas próprias. Para os Estados maiores, como São Paulo, Santa Catarina e Paraná, o ICMS responde por 70% da receita total e os royalties do petróleo não são importantes para estas regiões, ressalta a Fitch.
De acordo com estimativas da Fitch, tributos sobre os combustíveis respondem por 18% da arrecadação com ICMS, o equivalente a US$ 24 bilhões por ano. Já a taxa sobre energia elétrica está ao redor de 13% das receitas com o ICMS para os Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.