“O Fórum mostrou que está comprometido com melhorar o estado do mundo, conquanto nada mude realmente.” |
O ano de 2015, em termos de destinos planetários, aparece como chave para mudanças sempre adiadas. Os nossos desafios são hoje mais do que estudados e explicitados, tanto em termos de diagnóstico como de remédios. O aquecimento global terá reuniões decisivas em Paris, e estamos no limite. Envolve nada menos do que a mudança da matriz energética que carregou as inovações do século XX. Em Nova Iorque iremos desenhar os novos rumos do planeta em termos de Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Em Addis Abeba iremos traçar diretrizes para o financiamento das novas orientações.
O grande avanço que se constata por enquanto, é o da tomada de consciência da catástrofe em câmara lenta que se desenha. O mundo produz hoje o equivalente a 8 mil reais de bens e serviços por mês por família de 4 pessoas, o suficiente para uma vida digna e confortável para todos. Mas 1,3 bilhões de pessoas estão sem acesso à luz elétrica, e por tanto excluídas do mundo moderno. A fome atinge 800 milhões de pessoas, das quais 180 milhões de crianças, isto quando grande parte dos grãos do planeta são destinados a produzir ração animal e mover carros de luxo. A WWF mostrou que entre 1970 e 2010, em 40 anos, conseguimos destruir 52% da vida vertebrada da terra, rios e oceanos. Desmatamento, contaminação do solo e das águas e tantas outras mazelas se acumulam em escala planetária. Mas não temos governo em escala planetária.
Com problemas em escala global e governança fragmentada entre 192 Estados que brigam por vantagens pontuais, temos hoje um desajuste estrutural entre a dimensão dos desafios e os instrumentos de decisão. Assim, com um certo recuo, vemos como patéticas reuniões como os G8, G20, conferências internacionais de diversos tipos onde se constata, de ano para ano, os mesmos dramas e a mesma impotência. Davos trouxe o esperado: Ban Ki Moon falou do desafio climático, François Hollande do terrorismo, a Oxfam trouxe o drama da desigualdade para uma plateia que justamente a gera e aprofunda: 80 famílias detêm uma riqueza maior do que a metade mais pobre do planeta. São essencialmente intermediários financeiros.
Este clube dos ricos e poderosos traz à mente as antigas reuniões dos coroados em Viena, com bailes e champanhe, se sentindo os donos do mundo, sem ver a desagregação em curso. A consciência avança, sem dúvida, e até as transnacionais começaram a se preocupar. Mas a janela de tempo para iniciativas muito mais sérias está se fechando.
O grande avanço que se constata por enquanto, é o da tomada de consciência da catástrofe em câmara lenta que se desenha. O mundo produz hoje o equivalente a 8 mil reais de bens e serviços por mês por família de 4 pessoas, o suficiente para uma vida digna e confortável para todos. Mas 1,3 bilhões de pessoas estão sem acesso à luz elétrica, e por tanto excluídas do mundo moderno. A fome atinge 800 milhões de pessoas, das quais 180 milhões de crianças, isto quando grande parte dos grãos do planeta são destinados a produzir ração animal e mover carros de luxo. A WWF mostrou que entre 1970 e 2010, em 40 anos, conseguimos destruir 52% da vida vertebrada da terra, rios e oceanos. Desmatamento, contaminação do solo e das águas e tantas outras mazelas se acumulam em escala planetária. Mas não temos governo em escala planetária.
Com problemas em escala global e governança fragmentada entre 192 Estados que brigam por vantagens pontuais, temos hoje um desajuste estrutural entre a dimensão dos desafios e os instrumentos de decisão. Assim, com um certo recuo, vemos como patéticas reuniões como os G8, G20, conferências internacionais de diversos tipos onde se constata, de ano para ano, os mesmos dramas e a mesma impotência. Davos trouxe o esperado: Ban Ki Moon falou do desafio climático, François Hollande do terrorismo, a Oxfam trouxe o drama da desigualdade para uma plateia que justamente a gera e aprofunda: 80 famílias detêm uma riqueza maior do que a metade mais pobre do planeta. São essencialmente intermediários financeiros.
Este clube dos ricos e poderosos traz à mente as antigas reuniões dos coroados em Viena, com bailes e champanhe, se sentindo os donos do mundo, sem ver a desagregação em curso. A consciência avança, sem dúvida, e até as transnacionais começaram a se preocupar. Mas a janela de tempo para iniciativas muito mais sérias está se fechando.
Ladislau Dowbor
Professor PUC-SP
Professor PUC-SP