JUCA NA COPA
Jamais a seleção brasileira sofreu um massacre semelhante, nunca foi tão humilhada
DA ESTRELA de David Luiz para o inferno de Dante, e de seus companheiros, foi um passo. Ou melhor, cinco. Cinco passos, cinco passes, cinco gols em menos de meia hora numa semifinal de Copa do Mundo em casa!
Entre tantas exclusividades que o futebol brasileiro amealhou em sua portentosa história, agora há mais uma, acachapante.
Claro que a culpa não foi de Dante, mas ele, na defesa vazada sete vezes, e Bernard, no ataque inoperante, foram as novidades de Felipão, que agora apanhará feito boi ladrão porque resolveu atacar em vez de defender.
A vida é assim. Nós, brasileiros, que detestamos a prudência dos três volantes, regredimos tanto no futebol de fantasia que já foi jogado por aqui que invertemos as prioridades.
Se o cartola da CBF falou em ir para o inferno em caso de derrota, esperemos que de lá ele não volte e que os que ficarem por aqui entendam que a derrota tem de servir para fazer desta merecida lição a base para novos tempos, como os alemães fizeram depois da Copa deles, em 2006, no saneamento das finanças dos clubes, na presença dos torcedores nos estádios, na execução do jogo limpo e bonito e na punição aos corruptos, porque corruptos também há por lá, mas punidos sempre que pegos, como aconteceu com o presidente do Bayern Munique.
Os 5 a 0 do primeiro tempo, como uma homenagem aos pentacampeões, um gol para cada título, soaram tão espantosos que ensinaram que a humilhação dói menos que o golpe inesperado, como o de 1950, no Maracanã.
Convenhamos que, por mais que o futebol permita tudo, que piores ganhem de melhores e que a esperança é sempre a última que morre, se a frustração de 50 foi uma surpresa, a derrota de agora era meio que inevitável, embora não por 7 a 1, algo tão inverossímil que até parece mesmo conta de mentiroso.
Jamais havia visto um estado de tamanha perplexidade num estádio e não apenas entre os derrotados. Os vencedores também não esperavam tamanha facilidade, tanta que ficou constrangedor comemorar.
Castigo pior só o de ter de conviver com o Brasileirão daqui a uma semana se a lição que nossos treinadores tirarem desta bela Copa de gols e goleiros seja a de jogar atrás para não tomar de sete, em vez de jogar na frente para fazer sete.
Que Dilma Rousseff, ao menos, comece desde já a reforma que prometeu ao Bom Senso FC, porque é evidente que trocar Marin por Del Nero não renova coisa alguma, como não renovará a mera troca de técnicos da seleção.
O resto, como diria Felipão, que vá para o inferno.