sábado, 5 de outubro de 2013

Tiro n'àgua


Lei que proíbe armas de brinquedo não acerta no alvo correto: a questão da agressividade e da desvalorização do outro em nossa sociedade

28 de setembro de 2013 | 14h 57

Ana Mercês Bahia Bock
 - Estadão
Estadão
Quando nascemos, nascemos candidatos à humanidade, e é o contato com objetos da cultura, mediado pelos adultos que nos oferecem as significações, que nos humaniza.

Assim, quando nos preocupamos com as armas de brinquedo, devemos lembrar que a questão da socialização/humanização não está somente nos objetos, mas também na mediação produzida pelo adulto, ou seja, nas significações que são transmitidas nas relações sociais. Não é o simples contato material com um livro que nos faz leitores ou inteligentes, mas sim a convivência com eles, tratados de modo positivo e valorizado, sendo objeto de conversa e troca, enfim, livros que circulam e convivem conosco material e simbolicamente. Da mesma forma, não é o mero contato com armas de brinquedo que vai gerar agressividade ou violência.

As coisas não se passam assim tão direta e cruamente. Relacionamo-nos, ao mesmo tempo, com muitos objetos e com muitos adultos. Significações, valores, uso dos objetos, situações, cenários, vivências, sentidos subjetivos constituídos, tudo isso se relaciona no processo de humanização/socialização de cada um. Com isso, estamos querendo defender a ideia de que não se pode tomar a questão do uso das armas de brinquedo de forma simplificada, ou seja, tomá-las como o aspecto fundamental e único para compreender a agressividade para com o outro. Seria naturalizar a questão, absolutizando apenas um aspecto do problema. 

O ponto crucial nessa discussão parece ser a agressividade que vemos acontecer nas relações. O outro é nosso parceiro social, mas não tem sido visto assim. Tem sido desvalorizado, podendo mesmo receber um tiro de brincadeira ou não. É com essa visão do outro que deveríamos nos preocupar.

Mas e as armas de brinquedo que se pareçam com as armas de verdade? Deve-se permitir ou não sua venda? A questão é boa, pois pode nos colocar frente ao problema da violência e da desvalorização do outro, em curso em nossa sociedade.

O que é mais nocivo na desvalorização do outro: ter uma arma de brinquedo ou ter uma boneca loira em um país em que mais de 50% das pessoas são negras? Brincar apenas com objetos fúteis da cultura ou ter carrinhos e monstros  que batem e destroem? Jogar games violentos e assistir a filmes de heróis que, em defesa de uma causa justa, destroem e matam ou assistir aos nossos telejornais no seu empreendimento bem-sucedido de banalizar a violência, desrespeitando os direitos das pessoas envolvidas?

Ou seja, a questão da agressividade e da desvalorização do outro é que tem de ser pensada. Devemos enfrentar o debate sobre a agressividade em nosso meio, sem tomá-la como um aspecto natural do humano. Devemos nos perguntar, cotidianamente: onde a temos construído?

Em muitas ocasiões e lugares. No trânsito, por exemplo: carros dirigidos por pessoas que não vemos, dados os vidros escuros; estacionamentos onde disputamos uma vaga; raiva dos ônibus que cruzam em nossa frente sem nos darmos conta que somos apenas uma pessoa e ali há um coletivo; na forma ostensiva da polícia, impondo poder pelo medo; na humilhação de parte de nossa população, parte essa que, muitas vezes, está em nossas casas trabalhando; nas relações de trabalho onde impera a ideia do ganhar ou morrer; nos corredores dos hospitais, onde pessoas morrem sem socorro. Vidas que valem mais que outras.

Cabe ainda em nossa reflexão pensar que as pessoas que cometem atos violentos também são humanizadas nesse mesmo espaço social. Nós, muitas vezes, preferimos vê-los como alguém que não é humano. Jogamos para baixo do tapete a discussão essencial: quem é o outro para nós? 

Tudo isso acompanha o uso da arma de brinquedo, assim como o uso das inocentes panelinhas nas quais se brinca de fazer papinha para as bonecas. Todos esses elementos convivem na subjetividade de nossas crianças, que estão se humanizando.

A arma de brinquedo pode ser um bom instrumento para ensinar, a nossas crianças, o valor da existência do outro. Muitas vezes, pode ser com uma arma que a criança aprende que não se pode matar, ou mesmo aprende o efeito do uso da arma. Mas, se não vamos ensinar as significações das coisas (da importância e valor do outro, nosso parceiro social), é melhor proibirmos as armas. É sempre bom lembrar que não foram as armas que produziram humanos violentos, mas ao contrário: primeiro planejamos destruir o outro e aí inventamos as armas. Isso é importante porque, ao retirarmos as armas e não relacionarmos a ação a um conjunto de preocupações e estratégias, inventaremos outras armas.

As crianças farão seus revólveres com madeira e sucata se eles não estiverem nas lojas – talvez um bom começo, que propicia uma relação com o objeto mais reflexiva. Temos, como sociedade, nos empenhado tanto na defesa das árvores, da água, do urso panda, do mico-leão-dourado e das baleias. O que acontece? Desistimos das criaturas de nosso tempo? Mãos ao alto: um alerta para todos. 

*Ana Mercês Bahia Bock é psicóloga social e educacional, professora na PUC-SP e diretora do Instituto Silvia Lane de Psicologia e Compromisso Social

A nova fronteira do agronegócio


Soja e milho chegam com força ao nordeste de Mato Grosso

15 de setembro de 2013 | 2h 15

MAURO ZANATTA / TEXTOS, FOTOS, ENVIADO ESPECIAL, CONFRESA, QUERÊNCIA (MT) - O Estado de S.Paulo
Estrada perdida, vila fantasma, vale dos esquecidos. Os adjetivos usados por três décadas para resumir a incômoda realidade do Vale do Araguaia, no nordeste de Mato Grosso, já não cabem mais na rotina da última fronteira agrícola do Brasil. A área cortada pela BR-158 vive um boom econômico sem precedentes. A conversão em larga escala de áreas de pastagem degradadas em exuberantes lavouras de soja e milho estimula uma corrida de grandes grupos privados multinacionais e brasileiros para a região da tríplice divisa com o Pará e o Tocantins.
Mesmo com logística deficiente e serviços públicos ainda precários, a microrregião de 25 municípios ajudou a sustentar o inesperado crescimento do PIB do 2.º trimestre deste ano. O agronegócio respondeu por um terço do surpreendente avanço de 1,5% apurado pelo IBGE.
Pioneiros e recém-chegados, produtores consolidam áreas de tecnologia e maquinários ultramodernos movidos pelos altos preços das commodities das últimas cinco safras.
A região acelera em ritmo empresarial na soja e no milho sem expulsar as centenas de milhares de cabeças de gado. Ao contrário, passou a adotar a integração lavoura-pecuária para ocupar o solo todo o ano e "colher" a "terceira safra" de proteína animal - 2,3 milhões de hectares de pastos devem virar áreas de grãos. Há bolsões com problemas ambientais, fundiários e disputa por terras com índios do Xingu.
A região cresce bem acima da média nacional em demanda por crédito, máquinas, insumos e ampliação da área plantada. Em Confresa, principal polo regional no eixo norte da inacabada rodovia, por exemplo, o Banco do Brasil elevou em 2.000% seus negócios rurais nos últimos cinco anos. Na vizinha Porto Alegre do Norte, onde há vários gigantes do agronegócio, foram 2.500% adicionais. Em alguns anos, Querência deve alcançar o município "campeão mundial", Sorriso, encostando em 500 mil hectares de área plantada com soja. "Tudo está mudando muito rapidamente. E os grupos consolidados estão atrás de oportunidades", diz o paranaense Edio Brunetta, sócio da Itaquerê, dona de 50 mil hectares de soja e milho e de 20 mil bois.
Disputa. As maiores tradings e indústrias de insumos agrícolas já chegaram e ampliam de forma acelerada sua presença nas principais áreas. ADM, Bunge, Cargill, Louis Dreyfus, Los Grobo e Glencore disputam espaço com Amaggi, Caramuru, Bom Futuro e Sinagro. A Fertilizantes Tocantins concluiu neste mês um investimento de R$ 25 milhões num complexo fabril em Querência.
A concessionária regional da americana Case já tem o quarto maior faturamento do Brasil, acima de R$ 200 milhões anuais. A canadense Mbac investirá US$ 385 milhões até 2015 em uma jazida de fosfato para suprir a demanda de Mato Grosso e Pará. A SLC Agrícola fez uma joint venture com a Agropecuária Roncador, maior fazenda da região, com 150 mil hectares, ligada ao Grupo Serveng.
Há uma corrida pela construção de armazéns e silos gigantescos para guardar as safras, driblando momentos ruins do dólar ou dos preços externos. "A chegada do linhão de energia mudou tudo", diz o secretário de Planejamento de Confresa, o veterinário paraibano José Pereira. Em quatro anos, o município, que ostenta título de maior assentamento rural do País, saiu de 4 mil para 70 mil hectares de lavouras. "E nosso potencial é 260 mil."
O dinamismo do campo tem impulsionado as pacatas cidades da região. Não há mão de obra suficiente para erguer casas, prédios e comércios. Hotéis e agências bancárias estão sempre lotadas.
Restaurantes, postos de combustível, farmácias, supermercados e lanchonetes brotam por toda parte. Caminhonetes de todos os modelos lotam as ruas empoeiradas e ainda sem semáforos das cidades. O frenesi também é intenso na vida noturna. "As cidades estão em plena transformação", atesta Maurício Tonhá, dono da Estância Bahia, cujo leilão de gado, considerado o maior do gênero no mundo, comercializou 33 mil bois em Água Boa.
Grandes fazendas próximas da área urbana viram loteamentos. E a especulação chegou com força. Em Querência, dois empreendimentos oferecem lotes a R$ 30 mil a unidade. Em área nobre, pode valer até R$ 300 mil. Uma casa de alto padrão passa de R$ 1 milhão. Ainda assim, o cartório de registro de imóveis aponta crescimento de 20% ao ano na emissão de escrituras.
Os preços da terra e de terrenos decuplicaram em três ou quatro anos. Na área rural, um hectare em produção custa R$ 40 mil a R$ 50 mil. No início dos anos 2000, valia menos de US$ 200. E há quem peça R$ 80 mil à vista.
Apagões. As dores do crescimento já são visíveis. Com tanta agroindústria em instalação, a energia chegada há cinco anos dá sinais de exaustão. Apagões são comuns, até nas telecomunicações. "Ficamos horas sem internet. Sem isso, não emito nota e o pátio fica com 50 caminhões na fila", diz o gerente regional da Tocantins, Gleyson Ferreira. Para resolver, um ramal de fibra óptica custará R$ 240 mil à empresa.
As novas levas de migrantes também enfrentam o drama da saúde pública. Hospitais não têm especialistas, só clínicos gerais, mesmo com oferta salarial de R$ 30 mil mensais.
Casos graves têm de ir a Cuiabá, a 1,4 mil km. Nenhum inscrito no Mais Médicos optou por vir à região. Querência pediu três profissionais. Na segurança, algumas ocorrências policiais ligadas a tráfico de drogas passaram a preocupar os moradores. Mas o apagão de mão de obra talvez seja o principal entrave fora da infraestrutura. Todos reclamam. Indústria, comércio, serviços e, claro, também o agronegócio. O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) intensificou a formação e treinamento, chegando a 20,5 mil capacitados desde 2010 em 126 cursos. "Sem treinar, o investimento em máquinas modernas, por exemplo, pode ser neutralizado. Sem saber operar, não tira o máximo proveito", diz o presidente do sistema Famato/Senar, Rui Prado.
Em 2013, foram treinados 150 desses operadores, diz o supervisor regional Kleber Muller. Ainda assim, falta pessoal qualificado, no campo e nas cidades. "É nosso pior problema", diz o presidente da Associação Comercial de Confresa, Malaquias Danieli. A Tocantins oferece R$ 2,5 mil e mais cinco salários de bônus para um vendedor. "Mas não achamos gente com perfil", diz Gleyson Ferreira.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Estou fazendo a minha parte, por Arnaldo Jabor





- Brasileiro é um povo solidário. Mentira. Brasileiro é babaca.
Eleger para o cargo mais importante do Estado um sujeito que não tem escolaridade e preparo nem para ser gari, só porque tem uma história de vida sofrida;
Pagar 40% de sua renda em tributos e ainda dar esmola para pobre na rua ao invés de cobrar do governo uma solução para pobreza;

Aceitar que ONG's de direitos humanos fiquem dando pitaco na forma como tratamos nossa criminalidade...

Não protestar cada vez que o governo compra colchões para presidiários que queimaram os deles de propósito, não é coisa de gente solidária.
É coisa de gente otária.

- Brasileiro é um povo alegre. Mentira. Brasileiro é bobalhão.

Fazer piadinha com as imundices que acompanhamos todo dia é o mesmo que tomar bofetada na cara e dar risada.

Depois de um massacre que durou quatro dias em São Paulo, ouvir o José Simão fazer piadinha a respeito e achar graça, é o mesmo que contar piada no enterro do pai.
Brasileiro tem um sério problema.
Quando surge um escândalo, ao invés de protestar e tomar providências como cidadão, ri feito bobo.

- Brasileiro é um povo trabalhador. Mentira.

Brasileiro é vagabundo por excelência.
O brasileiro tenta se enganar, fingindo que os políticos que ocupam cargos públicos no país, surgiram de Marte e pousaram em seus cargos, quando na verdade, são oriundos do povo.

O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado ao ver um deputado receber 20 mil por mês, para trabalhar 3 dias e coçar o saco o resto da semana, também sente inveja e sabe lá no fundo que se estivesse no lugar dele faria o mesmo.

Um povo que se conforma em receber uma esmola do governo de 90 reais mensais para não fazer nada e não aproveita isso para alavancar sua vida (realidade da brutal maioria dos beneficiários do bolsa família) não pode ser adjetivado de outra coisa que não de vagabundo.

- Brasileiro é um povo honesto. Mentira.

Já foi; hoje é uma qualidade em baixa.
Se você oferecer 50 Euros a um policial europeu para ele não te autuar, provavelmente irá preso.
Não por medo de ser pego, mas porque ele sabe ser errado aceitar propinas.

O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado com o mensalão, pensa intimamente o que faria se arrumasse uma boquinha dessas, quando na realidade isso sequer deveria passar por sua cabeça.


- 90% de quem vive na favela é gente honesta e trabalhadora. Mentira.

Já foi.
Historicamente, as favelas se iniciaram nos morros cariocas quando os negros e mulatos retornando da
Guerra do Paraguai ali se instalaram.
Naquela época quem morava lá era gente honesta, que não tinha outra alternativa e não concordava com o crime.
Hoje a realidade é diferente.
Muito pai de família sonha que o filho seja aceito como 'aviãozinho' do tráfico para ganhar uma grana legal.
Se a maioria da favela fosse honesta, já teriam existido condições de se tocar os bandidos de lá para fora, porque podem matar 2 ou 3 mas não milhares de pessoas.
Além disso, cooperariam com a polícia na identificação de criminosos, inibindo-os de montar suas bases de operação nas favelas.

- O Brasil é um pais democrático. Mentira.

Num país democrático a vontade da maioria é Lei.
A maioria do povo acha que bandido bom é bandido morto, mas sucumbe a uma minoria barulhenta que se apressa em dizer que um bandido que foi morto numa troca de tiros, foi executado friamente.

Num país onde todos têm direitos mas ninguém tem obrigações, não existe democracia e sim, anarquia.
Num país em que a maioria sucumbe bovinamente ante uma minoria barulhenta, não existe democracia, mas um simulacro hipócrita.
Se tirarmos o pano do politicamente correto, veremos que vivemos numa sociedade feudal: um rei que detém o poder central (presidente e suas MPs), seguido de duques, condes, arquiduques e senhores feudais (ministros, senadores, deputados, prefeitos, vereadores).
Todos sustentados pelo povo que paga tributos que têm como único fim, o pagamento dos privilégios do poder. E ainda somos obrigados a votar.


Democracia isso? Pense !

O famoso jeitinho brasileiro.
Na minha opinião, um dos maiores responsáveis pelo caos que se tornou a política brasileira.
Brasileiro se acha malandro, muito esperto.
Faz um 'gato' puxando a TV a cabo do vizinho e acha que está botando pra quebrar.

No outro dia o caixa da padaria erra no troco e devolve 6 reais a mais, caramba, silenciosamente ele sai de lá com a felicidade de ter ganhado na loto.... malandrões, esquecem que pagam a maior taxa de juros do planeta e o retorno é zero. Zero saúde, zero emprego, zero educação, mas e daí?
Afinal somos penta campeões do mundo né?? ?
Grande coisa...

O Brasil é o país do futuro. Caramba , meu avô dizia isso em 1950. Muitas vezes cheguei a imaginar em como seria a indignação e revolta dos meus avôs se ainda estivessem vivos.
Dessa vergonha eles se safaram...
Brasil, o país do futuro !?
Hoje o futuro chegou e tivemos uma das piores taxas de crescimento do mundo.

Deus é brasileiro.
Puxa, essa eu não vou nem comentar...

O que me deixa mais triste e inconformado é ver todos os dias nos jornais a manchete da vitória do governo mais sujo já visto em toda a história brasileira.

Para finalizar tiro minha conclusão:



O brasileiro merece! Como diz o ditado popular, é igual mulher de malandro, gosta de apanhar. Se você não é como o exemplo de brasileiro citado nesse e-mail, meus sentimentos amigo, continue fazendo sua parte, e que um dia pessoas de bem assumam o controle do país novamente.
Aí sim, teremos todas as chances de ser a maior potência do planeta.
Afinal aqui não tem terremoto, tsunami nem furacão.
Temos petróleo, álcool, bio-diesel, e sem dúvida nenhuma o mais importante: Água doce!

Só falta boa vontade, será que é tão difícil assim?