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revista sobre desperdício de alimentos
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
O conteúdo do EcoDesenvolvimento.org está sob Licença Creative Commons. Para o uso dessas informações é preciso citar a fonte e o link ativo do Portal EcoD. http://www.ecodesenvolvimento.org/posts/2013/setembro/agricultura-nacional-pode-sofrer-prejuizo-anual-de?tag=clima#ixzz2eazWfpTx Condições de uso do conteúdo Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives Agricultura nacional pode sofrer prejuízo anual de R$ 7 bilhões com mudanças climáticas
A vazão de importantes rios do país (como o Tocantins) e o abastecimento de lençóis freáticos, responsáveis pelo fornecimento de água potável para a população, poderão ser comprometidos se a temperatura subir até 6 ºC nas próximas décadas e o volume de chuvas diminuir, conforme cenário do primeiro relatório de avaliação elaborado pelo Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), divulgado na segunda-feira, 9 de setembro, em São Paulo.
O documento, que considera que os níveis de emissões de gases causadores de efeito estufa permaneçam altos, alerta que a agricultura e o setor de energia do Brasil poderão ser fortemente impactados, sob risco de queda brusca do Produto Interno Bruto (PIB) e constantes crises que envolvem o abastecimento energético e de segurança alimentar.
Dividido em três volumes, o documento feito por 350 cientistas de diversas instituições conta com dados coletados com a ajuda do Modelo Brasileiro do Sistema Terrestre, primeiro sistema nacional de simulação do clima global, que incluiu características detalhadas do Brasil e do continente sul-americano neste tipo de modelagem.
Perda de produtividade
Estudos utilizados pelo painel brasileiro para elaborar o relatório de avaliação apontam que as mudanças climáticas reduzirão a produtividade de quase todas as culturas agrícolas existentes no país atualmente. A previsão de perdas econômicas causadas por geadas e secas na agricultura gira em torno de R$ 7 bilhões anuais até 2020.
Previsões científicas apontam que, se nada mudar no cenário de emissões, nos próximos sete anos o plantio de soja perderia 20% de sua produtividade e 24% até 2050. Até este mesmo ano, a área plantada de arroz no Brasil pode retroceder 7,5%, a de milho 16% e o cultivo de algodão pode decrescer 4,7%. A safra de laranja também poderá ser prejudicada por doenças prejudiciais ao fruto.
Rio Tocantins, que passa por Goiás, Tocantins, Maranhão e Pará poderá ter uma redução de até 30% em seu escoamento e afetar a geração energética
Foto: deltafrut
O pesquisador da Embrapa e coordenador do volume que trata sobre Impactos, Vulnerabilidades e Adaptação às mudanças climáticas, Eduardo Assad, afirmou ao portal G1 que o café-arabica, importante variedade cultivada no país, também poderá sofrer com o calor. Plantado principalmente na região Sudeste (Minas Gerais lidera a produção), este grão não conseguirá se desenvolver em temperaturas acima de 34 ºC, oferecendo risco à expansão da cultura.
Variedades mais resistentes
Estima-se que até 2050 o clima influencie na perda de 10% de tudo o que for plantado no país. “A alternativa será trabalhar com variedades de café que tenham mais tolerância ao calor”, explica Assad. Apesar dos riscos à agricultura, ele comenta que o setor é o que tem planos de adaptação e mitigação mais avançados até o momento.
Em contrapartida, o calor pode beneficiar a cana-de-açúcar, planta muito resistente ao calor e à seca. A principal mudança no cultivo de cana ocorreria em São Paulo, onde haveria "transferência" da produção da região oeste para o leste do estado.
Os cenários mais pessimistas do estudo apontam que:
O documento, que considera que os níveis de emissões de gases causadores de efeito estufa permaneçam altos, alerta que a agricultura e o setor de energia do Brasil poderão ser fortemente impactados, sob risco de queda brusca do Produto Interno Bruto (PIB) e constantes crises que envolvem o abastecimento energético e de segurança alimentar.
Dividido em três volumes, o documento feito por 350 cientistas de diversas instituições conta com dados coletados com a ajuda do Modelo Brasileiro do Sistema Terrestre, primeiro sistema nacional de simulação do clima global, que incluiu características detalhadas do Brasil e do continente sul-americano neste tipo de modelagem.
Estima-se que até 2050 o clima influencie na perda de 10% de tudo o que for plantado no país
Os cientistas afirmam que o relatório não representa "o fim do mundo”. No entanto, advertem que, se a situação atual de emissões de gases permanecer e nada for feito pelo governo para prevenir eventos naturais extremos, a situação pode se agravar.Perda de produtividade
Estudos utilizados pelo painel brasileiro para elaborar o relatório de avaliação apontam que as mudanças climáticas reduzirão a produtividade de quase todas as culturas agrícolas existentes no país atualmente. A previsão de perdas econômicas causadas por geadas e secas na agricultura gira em torno de R$ 7 bilhões anuais até 2020.
Previsões científicas apontam que, se nada mudar no cenário de emissões, nos próximos sete anos o plantio de soja perderia 20% de sua produtividade e 24% até 2050. Até este mesmo ano, a área plantada de arroz no Brasil pode retroceder 7,5%, a de milho 16% e o cultivo de algodão pode decrescer 4,7%. A safra de laranja também poderá ser prejudicada por doenças prejudiciais ao fruto.
Rio Tocantins, que passa por Goiás, Tocantins, Maranhão e Pará poderá ter uma redução de até 30% em seu escoamento e afetar a geração energética
Foto: deltafrut
Variedades mais resistentes
Estima-se que até 2050 o clima influencie na perda de 10% de tudo o que for plantado no país. “A alternativa será trabalhar com variedades de café que tenham mais tolerância ao calor”, explica Assad. Apesar dos riscos à agricultura, ele comenta que o setor é o que tem planos de adaptação e mitigação mais avançados até o momento.
Em contrapartida, o calor pode beneficiar a cana-de-açúcar, planta muito resistente ao calor e à seca. A principal mudança no cultivo de cana ocorreria em São Paulo, onde haveria "transferência" da produção da região oeste para o leste do estado.
Os cenários mais pessimistas do estudo apontam que:
- agricultura pode perder até R$ 7 bilhões por ano com o clima;
- queda na produtividade do café, soja, arroz e outras culturas;
- redução de chuvas no Norte e Nordeste; aumento no Sul e Sudeste, com risco de inundações;
- risco para o abastecimento das águas subterrâneas;
- em todo o litoral, volume de pesca pode cair 6% em 40 anos.
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O Pensamento Conservador Democrático, Por Alcides Leite*
No Brasil, nenhum político gosta de ser chamado de conservador. Aqui, todos se consideram progressistas. No entanto, no espectro político nacional faz falta a existência de um partido democrático, verdadeiramente conservador, nos moldes do Partido Conservador da Grã-Bretanha e do Partido Republicano nos Estados Unidos. Toda democracia desenvolvida necessita de partidos políticos com ideário bem definido.
Mas quais seriam as características que definiriam o pensamento conservador? O pensador americano Russell Kirk (1918-1994), que foi o principal estudioso do conservadorismo moderno, afirmava que esta corrente de pensamento não é uma ideologia, é um estado mental, um tipo de caráter, uma forma de pensar a ordem social. Ele, no entanto, via características comuns entre os diversos movimentos conservadores. Estes atributos foram reunidos por ele numa espécie de decálogo do pensamento conservador, que resumo nos parágrafos seguintes. Em parênteses aparecem os princípios tratados em cada ponto.
Primeiro: (natureza humana) A natureza humana é constante e as verdades morais são permanentes. Uma sociedade governada pela crença em uma ordem natural permanente, por um forte senso de certo e errado, por convicções pessoais sobre justiça e honra, será uma boa sociedade, independentemente do arranjo político utilizado.
Segundo: (costumes, convenções e continuidade) São os costumes que permitem que as pessoas convivam pacificamente. É por meio da convenção que se evita contínuos confrontos entre direitos e deveres. Os conservadores preferem o mal que conhecem ao mal que não conhecem. Eles acreditam que ordem, justiça e liberdade são produtos resultantes de uma longa experiência social, ao longo de séculos de seleção, reflexão e sacrifício. A sociedade humana não é uma máquina para ser tratada mecanicamente.
Terceiro: (prescrição) Os conservadores acham que as pessoas de hoje são como anões nos ombros de gigantes, capazes de enxergar além de seus ancestrais somente devido à alta estatura daqueles que os precederam. Eles argumentam que é improvável que nós, os modernos, possamos fazer qualquer nova grande descoberta no campo da moral e da política. Para eles o individuo é tolo, mas a espécie é sábia.
Quarto: (prudência) Qualquer decisão pública deveria ser julgada pela sua provável conseqüência de longo prazo, não meramente pelas vantagens temporárias ou pela popularidade. Sendo a sociedade humana complexa, as soluções não podem ser simples se pretendem ser eficazes. Os conservadores dizem que eles agem somente após suficiente reflexão, tendo pesado as conseqüências. Reformas apressadas são tão perigosas como cirurgias apressadas.
Quinto: (diversidade) Os conservadores sentem afeição pela complexidade das instituições sociais e formas de vida estabelecidas ao longo do tempo, e as distinguem da estreita uniformidade dos sistemas radicais. Para eles, as únicas formas de igualdade são a igualdade perante a lei e perante o Juízo Final. Se diferenças naturais e institucionais forem destruídas, algum tirano ou uma espécie de oligarca criará novas formas de desigualdades.
Sexto: (imperfeição) Sendo a natureza humana imperfeita, nenhuma ordem social perfeita pode ser criada. Quem vende a perfeição, vende uma utopia que acaba terminando em desastre. Tudo o que devemos esperar é uma ordem tolerável, justa, e uma sociedade livre, na qual alguns males, desajustes e sofrimentos continuarão a existir. Somente por meio de reformas prudentes é possível preservar e melhorar esta ordem tolerável.
Sétimo: (liberdade e propriedade) A liberdade e a propriedade estão profundamente ligadas. Tirem a posse da propriedade privada e o Leviatã tornar-se-á mestre de tudo. Quanto mais difundida for a propriedade privada, mais estável e produtiva será a sociedade.
Oitavo: (associação) Os conservadores defendem a associação voluntária, da mesma forma que se opõem ao coletivismo involuntário. Numa comunidade genuína, as decisões que mais afetam a vida dos cidadãos devem ser tomadas localmente, de forma voluntária. Se, em nome de uma democratização abstrata, as funções da comunidade forem transferidas para uma esfera política distante, o governo central imprimirá um processo de padronização hostil à liberdade e à dignidade humanas.
Nono: (controle democrático do poder) Os conservadores prescrevem a necessidade de restrições sobre o poder e sobre as paixões humanas. Sabendo que a natureza humana é uma mistura do bem e do mal, os conservadores não colocam sua confiança na mera benevolência. Um Estado no qual um indivíduo ou um pequeno grupo é capaz de dominar a vontade de seus cidadãos, sem possibilidade de controle, é um estado despótico, independentemente de ser chamado de monarquista ou aristocrático ou democrático.
Décimo: (conciliação entre permanência e mudanças) Os conservadores não se opõem aos avanços sociais, mas acreditam que uma sociedade saudável é influenciada por duas forças: Permanência e Progresso. A primeira garante a estabilidade e a continuidade; sem ela, as bases da sociedade são quebradas, levando-a a anarquia. As mudanças impulsionam para reformas e melhoramentos prudentes; sem isso as pessoas ficam estagnadas. O conservador, em suma, é favorável ao avanço moderado e bem fundamentado; ele se opõe ao culto ao progresso, pois não acredita que tudo o que é novo é necessariamente melhor do que tudo o que é velho.
Considerando que estes princípios, que de fato caracterizam o pensamento conservador, então não há dúvida que parte significante da população brasileira poderia, de alguma forma, ser classificada como conservadora. O problema é que esta parcela da população não encontra um partido político de defenda, de forma clara e transparente, estes princípios.
* Alcides Leite é economista e professor da Trevisan Escola de Negócios
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