A alta dos preços do café contribuiu para um nível recorde de exportações do agronegócio de Minas Gerais em 2024, quando atingiram US$ 17,1 bilhões (R$ 99,7 bilhões na cotação atual)
O valor fez o setor superar pela primeira vez os embarques da mineração, tradicional segmento do estado e que registrou US$ 15,7 bilhões (R$ 91,5 bilhões) no último ano.
Do total exportado pelo agro mineiro, 46,1% (US$ 7,9 bilhões ou R$ 46 bilhões) veio do café, que registrou uma alta de 45% ante 2023.
Com demanda aquecida e oferta restrita nos principais mercados produtores –Brasil, Colômbia e Taiwan–, a commodity viu os preços dispararem em 2024.
De acordo com dados da Cooxupé, cooperativa mineira que é a maior do país do setor, a saca foi comercializada em dezembro a US$ 339 (R$ 1,9 mil na cotação atual), quase o dobro do preço do mesmo mês de 2023, de US$ 188 (R$ 1,1 mil em preços correntes).
Os 31 milhões de sacas exportados por Minas responderam por dois terços dos embarques nacionais no ano passado e foram superiores inclusive aos do Vietnã, o segundo maior vendedor global.
O resultado positivo anima o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas, Thales Fernandes, que vai além e prevê que o café pode superar nos próximos anos o total exportado pelo minério de ferro.
Hoje ainda o carro-chefe dos embarques mineiros, a matéria-prima vem perdendo força em um cenário de maiores investimentos da Vale no Pará, estado que concentra produto com qualidade superior.
"Hoje o café só perde para o minério, mas daqui um tempo vai superar porque o minério é finito e o café está em crescimento. No último relatório da Conab [Companhia Nacional de Abastecimento], a área plantada em Minas cresceu praticamente 18%", diz o secretário.
Em 2024, as exportações de minério de ferro no estado somaram US$ 12,5 bilhões (R$ 73 bilhões), US$ 4,7 bilhões (R$ 27 bilhões) a mais que as do café.
Para Eduardo Menicucci, professor associado da Fundação Dom Cabral, o bom desempenho do agro mineiro no último ano está diretamente relacionado ao café, que, por sua vez, aproveitou os altos preços internacionais e a cotação do dólar.
"Já o minério de ferro depende muito da China. Diferentemente do café, que é estocado, a produção do minério é de fluxo contínuo. Se a China diminuir a demanda, também caem o preço da commodity e o saldo da exportação", afirma o professor.
Em 2024, o preço da tonelada do minério comercializado na China caiu cerca de 25%, e a cotação deve continuar nesse patamar neste ano.
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