A estratégia de Donald Trump é entupir os EUA e o mundo de declarações, decretos e ações concretas altamente controversos, criando o ambiente caótico no qual ele tende a prosperar.
Como ninguém sabe distinguir direito o que é factoide, tática de negociação e o que é para valer, a resultante é a incerteza. Na confusão, Trump vai testando interlocutores e os limites de seu próprio poder.
Dois eixos de sua "política" causam especial preocupação. O primeiro é o externo. A confirmar-se a perspectiva de um entendimento entre Washington e Moscou para entregar a Vladimir Putin um belo naco da Ucrânia, é a própria ordem mundial liberal que vai para o espaço.
Trump estaria substituindo décadas de esforço de vários presidentes americanos em prol de uma governança global baseada em regras pelas velhas zonas de influência. Seria a troca de um multilateralismo, ainda que muito imperfeito, por um antiliberalismo carl-schmittiano.
As implicações não são triviais. Seria, por exemplo, um sinal verde para os chineses retomarem Taiwan. Mais do que isso, um sinal verde com cronograma. Se Pequim optar pela via militar, deve fazê-lo nos próximos quatro anos, antes do fim do mandato de Trump, pois ninguém sabe o que virá depois.
Nenhum comentário:
Postar um comentário