Um dia você lerá algo assim num jornal: "MP intima JEO a investigar a CSLL de CEO por causa da CPMI do IVA devido pelos NEVs". Quando acontecer, não se desespere —não é impossível de decifrar. MP, claro, é o Ministério Público. JEO é a Junta de Execução Orçamentária. A CSLL é a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. CEO, todo mundo sabe, é um Chief Executive Officer, e a CPMI, uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito. O IVA é o Imposto sobre Valor Agregado. E os NEVs, segundo informações de cocheira, são os Veículos de Energia Nova. O significado de tudo isso? Não sei.
É a sopa de siglas que inunda a imprensa. Começou nos anos 50, quando o nome do então presidente Juscelino Kubitschek tomava metade da manchete. Comprimiram-no para JK e todo mundo aderiu.
Durante muito tempo, foi possível manter as siglas sob controle —nunca se confundiu o STF (Supremo Tribunal Federal) com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o STJ (Superior Tribunal de Justiça) com o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) com o TRF (Tribunal Regional Federal). Depois vieram o RG e o CPF, o IRPF e o IRPJ, o ICMS e o BNDES, e continuamos à tona.
Mas a coisa degringolou. O que fazer quando, hoje, na mesma página, temos o PIB, o PIS e o Pix? O CEP e a PEC? Os CACs e o eCAC? (Os CACs são a turma da bala e da valentia. O eCAC, é o Centro de Atendimento Virtual da Receita Federal.) Já PL tanto pode ser um projeto de lei quanto o partido do Bolsonaro. Sabia que o CIAT é o Centro Interamericano de Administrações Tributárias? Que o FGE é o Fundo Garantidor de Exportação? E que o IFI é a Instituição Fiscal Independente, um órgão do Congresso destinado a fiscalizar a si mesmo? Está vendo no que dá saber o significado das siglas?
Outro dia, em Lisboa, confundi o TikTok com o tuk-tuk. Mas não me envergonhei. Em breve, a IA saberá tudo por nós.
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