Diferentemente da agência americana Associated Press, que só foi citar o assunto no oitavo parágrafo, a chinesa Xinhua destacou a preocupação de Lula na conversa com a presidente da Comissão Europeia: a ameaça de "sanções" no recente adendo europeu ao acordo comercial com o Mercosul.
O relato do telejornal da rede alemã ARD deu ainda menos atenção ao questionamento, concentrando-se nos sorrisos da presidente, que é alemã, e na pressão de empresários pela aceitação do acordo.
Paralelamente, o New York Times noticiou a carta de líderes dos dois partidos americanos cobrando sancionar a África do Sul, argumentando que "vai sediar a cúpula Brics em que o governo pretende fortalecer suas relações com China e Rússia".
Em nota, o governo Joe Biden disse "compartilhar as preocupações com os vínculos de segurança" entre sul-africanos e russos, "mas não detalhou como planeja responder", acrescentou o jornal.
A Europa vem de abraçar as sanções extraterritoriais, mas os EUA começam a questioná-las, em parte do governo ao menos. Um dos principais colunistas do Washington Post, Max Boot, deu voz à reação mostrando que, já com sanções econômicas contra 12 mil organizações e indivíduos, "está saindo pela culatra".
Cita aquelas contra o hoje ministro chinês da Defesa, Li Shangfu, que inviabilizaram o diálogo militar com Pequim, para alertar que "é só o exemplo mais recente de como o vício de Washington em sanções ficou fora de controle —e está prejudicando os EUA".
Dá números: "Um estudo do Instituto Peterson concluiu que as sanções unilaterais dos EUA entre 1970 e 1997 atingiram seus objetivos em apenas 13% dos casos, custando à economia americana US$ 15 bilhões a US$ 19 bilhões anualmente".
Dizendo que "a história está cheia de exemplos de sanções terrivelmente ineficazes", destaca o embargo de Cuba pelo governo John Kennedy. "Documentos tornados públicos mostram que a intenção era 'provocar fome, desespero e a derrubada do governo'." Sem sucesso após "mais de meio século", sublinha.
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