quinta-feira, 1 de junho de 2023

Bruno Boghossian -Crise é a jogada mais agressiva do centrão para ampliar poder sob Lula, FSP

 A crise aberta pela ameaça de derrubada da Esplanada dos Ministérios foi a jogada mais agressiva do centrão até aqui para ampliar seu poder sob Lula. Depois de exibir força na aprovação de propostas contrárias à plataforma petista, o grupo de Arthur Lira (PP) sinalizou que só deixará o governo respirar se tiver mais influência sobre o Executivo.

O centrão sentiu o cheiro do sangue na água ainda antes da posse. A distribuição de ministérios ignorou aliados de Lira, dividiu partidos numerosos e deixou Lula distante de uma maioria no Congresso. Líderes alinhados ao presidente da Câmara trabalharam para frear a adesão de suas bancadas ao Planalto.

O grupo passou os últimos meses explorando a fragilidade política de um governo que parecia não reconhecer o Congresso com o qual precisava lidar. O Planalto apostou na autoridade de ministros que não conseguiam virar votos em seus partidos e demorou para organizar um escoadouro de emendas parlamentares.

A aprovação do arcabouço fiscal, apesar da vitória do governo, fez com que a pressão evoluísse para a chantagem. O placar evidenciou um governo minoritário e dependente da influência de Lira no plenário.

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O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), conversa com o líder da União Brasil, Elmar Nascimento (BA) - Pedro Ladeira/Folhapress

O Planalto piscou pela primeira vez ao devolver a Lira influência sobre a verba que, sob Jair Bolsonaro, era paga na forma de emendas de relator. Piscou pela segunda vez, na semana passada, ao oferecer a Elmar Nascimento (União Brasil) a indicação de um novo ministro do Turismo.

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Mas o preço do centrão já tinha disparado. O consórcio PP-Republicanos-União Brasil fez chegar ao Planalto o recado de que quer um espaço de peso no governo —incluindo o Ministério da Saúde (com um orçamento polpudo), a Embratur, o Banco do Nordeste e os Correios.

Lula tem poucas ferramentas para enfrentar o impasse. Forçar uma ruptura seria um suicídio político. Com a corda no pescoço, o governo agora discute quanto poder está disposto a ceder para ter a chance de negociar uma agenda com um Congresso notadamente conservador.

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