quinta-feira, 31 de maio de 2018

Brasil - A geração de energia solar cresce e traz economia na conta de luz de residências e empresas — mas o potencial no país está longe de ser explorado


06.04.18
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Quando o sol vira dinheiro

Brasil - A geração de energia solar cresce e traz economia na conta de luz de residências e empresas — mas o potencial no país está longe de ser explorado

Brasil - Em Janaúba, no Norte de Minas Gerais, a agropecuária é a principal atividade econômica da cidade de 70.000 habitantes. Ali a fruticultura, a soja e a pecuária vêm sendo castigadas pela maior seca da história na região. Localizada no semiárido mineiro e sob um sol inclemente durante boa parte do ano, com temperatura média de 33 graus, Janaúba faz parte do chamado Polígono das Secas. Mas o sol forte que bate ali, antes visto apenas como um infortúnio que só agrava a falta de chuva no lugar, virou uma oportunidade aos olhos de investidores. Agora, parte das pastagens improdutivas da região é fonte de renda para os pecuaristas, que arrendam suas terras para empresas que querem gerar energia solar.

Hoje, as companhias que estão investindo em fazendas de painéis fotovoltaicos miram a redução dos gastos com a conta de luz. É o caso das empresas de telefonia Oi e Claro. Por meio de geração de energia solar, as companhias projetam uma redução de 30% no valor das contas de luz.

A despeito do movimento das operadoras de telecomunicações, foi o consumidor residencial quem puxou para cima o número de sistemas fotovoltaicos em operação no país — a chamada “geração distribuída”. Em 2012, apenas 13 locais geravam eletricidade dessa fonte no Brasil (antes, os raios solares eram utilizados apenas para sistemas de aquecimento de água). Atualmente, são mais de 23.000 unidades, sendo 80% em residências.
Clique no link abaixo e leia a reportagem na íntegra

Revista Exame_Março 2018.pdf

Sobre Empathiae

No fim de 2015, a professora Lia Zita Orsinski, 36, dava à luz a seu segundo bebê, Helena, hoje com 1 ano e um mês. Mãe de Joaquim, 2, Lia percebeu que havia alguma coisa diferente já na sala de parto. “Notei que meu marido foi ficando na sala de parto, o que não aconteceu quando o meu primeiro filho nasceu. Daí, assim que terminou de dar os pontos, o médico nos falou das características físicas da bebê e que ela provavelmente tinha síndrome de Down. Foi uma surpresa e foi muito ruim, pois logo em seguida fui para a sala de recuperação e fiquei sozinha", lembra.
Lia classifica o momento da notícia no hospital como frio e inadequado: “Não me senti acolhida”. A partir daí, ela passou a buscar cada vez mais conhecimento sobre o universo da síndrome de Down, até que, em um congresso, foi apresentada à Empathiae. “A ONG me ajuda a me sentir uma pessoa normal e menos culpada por não conseguir fazer tudo o que eu gostaria pela minha filha, pois eu trabalho, tenho outro filho, as tarefas da casa... Quando frequento os grupos, percebo que há outras pessoas na mesma situação, que estou dando o meu melhor e que o meu bem-estar é importante para o bem-estar da minha família. Além disso, me fortaleço para enfrentar os preconceitos com que a gente se depara no dia a dia, desde o nascimento”, diz.
Histórias como a de Lia, infelizmente, não são raras e, em muitos casos, família e amigos não permitem que os pais vivenciem a tristeza por não receber o filho idealizado. “É preciso dar licença para a mãe viver o luto do filho esperado. Ela precisa ter o direito de questionar o presente, para aceitar o futuro”, observa Mônica Xavier, fundadora e presidente da ONG Empathiae.
As mães também precisam de cuidados

Foi pensando em ajudar mulheres como Lia, que, há um ano e meio, Mônica criou a Empathiae, cujo foco é dar acolhimento às mães com bebês que têm algum tipo de deficiência. “Meus dois filhos nasceram prematuros e, já naquela época, há 25 anos, sentia que as mães ficavam abandonadas e tinha a necessidade de dar algum tipo de apoio às mulheres. Anos depois, uma antiga chefe teve uma filha com síndrome de Down. Todos falavam da criança, mas não diziam nada da mãe. Toda minha história, solidão, veio à tona  de uma maneira muito forte. A partir daí, comecei a estudar, a fazer cursos  e a dar treinamentos em ONGs. O meu primeiro acolhimento foi há três anos. Pouco tempo depois nasceu a Empathiae”, lembra.
Com apoio de voluntários, a Organização oferece, por exemplo,  o serviço “Cuidando de quem cuida”, um espaço no qual as mães recebem cuidados exclusivos (muitas vezes de profissionais com algum tipo de deficiência), enquanto uma equipe capacitada fica com as crianças. A ONG também oferece formação para grupos de pais voluntários para o acolhimento de famílias que recebem a notícia de que seu bebê nasceu prematuro, ou com algum tipo de deficiência, dando apoio e mostrando um futuro possível, além de capacitar mulheres para o trabalho manual e oferecer outros serviços.
Desde que foi fundada, a Empathiae já ajudou cerca de 150 mulheres, que ficam sabendo da ONG pelas redes sociais, por amigos ou profissionais parceiros. Hoje, em torno de 60 são atendidas pela organização. Além de São Paulo, há grupos de acolhimento em Vitória, Belo Horizonte e Caxias do Sul.

Estima e ação, OESP

Paulo Saldiva, O Estado de S.Paulo
06 Fevereiro 2016 | 17h31
 
  Foto: DIV
A discussão em torno do conflito entre um médico veterinário e o seu conselho de classe sobre consultas gratuitas para animais pertencentes a pessoas carentes, na cidade de São Carlos, tomou proporções epidêmicas. Tão febril e contagiosa como as doenças virais que assolam o Brasil, ela motivou a manifestação de milhões de brasileiros, que discutem ser ou não possível praticar o bem, minimizar o sofrimento de alguém por iniciativa própria, sem se submeter às regras de conselhos profissionais. A questão esconde nuances que eram desconhecidas de nossos antepassados. Conheci médicos consagrados e outros profissionais, alguns deles meus professores, que exerceram gratuitamente a sua profissão sem experimentar problemas. Entenderam que a prática gratuita para os que menos podem lhes era fundamental, uma forma de retribuírem o que a vida lhes proporcionara.
Valores morais, generosidade, princípios éticos são os pontos centrais da polêmica de São Carlos. Penso que o exercício das profissões que lidam com o sofrimento dos seres vivos (incluindo a nossa espécie) demandam, para ser feito à perfeição, três requisitos centrais: conhecimento, compaixão e misericórdia. O primeiro – o conhecimento – é um requisito fundamental, absolutamente necessário, porém não suficiente. Cuidar de seres vivos invariavelmente requer valores e atitudes que emanam do espírito humanitário, como o compadecer-se (colocar-se no papel de quem sofre) e, em seguida, exercer a misericórdia, que defino no presente contexto como a capacidade de dar o melhor de si para reduzir o sofrimento. Ou seja, no melhor dos mundos, o conhecimento, para ser bem aplicado, há que ser também compassivo e misericordioso. Em geral os comentários que li nas redes sociais abordam valores dessa ordem.
Há, no entanto, um contraponto: a prática profissional gratuita é legítima quando abriga eventuais interesses pessoais? Tomemos programas de TV que pretensamente lidam com o sofrimento humano, porém de forma espetaculosa. Não raro profissionais oferecem gratuitamente seus serviços àqueles que buscam ajuda, porém pagam o alto preço da exploração midiática dos seus penares. Nesses casos, a oferta de serviços gratuitos não seria uma forma de autopromoção e de auferir ganhos e prestígio? Num tempo de explosão das formas de comunicação, é necessário que tenhamos habilidades de equilibrista para não escorregar no balouçante e tênue arame que separa a virtude legítima das ações, digamos assim, nascidas de intenções não tão virtuosas. A dificultar mais a situação, não existem regras claras para julgamento, visto que desconheço qualquer forma segura para avaliar as intenções que nascem da alma e do coração. Em outras palavras, nesse campo é necessário conhecer o mais possível dos fatos, refletir e somente então decidir, sempre sob a sombria perspectiva do erro. Seria trágico atribuirmos maldade à virtude, e igualmente desastroso atribuir santidade a quem não a tem.
Colocado o desafio - decidir, caso a caso, onde reside a virtude e onde habitam os interesses inconfessos -, convido os leitores a uma excursão ao mundo real. A regulação das atividades de várias profissões é objeto de interesse das corporações desde a Idade Média. As guildas profissionais, que fixavam os deveres, limites e obrigações de vários ofícios, são estruturas que remontam a essa época. Músicos, sapateiros, dentistas, artesãos dos mais variados ofícios tiveram como elementos reguladores códigos e regras elaborados por pares. Historicamente, as normas estabelecidas pelas guildas atinham-se, no mais das vezes, às atividades profissionais, com menor ênfase aos valores morais e éticos. Em nosso país, a regulamentação do exercício profissional sempre esteve presente, atingindo novo impulso no Estado Novo, quando começou a se consolidar o conjunto de regras, deveres e obrigações para cada atividade profissional. Mais recentemente, esses limites ampliaram os seus horizontes, fixando atividades restritas a um determinado grupo profissional e regulando o mercado de trabalho. Ao assegurar medidas de controle contra uma concorrência desleal, ganharam espaço e vez, em detrimento, no meu melhor entendimento, de uma discussão mais profunda e construtiva dos valores fundamentais que deveriam reger as atitudes de todos aqueles que lidam com o sofrimento humano.
A questão do atendimento dos animais, de forma gratuita, em uma pequena clínica em São Carlos envolve uma questão central, qual seja, os limites entre os direitos individuais do cidadão e o papel dos conselhos profissionais que visam a regulamentar as atividades de uma corporação. Até que ponto os conselhos podem regular iniciativas como a prática gratuita de um profissional? É sempre necessário filiar-se a uma organização não governamental ou instituição filantrópica para legitimar uma iniciativa caridosa? Como avaliar com justiça as reais motivações que movem ações como a de São Carlos? Convido todos os leitores a refletirem sobre o tema, pois o viver de nosso presente necessita, desesperadamente, de exemplos realmente positivos e voltados para a construção de uma sociedade melhor. Exemplos positivos são um santo remédio para tratar a desesperança que assola o Brasil nos dias de hoje.
PAULO SALDIVA É PATOLOGISTA E PROFESSOR DA USP

Exército diz que ‘malucos’ apoiam intervenção, OESP



General Eduardo Villas Bôas afirma haver ‘chance zero’ de retorno dos militares ao poder, mas que ‘tresloucados’ podem gerar reação em cadeia






Eliane Cantanhêde, O Estado de S. Paulo
10 Dezembro 2016 | 22h00

 
  Foto: DIDA SAMPAIO | ESTADAO CONTEUDO
BRASÍLIA - O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, diz que há “chance zero” de setores das Forças Armadas, principalmente da ativa, mas também da reserva, se encantarem com a volta dos militares ao poder. Admite, porém, que há “tresloucados” ou “malucos” civis que, vira e mexe, batem à sua porta cobrando intervenção no caos político.
“Esses tresloucados, esses malucos vêm procurar a gente aqui e perguntam: ‘Até quando as Forças Armadas vão deixar o País afundando? Cadê a responsabilidade das Forças Armadas?’” E o que ele responde? “Eu respondo com o artigo 142 da Constituição. Está tudo ali. Ponto”.
Pelo artigo 142, “as Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.”
O que o general chama hoje de “tresloucados” corresponde a uma versão atualizada das “vivandeiras alvoroçadas” que, segundo o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, primeiro presidente do regime militar, batiam às portas dos quartéis provocando “extravagâncias do Poder militar”, ou praticamente exigindo o golpe de 1964, que seria temporário e acabou submetendo o País a 21 anos de ditadura. “Nós aprendemos a lição. Estamos escaldados”, diz agora o comandante do Exército.
Ele relata que se reuniu com o presidente Michel Temer e com o ministro da Defesa, Raul Jungmann, e avisou que a tropa vive dentro da tranquilidade e que a reserva, sempre mais arisca, mais audaciosa, “até o momento está bem, sob controle”. De fato, a crise política, econômica e ética atinge proporções raramente vistas, mas os militares da ativa estão mudos e os da reserva têm sido discretos, cautelosos.
“Eu avisei (ao presidente e ao ministro) que é preciso cuidado, porque essas coisas são como uma panela de pressão. Às vezes, basta um tresloucado desses tomar uma atitude insana para desencadear uma reação em cadeia”, relatou o general Villas Bôas, lembrando que há temas mais prosaicos do que a crise, mas com igual potencial de esquentar a panela, como os soldos e a Previdência dos militares.
Na sua opinião, Temer “talvez por ser professor de Direito Constitucional, demonstra um respeito às instituições de Estado que os governos anteriores não tinham. A ex-presidente Dilma (Rousseff), por exemplo, tinha apreço pelo trabalho das pessoas da instituição, mas é diferente”.

 
  Foto: LUCIO BERNARDO JR | DIV
Em entrevista ao Estado, na sua primeira manifestação pública sobre a crise política do País, o comandante do Exército admitiu que teme, sim, “a instabilidade”. Indagado sobre o que ele considerava “instabilidade” neste momento, respondeu: “Quando falo de instabilidade, estou pensando no efeito na segurança pública, que é o que, pela Constituição, pode nos envolver diretamente”.
Aliás, já envolve, porque “o índice de criminalidade é absurdo” e vários Estados estão em situação econômica gravíssima, como Rio de Janeiro, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Minas Gerais. Uma das consequências diretas é a violência.
Ao falar sobre a tensão entre o Judiciário e o Legislativo, depois que o ministro Marco Aurélio Mello afastou o senador Renan Calheiros da presidência do Senado por uma liminar e Renan não acatou a ordem judicial, o comandante do Exército admitiu: “Me preocupam as crises entre Poderes, claro, mas eles flutuam, vão se ajustando”.
O general disse que se surpreendeu ao ver, pela televisão, que um grupo de pessoas havia invadido o plenário da Câmara pedindo a volta dos militares. “Eu olhei bem as gravações, mas não conheço nenhuma daquelas pessoas”, disse, contando que telefonou para o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) para se informar melhor e ouviu dele: “Eu não tenho nada a ver com isso”.
Bolsonaro. Bolsonaro, um capitão da reserva do Exército que migrou para a vida política e elegeu-se deputado federal, é uma espécie de ponta de lança da direita no Congresso e não apenas capitaneia a defesa de projetos caros às Forças Armadas, como tenta verbalizar suas dúvidas, angústias e posições e se coloca como potencial candidato à Presidência em 2018.
“No que me diz respeito, o Bolsonaro tem um perfil parlamentar identificado com a defesa das Forças Armadas”, diz o general, tomando cuidado com as palavras e tentando demonstrar uma certa distância diplomática do deputado.
É viável uma candidatura dele a presidente da República em 2018, como muitos imaginam? A resposta do general não é direta, mas diz muito: “Bolsonaro, a exemplo do (Donald) Trump, fala e se comporta contra essa exacerbação sem sentido do tal politicamente correto”.

Farsas, Luis Fernando Verissimo, O Estado de S.Paulo 31 Maio 2018 | 02h00


O Brasil alterou a famosa frase do Marx. Aqui, a História não se repete como farsa, as farsas se repetem como História. O golpe de 64 foi farsesco, descontando-se o que teve de ignóbil. Depois dele, vivemos 20 anos com generais se sucedendo na presidência da República sem votos, uma farsa reincidente. Entre os generais presidentes, tivemos de bufões a um falso pastor que autorizou assassinatos de Estado, como nos contou, recentemente, a CIA. Diante desse teatro burlesco, a população teria todo o direito de gritar “E os palhaços? Onde estão os palhaços?”, se fosse permitido gritar. Para ser uma farsa completa, só faltaram palhaços em cena ou, no mínimo, um amante só de cueca escondido no armário.
E agora tem gente desfilando com faixas que pedem intervenção militar já. Quer dizer, pedem uma repetição da farsa. Como gostaram da outra, provavelmente querem uma farsa igual àquela, uma volta àqueles dias. São movidos à nostalgia, mais do que qualquer projeto realista. Mas o movimento está crescendo, pelo que se ouve e se lê, e não se minimize o poder da nostalgia mobilizada, quanto mais irrealista mais perigosa.
A farsa de 64 começou com um general de opereta, impaciente com a demora das conspirações, decidindo comandar seus tanques contra o governo Jango sem esperar por ninguém. Foi a faísca que incendiou o resto. Muito cuidado com faíscas e generais impacientes, portanto.
Futebol. Quem não gosta de futebol, além de ser ruim da cabeça e doente do pé, é porque nunca viu um jogo como o Real Madri x Liverpool na decisão da Copa da UEFA, na semana passada. Tudo que o futebol tem de bonito e de dramático - e, no caso dos erros do goleiro do time inglês, Karius, responsável por dois dos gols do adversário -, de patético, estava em campo. Dramática foi a contusão do Salah, grande revelação do Liverpool, que talvez fique fora da Copa em que ele seria uma das sensações, jogando pelo Egito. Mas vão sobrar sensações na Copa que se aproxima. Não perca.

Congresso não reúne quórum para votar renúncia de presidente do Paraguai, FSP

Com isso, Horacio Cartes pode ter de ficar no cargo até o final, em 15 de agosto

Congressistas deixam plenário após não atingirem quorum para votar a renúncia do presidente Horacio Cartes, em Assunção - Norberto Duarte/AFP
Sylvia Colombo
BOGOTÁ
O presidente paraguaio, Horacio Cartes, poderá ter de permanecer no cargo até o final, em 15 de agosto, uma vez que o Senado não reuniu o quorum suficiente para votar a aceitação ou a rejeição de sua renúncia.
O presidente do Congresso, o ex-presidente Fernando Lugo, seu principal adversário político, disse que uma nova sessão tem de ser pedida pelo presidente. “Cumpriremos as formalidades de convocar o Congresso tantas vezes quanto forem necessárias”.
Porém, acrescentou que seu partido, o esquerdista Frente Guasu, que ele lidera, tem a intenção de não dar quorum —a fim de que a renúncia não seja aceita.
[ x ]
A sessão, iniciada na manhã desta quarta-feira (30), teve quorum entre os deputados, com a presença de 50 dos 80 parlamentares, mas não no Senado, onde apareceram apenas 13 dos 45 senadores. Segundo a lei, é necessária a aprovação em ambas as casas. Desta forma, a sessão foi cancelada.
A intenção de Cartes é a de assumir como senador eleito em 1º de julho, e assim ficar com um cargo em que teria mais peso político do que como senador vitalício, posto honorário sem muita autonomia que se outorga a todo ex-presidente. Seu mandato como senador eleito iria até 2023, o que reforçaria a bancada do Partido Colorado.
"Estivemos juntos nas eleições e devemos estar juntos agora. Prestarei juramento como senador quando os colorados votarmos juntos", afirmou nas redes sociais Cartes, dando a entender que pedirá uma nova sessão. 
Na

Do Facebook do Gilberto Nascimento

Audálio Dantas - 30/05/18
Em uma semana, perdemos três grandes jornalistas: Alberto Dines, Ramiro Alves e, agora, Audálio Dantas.





Gabriel Priolli
ADEUS, PRESIDENTE
O grande, essencial Audálio Dantas nos deixou hoje.
Nós, jornalistas, perdemos o nosso maior líder sindical, uma referência de coragem e decência, e um colega adorável, carinhoso, solidário, leal, tudo que se possa querer de um amigo fraterno.
O Brasil perde um repórter e escritor magnífico, autor de trabalhos que marcaram história da nossa imprensa.
Perde também um valoroso ator político, que enfrentou a ditadura militar com altivez e firmeza, num período em que muitos se omitiram ou acovardaram, e que seguia no lado justo da luta, contra o golpe em curso desde 2016.
O mundo fica menor com essa partida. A eternidade se agiganta.
(Meus sentimentos a Vanira Kunc , a toda família e aos amigos)





SÃO PAULO
Morreu nesta quarta-feira (30) o jornalista e escritor Audálio Dantas, aos 88 anos, no Hospital Premiê, em São Paulo, onde estava internado desde abril. Ele tratava um câncer de intestino desde 2015, quando foi operado, mas a doença acabou por atingir o fígado e os pulmões depois disso. 
O repórter era conhecido por seu olhar humanitário sobre os temas do cotidiano e sua atuação em prol da defesa de direitos durante a ditadura militar, característica que lhe rendeu, em 1981, o Prêmio de Defesa dos Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas).
Nascido em Tanque D'Arca, pequeno município do agreste alagoano, Audálio iniciou a carreira no jornalismo aos 17 anos. Vindo do Nordeste para a capital paulista, o filho de um comerciante e uma dona de casa revelava imagens do fotógrafo Luigi Mamprin, no jornal Folha da Manhã, um dos títulos que dariam origem à Folha
Uma das reportagens que marcaram sua história se deu numa apuração sobre a favela do Canindé, às margens do Tietê, em São Paulo. Lá, o repórter conheceu Carolina de Jesus, moradora local que registrava um diário do seu cotidiano de fome, violência e dificuldade em criar os três filhos pequenos trabalhando como catadora de papel.
Os escritos de Audálio revelaram Carolina, que mais tarde se tornaria best seller, publicando livros no Brasil e no exterior, o mais famoso deles "Quarto de Despejo", de 1960.
Sua personalidade também ficou evidente quando assumiu a presidência do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, à época do assassinato do jornalista Vladimir Herzog, em outubro de 1975. Audálio denunciou que Herzog havia sido torturado e morto no DOI-CODI, contrariando a versão oficial do governo, que falava em suicídio.
No enterro de Vlado, Audálio declamou a poesia "'Navio Negreiro", de Castro Alves, para as 600 pessoas presentes. "Senhor Deus dos desgraçados, Dizei-me Vós, Senhor Deus, Se é mentira, se é verdade, Tanto horror perante os céus", dizia parte do texto.
Após isso, em 1978, sua atividade sindical lhe rendeu um mandato como deputado federal por São Paulo, pelo antigo MDB (1979-1983). Audálio também foi o primeiro presidente eleito por voto direto da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas). Até esta quinta, integrava o conselho consultivo da ABI (Associação Brasileira de Imprensa).
A carreira de Audálio também registra passagens como redator e chefe de reportagem na revista O Cruzeiro, publicação que deixou para ser editor de turismo na revista Quatro Rodas.
Ele foi correspondente de guerra em Honduras pela Veja e trabalhou na revista Realidade, onde produzia reportagens sobre as mudanças econômicas e sociais por que passava Minas Gerais. Foi chefe de Redação da revista Manchete e editor da Nova.
Escritor, Audálio lançou livros, dentre eles "As Duas Guerras de Vlado Herzog" (Record), pelo qual recebeu o prêmio Jabuti e o prêmio Juca Pato de Intelectual do Ano, em 2013.
O jornalista completaria 89 anos no próximo dia 08 de julho. Deixa a mulher Vanira Kunc, quatro filhos e netos. O velório ocorre no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, a partir das 10h (rua Rego Freitas, 530, Vila Buarque). 

AUTORIDADES E AMIGOS LAMENTAM MORTE

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) lamentou a morte de Audálio Dantas. "Foi um batalhador. Sua ação no combate à ditadura foi constante e firme. A voz jamais calou e a presença fez-se notar sempre. Deixa um nome íntegro e saudades.”
O governador do estado de São Paulo Márcio França falou do jornalista em nota. "O interesse pela política nacional e os direitos humanos marcaram a atuação profissional de Audálio Dantas. O Brasil estava no centro de suas preocupações. Ele deixa seu nome gravado na história da imprensa paulista e brasileira."
O jornalista Ricardo Kotscho também recebeu com tristeza a notícia da morte do seu amigo, a quem visitou no hospital há poucos dias.
"Nas nossas últimas conversas, ele já estava desesperançado de que a nossa geração ainda conseguisse ver o Brasil com que sonhamos a vida toda, mais justo, mais humano, mais decente", escreveu em seu blog. 
Ele descreve Audálio como um "sertanejo valente dos sertões das Alagoas, um brasileiro de muito talento e firmeza, um dos protagonistas da passagem da ditadura para a democracia quando falar a verdade era correr risco de vida".
Chico Pinheiro, apresentador e jornalista da TV Globo, também lamentou a morte do colega de profissão. "Audálio, grande amigo e mestre. Daqui de Portugal, lamento profundamente perder você, meu presidente e amigo", escreveu no Twitter. 
Em nota, o Instituto Vladimir Herzog comentou a morte do repórter alagoano. "Sob a direção dele, o Sindicato dos Jornalistas se tornou uma das principais trincheiras, uma referência para a sociedade na luta contra a repressão."
"Em defesa do Estado de Direito, da verdade, da justiça e da memória do amigo que acabara de ter a vida interrompida, Audálio enfrentou os poderosos do momento e exigiu que a morte de Herzog fosse esclarecida", diz a nota. "Audálio foi testemunha e protagonista, escreveu a história e nela foi inscrito."
O escritor Laurentino Gomes, autor de "1808" (Planeta) e "1822" (Globo Livros), também lamentou a morte em rede social.
"Triste pela morte do meu amigo pessoal, exemplo de coragem e de lucidez para todos os jornalistas de nossa geração. Era inteligente, divertido, generoso. Lutou pela democracia como poucos. Fará muito falta neste Brasil tão carente de luz e de esperança", escreveu no Twitter.
O jornalista e professor da USP Eugênio Bucci disse que Audálio foi uma liderança para a categoria no início dos anos 1970 e se projetou rapidamente no cenário nacional. "Por um lado, essa projeção que ele alcançou mostra o talento pessoal que ele tinha, o carisma. De outro, mostra que o sindicato dos jornalistas, naqueles tempos, tinha um peso relativo superior ao que teria uns poucos anos depois", afirmou à Folha.
"Ele m anteve uma linha de coerência até o final da vida. É um nome que orgulha a nossa categoria profissional, e uma influência que ilumina a função pública da imprensa", disse Bucci.