FOLHA DE SP - 29/03
Quando converso com universitários, frequentemente pergunto quantos deles se juntariam a mim se eu formasse uma organização para salvar uma espécie de borboleta ameaçada de extinção no Haiti.
Algumas mãos sempre se levantam. Então pergunto quantos se juntariam a mim em um dos partidos políticos existentes. Nesse momento, todos correm para a porta.
Pode soar como uma anedota trivial, mas acredito que, na realidade, ela representa uma tendência global com consequências sérias.
Em todo o mundo, as duas últimas décadas vêm sendo desastrosas para os partidos políticos, especialmente em comparação com as ONGs. Hoje, quando se trata de atrair pessoas idealistas e engajadas, os partidos mal têm chance.
Muitos ainda conservam poder substancial, e em alguns países é impossível para novos rivais os desafiarem. Mas, na maioria das democracias, a estrutura partidária tradicional foi posta do avesso e substituída por coalizões rudimentares compostas de partidos velhos e desgastados e organizações políticas mais novas, mas fugazes.
Por que isso tem importância? As democracias baseadas em ONGs que lutam por causas isoladas e em máquinas eleitorais oportunistas são democracias frágeis. E estão proliferando. Para corrigir isso, precisamos de uma onda de inovação política que se compare a outras inovações que transformaram nossas vidas. Inovações recentes mudaram os modos como comemos, lemos, escrevemos, fazemos compras, namoramos, viajamos e nos comunicamos. Tudo o que fazemos foi transformado por novas tecnologias e novas organizações. Tudo, isto é, menos o modo como nos governamos.
Precisamos de inovações igualmente revolucionárias, que rompam padrões e tragam os partidos políticos para o século 21.
Do jeito como as coisas estão, a paralisia política é crescente, e os governos estão cada vez mais incapazes de tomar as decisões necessárias para fazer frente aos problemas de seus países.
Quando o poder se torna tão restrito assim, a estabilidade, a previsibilidade, a segurança e a prosperidade material são prejudicadas.
As "vetocracias" (termo cunhado por Francis Fukuyama) se multiplicam em todo o mundo. São sistemas em que atores em grande número têm poder suficiente para vetar, diluir e adiar decisões, mas nenhum ator isolado possui poder suficiente para fazer uma agenda ser implementada.
Tome-se, por exemplo, a débacle dos cortes obrigatórios no orçamento dos EUA que entraram em vigor em 1º de março. A recusa de uma facção em ceder num pacto orçamentário levou a cortes abrangentes e irracionais que só poderão prejudicar o país.
Ou tome-se a Itália, onde eleições recentes levaram a um impasse parlamentar, fazendo com que seja impossível formar um governo viável. Ou Israel. Ou o Reino Unido.
Para melhorar a eficácia dos governos democráticos, os partidos políticos precisam recuperar a capacidade de inspirar, energizar e mobilizar pessoas
Quando converso com universitários, frequentemente pergunto quantos deles se juntariam a mim se eu formasse uma organização para salvar uma espécie de borboleta ameaçada de extinção no Haiti.
Algumas mãos sempre se levantam. Então pergunto quantos se juntariam a mim em um dos partidos políticos existentes. Nesse momento, todos correm para a porta.
Pode soar como uma anedota trivial, mas acredito que, na realidade, ela representa uma tendência global com consequências sérias.
Em todo o mundo, as duas últimas décadas vêm sendo desastrosas para os partidos políticos, especialmente em comparação com as ONGs. Hoje, quando se trata de atrair pessoas idealistas e engajadas, os partidos mal têm chance.
Muitos ainda conservam poder substancial, e em alguns países é impossível para novos rivais os desafiarem. Mas, na maioria das democracias, a estrutura partidária tradicional foi posta do avesso e substituída por coalizões rudimentares compostas de partidos velhos e desgastados e organizações políticas mais novas, mas fugazes.
Por que isso tem importância? As democracias baseadas em ONGs que lutam por causas isoladas e em máquinas eleitorais oportunistas são democracias frágeis. E estão proliferando. Para corrigir isso, precisamos de uma onda de inovação política que se compare a outras inovações que transformaram nossas vidas. Inovações recentes mudaram os modos como comemos, lemos, escrevemos, fazemos compras, namoramos, viajamos e nos comunicamos. Tudo o que fazemos foi transformado por novas tecnologias e novas organizações. Tudo, isto é, menos o modo como nos governamos.
Precisamos de inovações igualmente revolucionárias, que rompam padrões e tragam os partidos políticos para o século 21.
Do jeito como as coisas estão, a paralisia política é crescente, e os governos estão cada vez mais incapazes de tomar as decisões necessárias para fazer frente aos problemas de seus países.
Quando o poder se torna tão restrito assim, a estabilidade, a previsibilidade, a segurança e a prosperidade material são prejudicadas.
As "vetocracias" (termo cunhado por Francis Fukuyama) se multiplicam em todo o mundo. São sistemas em que atores em grande número têm poder suficiente para vetar, diluir e adiar decisões, mas nenhum ator isolado possui poder suficiente para fazer uma agenda ser implementada.
Tome-se, por exemplo, a débacle dos cortes obrigatórios no orçamento dos EUA que entraram em vigor em 1º de março. A recusa de uma facção em ceder num pacto orçamentário levou a cortes abrangentes e irracionais que só poderão prejudicar o país.
Ou tome-se a Itália, onde eleições recentes levaram a um impasse parlamentar, fazendo com que seja impossível formar um governo viável. Ou Israel. Ou o Reino Unido.
Para melhorar a eficácia dos governos democráticos, os partidos políticos precisam recuperar a capacidade de inspirar, energizar e mobilizar pessoas
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