O trânsito caótico põe em discussão a qualidade do transporte. Falta investimento num setor essencial para a população.
O que vemos hoje já é consequência da falta de investimento no passado. As populações cresceram nas cidades e os governos não se prepararam para os dois momentos do dia: hora de ir para o trabalho e hora de voltar para casa.
Brasília, a cidade planejada, é o retrato do que não deveria ser feito. Quem construiu a cidade estimulou a indústria automobilística. A cidade foi desenhada para carro, não para gente. Faltam calçadas até hoje. E criaram-se cidades satélites: de manhã e no fim do dia há um fluxo superlotado de locomoção para o chamado plano piloto. Seria bem mais sensato criar empregos perto do lugar onde as pessoas moram. E aí o tempo perdido por dia - muita gente que perde mais de duas horas por dia sonha com esses 43 minutos da média estatística. Tem gente que demora uma hora para entrar num ônibus em Salvador.
A produção de automóvel tem estímulo até hoje, com a redução do IPI. Com financiamento fácil, muita gente ainda troca o ônibus pelo carro. E o excesso de carros retarda os ônibus, que levam 50 pessoas. Muitas vezes 50 carros levam 50 pessoas. E 50 carros rodando ocupam lugar de 20 ônibus no mínimo. O metrô chegou atrasado e os trens também. Em Salvador, nem chegou o metrô. E chegamos a um nó, um limite. As soluções existem; outros países já fizeram. O IDH não mede a poluição, o tempo perdido, nem o cansaço, o sono, o esgotamento. Mas deveria, porque o atraso no trânsito desgasta a força de trabalho.
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