segunda-feira, 4 de março de 2013

Carro a ar começa a virar realidade



Peugeot Citroën projeta lançar modelo híbrido em 2015, por cerca de 20 mil

03 de março de 2013 | 2h 07
DAVID JOLLY, THE NEW YORK TIMES / PARIS - O Estado de S.Paulo
Que tipo de carro de carro é esse que acabou de passar? É o Hybrid Air - um veículo experimental que o grupo francês PSA Peugeot Citroën vem alardeando como um modelo de economia energética. Embora alguns céticos duvidem de que seja uma tecnologia realmente avançada, os carros protótipos da Peugeot e da Citroën podem ser alguns dos modelos mais interessante no Salão do Automóvel de Genebra.
De acordo com a Peugeot, um carro compacto como o Citroën C3 equipado com a tecnologia pode fazer 100 quilômetros com 2,9 litros, na cidade. Neste caso, isso seria muito mais do que híbridos elétricos existentes, como o Toyota Prius conseguem no tráfego urbano intermitente.
A Peugeot Citroën, segunda maior montadora na Europa, depois da Volkswagen, planeja lançar para venda seus carros híbridos a ar em 2015 ou 2016.
Como o Prius da Toyota, o Hybrid Air da Peugeot recupera energia cada vez que o condutor freia ou desacelera o carro. Mas em vez de usar o freio para carregar a bateria, o que aciona o motor elétrico - como no Prius -, o híbrido da montadora francesa tem uma bomba hidráulica reversível que usa a energia da frenagem para comprimir o nitrogênio no que parece um cilindro de oxigênio de mergulhadores superdimensionado. Quando o condutor do veículo pressiona em seguida o acelerador, o gás comprimido injeta fluido hidráulico na caixa de câmbio para girar as rodas.
A energia armazenada no tanque de nitrogênio é pequena - equivalente a apenas cinco colheres de chá ou algumas dezenas de centímetros cúbicos de gasolina - o suficiente para impulsionar o carro algumas centenas de metros até o motor de gasolina normal começar a funcionar. Mas essas repetidas doses de energia extra durante o dia, trafegando pela cidade, produzem uma grande economia de gasolina por quilômetro rodado.
Tecnologia. A ideia de usar os chamados híbridos hidráulicos já existe há algum tempo, embora a Peugeot prefira chamar de "tecnologia de ar híbrida", porque a energia é armazenada no gás comprimido, e não na hidráulica. Nos Estados Unidos, a Ford Motor e Chrysler analisaram essa proposta, estimuladas pela Agência de Proteção Ambiental.
A UPS, que presta serviços de entregas, já acrescentou diversas vans de entrega com este sistema à sua frota abastecida com combustíveis alternativos. Outras empresas estão aplicando a tecnologia para caminhões de lixo que, como as vans da UPS, são grandes e param com mais frequência para recuperar grande parte da energia desperdiçada. A montadora indiana Tata promete produzir um carro impulsionado apenas por ar comprimido, embora a tecnologia seja diferente da adotada pela Peugeot.
A Peugeot, com uma equipe de 200 membros envolvida no projeto, liderada pelo engenheiro Karim Mokaddem, está avançando mais rápido do que qualquer outra montadora global para aplicar a tecnologia em carros destinados a famílias, ao passo que o setor automobilístico no geral se concentra nos híbridos elétricos como veículos alternativos para reduzir as emissões e economizar combustível.
"A lógica do híbrido elétrico é completamente diferente", diz Andrés Yarce, outro membro do projeto. "Com esta tecnologia, você permite que o veículo rode alguns quilômetros, o motor fica desligado e assim roda silenciosamente com um motor elétrico. Levou tempo para as pessoas entenderem que o Hybrid Air funciona de maneira diferente, mas obtém os mesmos resultados". O carro será comercializado a um preço de 20 mil a 26 mil.
Mokaddem disse que a ideia é tornar o carro viável, financeiramente, nos mercados emergentes como China e Índia, onde os carros híbridos são muito caros para muitos consumidores, e complexos demais para as oficinas e mecânicos locais.
Segundo a Peugeot, ela pode estabelecer preços menores porque o carro não exige baterias e motores elétricos caros, especiais, como o Prius, embora o Hybrid Air empregue uma bateria de carro padrão. O sistema hidráulico também acrescenta 100 quilos ao peso de um carro Citroën ou Peugeot tradicional. E, por causa do calor gerado pelo processo de transferência de energia, os projetistas precisaram adaptar o sistema de esfriamento do carro.
Tanques. A diferença mais clara entre o Hybrid Air e um carro comum é a presença dos dois taques de ar (o segundo, menor, é um receptáculo de baixa pressão) e uma caixa de câmbio especial que controla a transmissão entre a parte hidráulica e o motor de gasolina padrão de 1,2 litro. Segundo os encarregados do projeto, isso deixa espaço para manter um tanque de gasolina do tamanho padrão.
O acumulador, ou tanque de nitrogênio pressurizado, tem 1,3 metro de comprimento, com um volume de 20 litros e uma pressão máxima de 3,6 mil libras por polegada quadrada.
Qualquer ruptura no tanque de aço pressurizado pode ser perigosa, porque pode provocar uma explosão de fragmentos de metal. Mas a equipe de projeto diz que o tanque está isolado e protegido sob a tampa no chão do carro, que atua como uma couraça, e foram instaladas válvulas de escape de emergência. E observaram que o nitrogênio não é inflamável.
Os componentes desenvolvidos para o Hybrid Air são "simples, robustos e mecânicos", afirma Mokaddem, observando que um software controla as complexidades do sistema. "Tudo o que você precisa fazer é apenas dirigir o carro". / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

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