A desindustrialização no Brasil vem se agravando desde a crise de 2008. É grave e preocupante porque está reduzindo dramaticamente a nossa capacidade produtiva, fechando postos de trabalhos e tornando o país cada vez mais dependente da importação de produtos industrializados.
Em 1985, época da superinflação, a indústria de transformação representava 27% do PIB em 2012, como assinalou o ex-governador de São Paulo José Serra em recente artigo no jornal O Estado de S. Paulo (Nada além dos fatos), voltou ao nível do final dos anos de 1940, chegando a 13,3%!
O declínio da indústria põe nosso futuro em cheque, não só pela redução de empregos de qualidade, mas também pela queda do nível salarial neste setor que, historicamente, é o que mais investe em inovação.
Em 1980, o parque industrial brasileiro equivalia aos da Tailândia, Malásia, Coréia do Sul e China somados. Já em 2010, a indústria brasileira representou menos de 8% se comparada com as indústrias desses mesmos países, uma tristeza!
O encolhimento ocorre, de acordo com analistas do processo de desindustrialização, pela perda de competitividade que é puxada pelo custo Brasil.
A situação do setor químico e petroquímico, por exemplo, é emblemático para ilustrar a gravidade do problema. O custo dos insumos e da matéria-prima está levando as companhias a suspender ou adiar investimentos, com algumas já projetando vender ativos. A imprensa noticiou recentemente que há US$ 8 bilhões em projetos do setor sendo engavetados, pois não são competitivos com o uso de matérias-primas como nafta e gás natural, que custam 25% mais no Brasil que na Ásia ou nos EUA.
Por outro lado, enquanto suspendem projetos ou paralisam a produção no Brasil, as empresas químicas e petroquímicas ampliam seus investimentos nos EUA, onde a descoberta de reservas de gás de xisto barateou a produção. Para termos uma ideia, o gás natural brasileiro é cinco vezes mais caro que o gás de xisto americano, o que torna inviável a competição. A tendência é, assim num futuro próximo, aumentarmos ainda mais as importações.
Um dos principais projetos no setor, o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), orçado em US$ 5 bilhões, teve a decisão de investimento adiada para 2014 devido ao custo da matéria-prima.
Mas não é só a Braskem, dona do Comperj, que está repensando seus investimentos. A Unigel parou a produção de uma de suas fábricas de poliestireno em São José dos Campos, no interior de São Paulo, e a belga Solvay planeja vender fábricas no Brasil e na Argentina.
Até projetos de plástico “verde”, provenientes da cana de açúcar, estão sendo afetados. As multinacionais Dow Chemical (EUA) e Mitsui (Japão), sócias no complexo Santa Vitória, em Minas Gerais, um projeto de US$ 1,5 bilhão baseado na cana, suspenderam as obras.
O governo federal precisa agir para não permitir a desindustrialização e o consequente agravamento do déficit da balança comercial do setor químico, que em 2012 chegou a US$ 28,1 bilhões, com expectativa de alcançar US$ 30 bilhões neste ano, segundo informações da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química).
Sem a formulação e a implementação de uma política industrial que atenda indistintamente todos os setores produtivos, a dependência brasileira de produtos com maior conteúdo de valor agregado só vai aumentar. Perderemos empregos, renda e desperdiçaremos “a maior conquista econômica brasileira no século 20”, a indústria nacional.
Diante destes fatos o que mais estarrece é a apatia do governo federal, que silenciosamente assiste tudo, foi alertado de tudo e não toma as iniciativas necessárias.
Eu continuarei a apresentar iniciativas legislativas e cobrando para que esta ação do Executivo venha e assim nossa indústria possa andar para frente!
Arnaldo Jardim é deputado federal pelo PPS-SP e presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Infraestrutura
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