quarta-feira, 5 de abril de 2017

Câmara aprova projeto que pode restringir funcionamento do Uber, O Globo


Emenda retira do projeto o trecho que estabelece que transporte individual de passageiros é uma atividade de natureza privada

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Tela do aplicativo Uber - Domingos Peixoto - 17/08/2016 / Agência O Globo


BRASÍLIA - A Câmara aprovou na noite desta terça-feira projeto sobre o funcionamento de transporte individual remunerado, com foco no Uber, mas emendas que tiveram o aval da maioria dos deputados dificultam o serviço, deixando nas mãos dos municípios a autorização da existência de transportes por meio de aplicativo.
Foi suprimida do texto a caracterização desse tipo de transporte como “atividade natureza privada”, o que, na prática, delega ao Poder Público a fiscalização e regulamentação do serviço. Em outra mudança, os deputados incluíram artigo segundo o qual os motoristas terão de “possuir e portar autorização específica emitida pelo Poder Público municipal”. O texto vai ser analisado pelo Senado, onde pode ser modificado.
A Uber defendia um texto mais brando, que apenas autorizasse a existência do aplicativo, e deixasse a cargo de cada município definir as regras. Para os defensores deste serviço, o resultado do texto aprovado na Câmara pode até mesmo inviabilizar seu funcionamento.
As emendas para impor limitações ao funcionamento do Uber foram apresentadas pelo deputado Carlos Zarattini (PT-SP), cujo projeto inicial consistia em acabar definitivamente com este tipo de transporte.
Mas, o petista nega que suas emendas irão inviabilizar o funcionamento do Uber. Ele diz que elas servirão apenas para possibilitar que o Poder Público atue sobre as regras para o transporte.
– Em hipótese alguma inviabiliza. Somente garante que é um serviço público, que vai ter fiscalização e regulamentação por parte do Poder Público. Não se fala em necessidade de concessão nas emendas. Mas, vai ter que ter autorização da prefeitura, que vai definir os critérios para esse transporte funcionar. Se fosse um serviço de natureza privada, o Poder Público não poderia se meter – explica Zarattini.
Para o deputado Daniel Coelho (PSDB-PE), relator do substitutivo que permitia o funcionamento do Uber com menos limitações, as emendas irão dificultar a existência do serviço.
– Cria uma enorme dificuldade, o intuito de quem fez a emenda é acabar com o Uber e transportes desse tipo. É o mesmo que dizer que Uber é táxi e vai na contramão de qualquer país desenvolvido no mundo – disse.
Em nota, a Uber classificou o texto aprovado como “retrógrado” e que tenta transformar o serviço em táxi:
“É importante frisar que o projeto propõe uma lei retrógrada, que não regula a Uber no Brasil, mas tenta transformá-la em táxi, proibindo então este modelo de mobilidade. O projeto segue agora para o Senado Federal, onde o debate sobre a tecnologia deve continuar, garantindo que sejam ouvidas as vozes de milhões de pessoas no Brasil que desejam ter seu direito de escolha assegurado”, diz a nota.
O texto que seria votado inicialmente proibia a existência do Uber, ao dizer que o transporte individual remunerado de passageiros somente poderia ser feito por veículos de aluguel conduzidos por taxistas. Mas, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), elaborou um substitutivo mais suave e aprovou em plenário a urgência na tramitação do texto. A proposta de Maia, apresentada por Daniel Coelho, alterava as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana para dizer que o transporte remunerado privado individual de passageiros é uma atividade de natureza privada.
PRESIDENTE DA CÂMARA E RELATOR COMENTAM VOTAÇÃO
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirmou, após a votação, que as emendas aprovadas “atrapalham”, mas não inviabilizam a existência dos transportes por aplicativo. Para Maia, as alterações irão criar uma “burocracia desnecessária”. Ele lembrou que o texto ainda pode ser alterado no Senado passará pelo crivo do presidente da República.
– O texto principal aprovado era o melhor texto. São regulamentações que não deveriam estar em lei federal. Os dois destaques não ajudam, dão um passo atrás, mas foi a decisão do plenário, tem que ser respeitada. Não inviabiliza porque não se tirou a questão de que quem regulamenta são os municípios e não retira o artigo na lei de mobilidade que garante a existência dos aplicativos. Vamos ver o que o Senado vai fazer e também o presidente da República, que pode vetar ou sancionar alguns artigos – disse Maia.
Após a votação, Zarattini afirmou que o projeto aprovado irá mudar o sistema como é hoje:
– Do jeito que vêm funcionando esses aplicativos, com certeza não vão funcionar mais, porque esses aplicativos recrutam milhares motoristas, em que todos podem trabalhar ao mesmo tempo, rebaixam o rendimento dos motoristas e mantêm a arrecadação desses aplicativos. Então, isso não vai acontecer mais, vai haver uma limitação. Os municípios vão estabelecer regras e os aplicativos vão funcionar seguindo essas regras – afirmou o petista.


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terça-feira, 4 de abril de 2017

Relator abre brecha para anistia ao caixa 2 em parecer da reforma política. OESP

Vicente Cândido diz que não vai inserir tema em texto de forma explícita, mas que interpretação será 'de cada um', já que políticos não podem ser punidos por prática não criminalizada

Igor Gadelha, Daiene Cardoso e Isadora Peron ,
O Estado de S.Paulo
03 Abril 2017 | 21h49

BRASÍLIA - Relator na comissão especial da reforma política na Câmara, o deputado Vicente Cândido (PT-SP) vai propor em seu relatório, que será apresentado nesta terça-feira, 4, a tipificação do crime de caixa 2, com pena de 2 a 4 anos de prisão. O deputado disse que não vai inserir no parecer a anistia explícita a quem cometeu a irregularidade, mas a expectativa é de que uma emenda nesse sentido seja apresentada quando as propostas forem votadas no plenário da Casa.

Foto: Ed Ferreira/Estadão
Vicente Cândido
Vicente Cândido (PT-SP) é relator de propostas da reforma política
Atualmente, o crime de caixa 2 não está previsto no Código Penal brasileiro. Com a ausência de tipificação, investigadores da Operação Lava Jato estão enquadrando os praticantes do ato em outros crimes, como lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. "Não vou prever anistia explícita no parecer. Vai ser a interpretação de cada um", afirmou Cândido ao Broadcast Político, serviço de notícia em tempo real do Grupo Estado. Uma dessas interpretações é de que políticos não podem ser punidos por atos cometidos no passado, quando a prática não era criminalizada.
No relatório, Cândido também vai propor a adoção do sistema de eleição de parlamentares por meio da chamada lista fechada; o fim da reeleição para prefeitos, governadores e presidente da República; o fim das coligações em eleições proporcionais e a criação de um fundo eleitoral de R$ 2,185 bilhões abastecido com recursos públicos. Outra proposta que constará no parecer é estabelecer mandato de 10 anos para ministros e membros de cortes, como Supremo Tribunal Federal (STF), que entram por meio de indicações políticas.
No parecer, Cândido propõe que vereadores, deputados estaduais e federais passem a ser eleitos via lista fechada. Por meio desse sistema, o eleitor vota no partido, que define uma lista preordenada dos nomes que serão eleitos. Hoje, o eleitor vota diretamente em um candidato. A proposta dele é de que a eleição por lista ocorra nos pleitos de 2018 e 2022. A partir de 2026, o petista sugere a adoção de um sistema misto, com eleição por lista e voto distrital.
Para evitar o "caciquismo partidário", onde os dirigentes das legendas teriam total liberdade para estabelecer a ordem da relação de nomes apresentada nas eleições, o petista diz que a escolha vai ter que ser feita por meio de prévias, primárias ou convenções. "O partido vai ter que optar por um desses. Com isso a gente consegue dar uma resposta a uma preocupação que tem aqui na Casa e na sociedade do chamado 'caciquismo partidário', ou seja, não haverá espaço para um partido com um único dono", disse o relator.
No parecer, Cândido sugere também acabar com a reeleição para cargos de presidente, governador e prefeito, e instituir o mandato de cinco anos para esses cargos. Hoje, o tempo de duração do mandato desses políticos é de quatro anos, renováveis por mais quatro. Além disso, ele propõe separar as eleições de Executivo e Legislativo a partir de 2022. Neste ano, seriam eleitos apenas legisladores. No ano seguinte, a eleição seria apenas para prefeitos, governadores e presidente da República.
No relatório, o petista propõe ainda alteração na data das posses. Prefeitos e governadores tomariam posse no dia 9 de janeiro. No dia seguinte, seria a vez do presidente da República. Já vereadores, senadores, deputados federais e estaduais só seriam empossados no dia 1º de fevereiro. Atualmente, todos os políticos tomam posse no primeiro dia do ano seguinte ao da eleição.
Fundo eleitoral. Em relação ao fundo eleitoral, chamado de "Fundo da Democracia", Cândido propõe que a União destine R$ 1,9 bilhão para o primeiro turno das eleições e R$ 285 milhões para o segundo turno. Pela proposta, 2% desse montante seria dividido igualmente entre os partidos no primeiro turno e o restante proporcionalmente, de acordo com o tamanho das bancadas da sigla na Câmara. Atualmente, os recursos do Fundo Partidário são divididos 5% igual para todos os partidos e 95%, proporcionalmente.
No parecer, o deputado propõe que membros de cortes como STF, Tribunal de Contas da União (TCU) e dos Estados (TCE) e Superior Tribunal de Justiça (STJ), sejam indicados politicamente e que tenham mandato de 10 anos. Pela proposta, até mesmo desembargadores indicados por governadores pelo quinto constitucional teriam mandatos limitados. Hoje, a maioria dos integrantes dessas cortes tem mandato vitalício.
O relatório de Cândido será apresentado durante reunião da comissão especial da reforma política marcada para 14 horas desta terça-feira, 4. Pela manhã, o petista se reunirá com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e líderes partidários para discutir o texto. Muitos das propostas do relator enfrentam resistência tanto de partidos da base quanto da oposição, entre elas a adoção da lista fechada.
Instalada no ano passado, a comissão especial da reforma política na Câmara se reuniu poucas vezes. A discussão da necessidade de mudanças no sistema eleitoral, porém, ganhou força após o presidente Michel Temer se reunir com o presidente do TSE, Gilmar Mendes, e a cúpula do Congresso para debater o assunto. O diagnóstico é que a proibição das doações empresarias e a delação dos executivos da Odebrecht demonstraram a falência do atual sistema.

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Vendas de veículos sobem 5,5% em março e interrompem 26 meses seguidos de queda, OESP


A venda de veículos novos subiu 5,5% em março deste ano ante março do ano passado, para 189.143 unidades, informou a Fenabrave, associação que representa as concessionárias. O resultado interrompe uma sequência de 26 meses em que as vendas só caíram na comparação entre um mês e seu respectivo do ano anterior.

Foto: Washington Alves/Estadão
Veículos
Março foi apresentou melhor desempenho também por ter cinco dias úteis a mais
Em relação a fevereiro, houve alta de 39,4%, avanço impulsionado pelo maior número de dias úteis em março - cinco a mais. No primeiro trimestre, no entanto, o mercado ainda enfrenta queda, de 1,9%, para 472.004 unidades, entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus.
Nos segmentos de automóveis e comerciais leves, juntos, os emplacamentos somaram 183.850 unidades no terceiro mês do ano, expansão de 6,1% ante março de 2016. Sobre as vendas de fevereiro, o crescimento é de 38,8%. E no acumulado do primeiro trimestre, ainda contaminado pelas baixas de janeiro e fevereiro, o mercado tem retração de 1,1%, para 459.806 unidades.
Entre os caminhões, a venda atingiu 4.124 unidades em março, tombo de 14,4% em relação ao março de 2016, mas alta de 57,9% ante fevereiro. No acumulado do ano, a queda é de 25,5%. No caso dos ônibus, foram 1.169 unidades vendidas em março, baixa de 2,5% em comparação com igual mês de 2016, mas avanço de 80,6% em relação a fevereiro. O recuo de janeiro a março é de 24,5%.
A expectativa da Fenabrave para o ano inteiro, considerando todos os segmentos, é de expansão de 2,42% em relação a 2016. No ano passado, as vendas alcançaram 2,05 milhões de unidades.
Vendas para empresas. O crescimento do mercado de veículos novos em março só foi possível porque as montadoras elevaram suas vendas para clientes pessoa jurídica, como locadoras, produtores rurais e frotistas em geral. Isso significa que a demanda do consumidor pessoa física, também conhecido como cliente varejo, continua em queda.
Segundo a Fenabrave, as vendas registradas em março, considerando todos os segmentos, alcançaram 189,1 mil unidades, avanço de 5,5% ante igual mês de 2016. No entanto, em conta que soma apenas as unidades vendidas para o consumidor comum, houve queda de 7,1%, para 118 mil unidades, de acordo com levantamento obtido pelo Broadcast junto ao setor. Enquanto isso, as vendas para empresas subiram 36,2%, para 71,2 mil unidades.
Como resultado, a participação do cliente pessoa jurídica no mercado total subiu para 37,4% em março deste ano, de 29,2% em março do ano passado. A proporção do consumidor pessoa física, por sua vez, caiu de 70,8% para 62,6%.
No encerramento do primeiro trimestre, as vendas totais somaram 472 mil unidades, retração de 1,9% em comparação com igual intervalo de 2016. Entre os clientes pessoa física, os emplacamentos caíram 12,2%, para 310,2 mil veículos. Por outro lado, entre os que são pessoa jurídica, houve expansão de 26,5%, para 161,8 mil. A participação do consumidor comum, portanto, caiu de 73,4% para 65,7%, enquanto a das empresas subiu de 26,6% para 34,3%.
Segundo avaliação de parte do mercado, o crescimento das vendas entre empresas é resultado de uma política mais agressiva de preços por parte das montadoras, que oferecem desconto para eliminar estoque. O nível de veículos encalhados nos pátios das montadoras e das concessionárias, segundo a Anfavea, subiu em fevereiro para 205,5 mil unidades, de 187,7 mil em janeiro. O número de dias necessários para eliminar o estoque também avançou, de 39 dias em janeiro para 42 dias em fevereiro. 

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