terça-feira, 1 de outubro de 2024

União Europeia informa que não vai adiar implementação da lei anti desmatamento, O ECO

 

A União Europeia (UE) informou, esta semana, aos membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) que não adiará a aplicação de sua regulamentação sobre desmatamento. O anúncio foi feito em meio a objeções de grandes exportadores agrícolas, incluindo o Brasil. O assunto foi discutido durante a reunião do comitê de agricultura da OMC, realizada nos dias 25 e 26 de setembro em Genebra, na Suíça. A Regulamentação Anti-Desmatamento da União Europeia (EUDR, na sigla em inglês), está prevista para ser implementada a partir de 30 de dezembro de 2024.

A União Europeia argumenta que o adiamento exigiria mudanças legislativas e não proporcionaria previsibilidade jurídica aos operadores. 

No dia 11 de setembro, o governo Brasileiro enviou uma carta à cúpula da UE pedindo que a legislação não seja aplicada ao final deste ano. No documento, os membros do Executivo brasileiro alegam que a medida é  “unilateral e punitiva”, viola as regras multilaterais de comércio e encarece custos da produção rural.

“O Brasil é um dos principais fornecedores para a UE da maioria dos produtos objetos da legislação, que correspondem a mais de 30% de nossas exportações para o bloco comunitário. De modo a evitar impacto em nossas relações comerciais, solicitamos que a UE não implemente a EUDR a partir do final de 2024 e reavalie urgentemente a sua abordagem sobre o tema”, diz o documento, assinado pelos ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

Na semana seguinte ao envio da carta, dia 16 de setembro, organizações da sociedade civil brasileira que integram a rede do Observatório do Clima enviaram à presidente da Comissão Europeia, Ursula Van der Leyen, uma nota de resposta ao comunicado dos ministros de Lula, argumentando que o documento “sabota a liderança climática do Brasil”.

“É inadmissível que, com o país inteiro em chamas e às portas da COP30, autoridades do governo brasileiro se comportem como porta-vozes de parte de um setor da economia bastante implicado na perda de biodiversidade e nas mudanças climáticas para defender que a UE atrase a implementação da legislação, o que, em última análise, prejudica o próprio agronegócio brasileiro”, diz a nota do OC.

EUDR

A EUDR determina que importadores europeus de uma série de commodities, como carne, soja, couro e madeira, façam uma auditoria em seus fornecedores para que nenhum produto produzido em área desmatada – legal ou ilegalmente – após dezembro de 2020 entre no mercado europeu.

Além disso, os produtos devem ser produzidos de acordo com as leis e regulamentações do país de origem e os exportadores devem cumprir requisitos de due diligence, com uma declaração de conformidade, confirmando que foram tomadas medidas necessárias para garantir o cumprimento da nova legislação.

A EUDR enfureceu o setor, que alega que a lei tem intenções protecionistas e não ambientais. Para Camila Trigueiro, analista de pesquisa do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), no entanto, o não cumprimento da norma pode implicar sérios danos ao Brasil, incluindo o reputacional.

“Ainda que não esteja entre os maiores importadores de carne bovina brasileira, a União Europeia é a que paga melhor a tonelada exportada. O não cumprimento da UEDR implica em perder nosso melhor pagador e representa um grande risco reputacional. Se não conseguirmos atender a EUDR, significa que não conseguiremos atender a critérios mais rigoroso, o que nos faria perder, indiretamente, também outros mercados”, disse, em entrevista a ((o))eco.

Para o OC, ao contrário do que argumentaram os ministros brasileiros na carta enviada à União Europeia, o Brasil tem plena capacidade de se beneficiar da legislação. “[A UEDR  apenas implementa algo com que [o Brasil]  já se comprometeu – de forma soberana, por reconhecer que o desmatamento é ruim para o país, e temos áreas degradadas em quantidade suficiente para multiplicar a produção agropecuária com mais tecnologia, produtividade e valor agregado, sem necessidade de nenhum desmate”.

segunda-feira, 30 de setembro de 2024

As bitucas que emporcalham as cidades, Vicente Vilardaga, FSP

 Vicente Vilardaga

São Paulo

Bitucas de cigarro jogadas no chão são uma praga ambiental. Mesmo pessoas que costumam cuidar de seu lixo se liberam tranquilamente para lançar suas baganas em qualquer lugar, como se fosse um mal menor. Seja nas grandes cidades, seja nas pequenas, esse comportamento se repete. É algo universal. Há uma inconsciência geral sobre o problema e sobre suas consequências para a natureza.

Mundialmente, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), existem 1,6 bilhão de fumantes e, de acordo com a ACT (Autoridade para as Condições de Trabalho), cada um deles joga, em média, 7,7 bitucas por dia nas ruas.

Isso significa que 12,3 bilhões de guimbas são descartadas todos os dias emporcalhando as cidades e mostrando que a maioria dos tabagistas é irresponsável e desleixada.

Imagem de uma guimba de cigarro sobre um bueiro na Vila Madalena: irresponsabilidade e desleixo

No Brasil, o ato de jogar bitucas nas vias públicas se naturalizou. Por aqui, segundo a PNS (Pesquisa Nacional de Saúde), de 2019, há 26,9 milhões de fumantes, 12,6% da população, o que representa sete pontos percentuais a menos do que a média mundial. Mas considerando as 7,7 baganas lançadas por fumante todos os dias chega-se ao estratosférico número de 207,1 milhões. Desse total, cerca de 13,8 milhões sujam o município de São Paulo.

Basta andar pelas ruas para constatar que a situação é grave. Elas estão em toda parte, principalmente diante de bares e lugares de grande aglomeração onde não há cinzeiros disponíveis para os fumantes.

É bom saber que o tempo de degradação de um filtro jogado no asfalto ou num canteiro é de até dez anos. A maioria deles é feita de acetato de celulose, material de difícil degradação.

Outro problema é que o cigarro contém mais de 4,7 mil substâncias tóxicas, incluindo nicotina, monóxido de carbono, amônia, arsênico, pólvora, solventes como benzeno e metais pesados como acetato de chumbo, cádmio e níquel, entre outros.

Todos os dias são lançadas 13,8 milhões de bitucas nas ruas do município de São Paulo

Os filtros de cigarro contaminam o solo e também córregos, rios e mares. Em termos de impacto ambiental sobre as águas e a vida aquática ele é tão destrutivo como sacolas e canudos de plástico, podendo causar intoxicação ou a morte de peixes, tartarugas e aves.

Durante as estações secas, segundo informações da Semil (Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística) do governo do estado de São Paulo, as bitucas se transformam num risco sério e imediato. Lançadas inadvertidamente nas estradas são capazes de causar acidentes de grandes proporções e muitos prejuízos financeiros.

As baganas acesas são uma das principais causas de incêndios florestais, que destroem a vegetação e, por causa da fumaça, reduzem a segurança dos motoristas em locais próximos das vias de rodagem. "É importante conscientizar a população sobre os riscos envolvidos", diz a Semil.

Frequentemente cigarros jogados na beira das estradas são causa de incêndios florestais

Não bastasse esse malefícios, as bitucas vão para nos bueiros e também causam obstrução dos sistemas de drenagem e favorecem o alagamento de áreas urbanas. Sem contar que agravam a poluição visual e podem expor as pessoas, em especial as crianças, a substâncias químicas nocivas.

A lista de danos causados por um simples lançamento de uma bagana na rua é extensa. Para combater o problema o primeiro passo é uma campanha de educação para conscientizar os fumantes de que eles devem apagá-la e colocá-la num recipiente ou no próprio maço de cigarro até encontrar uma lixeira ou um cinzeiro disponível.

Estabelecimentos comerciais também deveriam manter sempre cinzeiros na calçada para que os transeuntes tenham onde colocá-las. Finalmente, é fundamental a manutenção de políticas antitabagistas, o que fará com que a quantidade de fumantes e de filtros descartados diminuam. Parar de jogar bitucas na rua é uma questão de consciência e civilidade. Além disso, serve para diminuir bastante o trabalho dos garis.

Dora Kramer - 'Direitas' entram em cena, FSP

 Brigas internas e divisões entre partidos sempre foram características da esquerda. Isso deu origem ao termo "esquerdas", falado como se houvesse mais de um lado esquerdo a se contrapor ao flanco direito.

Pois agora já se pode atualizar a imprecisão e permitir referência a "direitas". Junto à perda de inibição dessa banda em dizer seu nome em voz alta, surge nesse espectro ideológico o elemento da divisão.

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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em Campinas - Zanone Fraissat/ Folhapress

Hoje não é mais possível juntar todos sob a denominação de "bolsonaristas". Jair Bolsonaro (PL) tirou esse pessoal do armário, mas nem por isso ficou dono de toda a mobília da casa.

As "esquerdas" se abrigam sob a marquise de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas as "direitas" não se mostram confortáveis todas só ao abrigo do guarda-chuva do ex-presidente, hoje um inelegível à procura de anistia.

Na contestação à liderança de Bolsonaro temos, ao contrário do que ocorre com a esquerda em sua submissão ao petista, brigas de gente grande por esse eleitorado.

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Na esfera caricata, Pablo Marçal (PRTB), candidato a prefeito de São Paulo. Fora do contexto circense, uma penca de governadores se apresenta como possibilidades à disputa em 2026. Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, e Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, e outros três ou quatro menos considerados/votados.

Na briga interna, certo de que o PT não é páreo muito perigoso na corrida pela conquista de prefeituras, o PL deixa Lula de lado e se volta contra o PSD de Gilberto Kassab, homem forte de Tarcísio.

São, por enquanto, quatro os embates entre eles. Além da corrida por prefeituras há as divergências em torno da presidência da Câmara dos Deputados, das propostas de impeachment do ministro do STF Alexandre de Moraes e da ofensiva por anistia aos condenados do 8 de janeiro.

Nos palanques, principalmente digitais, Caiado vira "covarde", Tarcísio de Freitas um inadmissível moderado e o inelegível Bolsonaro um rendido ao "sistema".

A sorte das "direitas" é que as "esquerdas" vivem de um passado que já passou.