domingo, 2 de agosto de 2020

Honda Energy inicia expansão de parque eólico no litoral gaúcho, Canal energia

A subsidiária elétrica da Honda Automóveis do Brasil, Honda Energy, iniciou as obras de expansão do parque eólico da marca, localizado na praia de Xangri-Lá, no Rio Grande do Sul. Com a construção de mais uma torre, a empresa ampliou para dez o número de aerogeradores, passando a suprir a demanda energética de sua segunda fábrica de automóveis, em Itirapina (SP), com energia limpa e renovável.

A previsão é que as obras de construção civil e a instalação do aerogerador, fabricado pela Vestas, sejam concluídas no segundo semestre de 2020. Com uma potência de geração cerca de 23% superior, o novo aerogerador (modelo V136 — 3,8 MW) é mais alto e possui um maior diâmetro das pás, quando comparado aos modelos atuais, com longitude de 68 metros. Em seu ponto mais alto, o conjunto alcançará 180 metros de altura.

Alinhado aos esforços para a concretização de uma sociedade livre de carbono, a Honda Energy alcançou, no último ano, o marco de 69 mil MWh de energia gerada. Em cinco anos desde sua inauguração, o projeto contabiliza mais de 366 mil MWh de energia limpa produzida, o que permitiu a produção sustentável de mais de 640 mil automóveis e evitou a emissão de 30 mil toneladas de CO2.

Empresas apostam em energia renovável, OESP

Renée Pereira, O Estado de S. Paulo

02 de agosto de 2020 | 05h00

Num movimento semelhante ao que ocorreu nos anos 90 e 2000 envolvendo hidrelétricas, grandes consumidores de energia estão investindo em complexos eólico e solar para se tornarem autoprodutores. O objetivo é ter usinas próprias para suprir sua demanda. Desta vez, no entanto, não é só o fator econômico que pesa na decisão do investimento. O apelo sustentável das fontes de energia a cada dia ganha mais relevância na estratégia das empresas de serem mais “verdes”.

Nesse grupo, estão grandes corporações como Anglo American, Vale, Tivit, Vulcabrás e Honda, entre outras. Algumas dessas empresas já eram autoprodutoras, sobretudo com hidrelétricas, mas não com eólica e solar – vista durante anos apenas como energia alternativa. Ao longo do tempo, com a evolução tecnológica e barateamento do preço dos equipamentos, as duas fontes cresceram no País e estão mudando a matriz elétrica brasileira.

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Seguindo determinação da matriz, a Honda construiu um complexo eólico para abastecer suas fábricas no País Foto: Honda/Divulgação

Esse amadurecimento permitiu novos projetos de autoprodução de energia, que estavam adormecidos desde meados dos anos 2000. Uma das explicações está na dificuldade para construir hidrelétricas no País, ainda principal fonte de autoprodução, diz o presidente da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia (Abiape), Mário Menel. “Por causa da pressão internacional contra as usinas, os investidores recuaram. Agora estão indo, especialmente, rumo às eólicas”, afirmou ele.

Ao contrário do passado, quando as empresas construíam suas próprias usinas e arcavam com o risco da construção, agora há opções que eliminam esses problemas. A Casa dos Ventos, empresa responsável pelo desenvolvimento de um terço dos projetos eólicos em operação e em construção no País, tem desenhado soluções diferenciadas para as empresas.

Num primeiro momento, elas firmam um contrato com a companhia para explorar um determinado potencial eólico. Quando o projeto estiver concluído, ela terá a opção de se tornar acionista do empreendimento e virar autoprodutora. “Há uma tendência crescente pela energia eólica tanto pelo viés econômico como pela agenda verde”, diz Lucas Araripe, diretor de Novos Negócios da Casa dos Ventos.

Corporativos

Os contratos que estão sendo firmados agora são do complexo Rio do Vento (504 MW), no Rio Grande do Norte, cujos investimentos somam R$ 2,4 bilhões. O projeto foi dividido em oito Sociedades de Propósito Específico (SPE) – sendo um parque eólico para cada –, de forma a permitir um número maior de empresas dentro de um mesmo empreendimento. A companhia desenvolve outro projeto de 350 MW na Bahia e projeta expansão de Rio do Vento (500 MW), também mirando contratos corporativos de longo prazo.

Dos oito parques de Rio do Vento, três – ou 195 MWs – estão contratados pela mineradora Anglo American. “Trata-se da primeira experiência em autoprodução do grupo no mundo”, diz o gerente global de energia e utilidades da multinacional, Alfredo Duarte. Ele explica que a energia é um fator importante de custo para a empresa. Na produção de níquel, representa 30% do custo; e na de minério de ferro, 20%.

Por isso, o grupo decidiu desenvolver uma gestão energética inovadora. Segundo o executivo, até 2022, 70% da energia consumida pela mineradora será proveniente de energia solar e eólica. Isso deve ajudar a Anglo American a alcançar a meta mundial de reduzir em 30% as emissões de carbono até 2030, diz Duarte.

A combinação entre redução de custo e sustentabilidade também levou a Vulcabrás Azaleia a fechar parceria com a Casa dos Ventos para se tornar autoprodutora. O contrato, de 7 MW médios, vai abastecer 99% do consumo da empresa, reduzir em 25% o valor da conta de luz e diminuir as emissões em 27 mil toneladas de CO2 (dióxido de carbono) por ano, diz Luiz Otávio, gerente de QSMS (Qualidade, Segurança, Meio Ambiente e Saúde) da Vulcabrás Azaleia. Segundo ele, projetos sustentáveis também trazem resultados positivos financeiramente.

No caso da montadora japonesa Honda, o principal objetivo ao decidir construir um parque eólico no Rio Grande do Sul foi atender a uma determinação do presidente mundial da empresa, que definiu inicialmente uma redução de 30% das emissões da empresa de CO2 até 2030 (esse número foi elevado para 50% até 2050). Na ocasião, a unidade brasileira começou a estudar maneiras para cumprir a meta, diz o presidente da Honda Energy, Otavio Mizikami, vice-presidente industrial da Honda Automóveis. 

Segundo ele, após muita análise, verificou-se que a energia eólica seria a mais viável para alcançar o objetivo. A empresa construiu o parque Xangri-lá, de 27 MW, que abastece as fábricas de automóveis e os escritórios da empresa. Com a nova unidade de Itirapina (SP), a montadora decidiu ampliar o parque e colocar mais uma torre, de 3,8 MW. 

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Drauzio Varella Talvez a consequência mais nefasta do ódio seja o aparecimento do populista, FSP

Ódio é uma emoção duplamente negativa. Quando se expressa, faz mal contra quem se dirige, enquanto envenena aquele que o sente.

Na cadeia, tratei de uma moça que vou chamar de Maria, irmã mais velha de uma menina de 15 anos estuprada e esfaqueada na região genital pelo segurança de uma construção, que fugiu depois do crime. Maria ficou tão revoltada que largou o namorado, os amigos e abandonou o emprego de secretária para se dedicar, em tempo integral, à caça do estuprador.

Ilustração de homem segurando arma com a boca
Líbero

De manhã, saía da casa dos pais como se fosse para o trabalho e passava o dia pela cidade atrás de qualquer pista que pudesse levá-la a ele. A ideia de matá-lo tomou conta de sua vida de tal forma que nada mais a interessava, nem o convívio com os pais e os sobrinhos de quem era tão próxima. Chegou a dormir na porta de um armazém, à espreita do criminoso.

Finalmente, encontrou-o no café da manhã numa padaria. Seduziu-o com um sorriso. Marcaram encontro para o fim da tarde.

Depois de três cervejas, ela o convidou para o apartamento. Ao atravessarem uma área despovoada, tirou o revólver da mochila, obrigou-o a se ajoelhar, mostrou-lhe a fotografia da irmã e deu o primeiro tiro, deliberadamente contra o abdômen, de modo a apreciar a submissão e o desespero nos olhos do infeliz. Prolongou quanto pôde a agonia do homem suplicante. O tiro de misericórdia veio com um quê de frustração por dar fim ao sofrimento do desafeto.

Foi condenada a 12 anos. Estava presa havia quatro quando a conheci. Apesar de reconhecer os reveses da perda de um bom emprego e do convívio com a família, confessava não estar arrependida: “Se ele reencarnasse, eu faria tudo de novo”.

Odiar é uma doença contagiosa. Você, caríssima leitora, provavelmente sentiu ódio desse homem capaz de estuprar e esfaquear os genitais de uma criança de 15 anos. Fosse você a juíza do caso, talvez não tivesse aplicado a ela pena tão severa ou, quem sabe, considerado a absolvição a sentença mais justa.

A depender das condições, o ódio adquire características de epidemia que se dissemina pela vizinhança, pela cidade, por um país e até por um concerto de nações. Pode ser dirigido contra uma única pessoa, contra um grupo, raça, etnia, habitantes de um país inteiro ou de uma região do planeta.

Assim, os nazistas convenceram os alemães a aceitar como inevitável o extermínio de judeus, ciganos, crianças nascidas com malformações e os que manifestavam desacordo com as políticas oficiais.

É uma emoção aglutinadora: os inimigos de quem odeio estão do meu lado, se nos aliarmos teremos mais força para massacrá-lo. O ódio não admite hesitações, interpretações alternativas ou neutralidades, quem não estiver conosco é contra nós. Não existe espaço para empatia nem para o contraditório, entre os odiadores só há certezas.

Talvez a consequência mais nefasta dessa polarização seja o aparecimento do político populista. Seu talento maior está em identificar numa população as mágoas e as frustrações individuais para transformá-las em ódio, catalisador essencial para unir o povo contra os que serão apontados como responsáveis “por tudo o que está aí”.

O populista necessita da existência de inimigos, como a abelha da flor. Sejam eles imaginários ou personificados. É a lógica do ódio que assegura a submissão dócil dos liderados, esteio da sobrevivência do líder.

O presidente atual soube entender a insatisfação popular e desenterrou o cadáver do comunismo para interpretar o papel de inimigo do povo.

À menor crítica, o cidadão é tachado de comunista e execrado nas redes sociais.

A chegada da epidemia pôs mais lenha nessa fogueira, já que ofereceu a oportunidade de criar outro inimigo: a ciência. Distanciamento social, máscaras, testagem em massa, tudo tem sido contestado com afronta pelo próprio presidente e seus seguidores incondicionais. Medidas de saúde pública adotadas no mundo inteiro passaram a ser consideradas ações propostas por adversários empenhados em destruir a economia, subverter a ordem e matar os brasileiros de fome.

Chegamos ao disparate de politizar a indicação de um medicamento ineficaz no tratamento da doença: quem segue os caprichos do presidente tem que ser favorável à prescrição de cloroquina, ainda que seja tão ignorante em medicina quanto ele.

Drauzio Varella

Médico cancerologista, autor de “Estação Carandiru”.