terça-feira, 4 de setembro de 2018

Google está nos deixando menos inteligentes?, DW , FSP

Há 20 anos era fundada a empresa que revolucionou a internet e o conhecimento

Vinte anos após criação do mecanismo de busca, neurocientista explica como o cérebro humano lida com enxurrada de informações e como o gigante da internet contribui para a polarização de opiniões. Há 20 anos, em 4 de setembro de 1998, era fundada a Google. Com seu mecanismo de buscas de mesmo nome, a empresa revolucionou a internet e o conhecimento.
Em entrevista, o neurocientista, Dean Burnett, afirma que, duas décadas após o advento da Google, "parece ser verdade que muitas pessoas não passam mais tanto tempo focando a atenção em alguma coisa como costumavam fazer".
Página de pesquisa do Google
Há 20 anos, em 4 de setembro de 1998, era fundada a Google - REUTERS
Ao mesmo tempo, o especialista – que trabalha atualmente no Centro de Educação Médica da Universidade de Cardiff e é autor dos livros The Idiot Brain (O cérebro idiota, em tradução livre) e The Happy Brain (O cérebro feliz, em tradução livre) – aponta que, ao colocar mais informações à disposição, o Google força nossos cérebros a trabalharem para processá-las.
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O neurocientista comenta também o fenômeno da polarização online como resultado de uma tendência de se buscar informações que confirmem as próprias convicções.
O Google tornou as pessoas mais burras ao longo dos anos?
Dean Burnett – Não, não consigo ver como isso pode ter acontecido. O principal argumento que vejo a favor dessa visão é que as pessoas costumavam lembrar-se de longos ensaios, poemas ou peças e recitá-los facilmente, como era ensinado na escola.
Mas a capacidade de memorizar grandes blocos de texto não é um sinal de inteligência, e ser incapaz de fazê-lo não implica que alguém seja "burro". A inteligência depende de muitos fatores culturais e genéticos e, na maior parte do tempo, resume-se a como se usa a informação, e não à capacidade de memorizá-la.
O Google coloca à nossa disposição mais informações do que nunca, as quais estamos constantemente acessando. Portanto, há argumentos de que, na verdade, estamos nos tornando mais inteligentes, obtendo mais informações e fazendo nossos cérebros trabalharem para processá-las.
Como o Google afetou a nossa capacidade de concentração?
É difícil dizer alguma coisa sobre isso em termos concretos, já que o Google não existe há tempo suficiente para que possamos "desenvolver" uma resposta neurológica a ele. Portanto, nossos sistemas de vigília e atenção continuam, em nível neurofisiológico, os mesmos.
Mas parece ser verdade que muitas pessoas não passam mais tanto tempo focando a atenção em alguma coisa como costumavam fazer. Normalmente, o cérebro humano prioriza a novidade frente à familiaridade quando se trata de atividades estimulantes e agradáveis, e o Google permite que você acesse uma infinidade de novidades com um clique.
Assim as pessoas estão mais tentadas do que nunca a procurar algo mais interessante do que concentrar-se naquilo que está à sua frente. Tecnicamente, você pode aplicar isso à grande parte da internet, como Facebook e Twitter, e não apenas ao Google.
Como os cérebros humanos estão lidando com essa enxurrada de informações disponíveis no Google?
A maioria das pessoas não tem ideia da capacidade de nossos cérebros de filtrar informações a partir da imensa quantidade que se recebe. Nossos sentidos, por si só, fornecem mais informações ao cérebro do que jamais possamos esperar processar minuto a minuto, e o cérebro desenvolveu muitos mecanismos para filtrar, priorizar e lidar com tudo isso.
O mesmo pode ser dito das informações do Google, mas são um pouco diferentes, já que sua natureza é mais abstrata e cognitiva. Infelizmente, os métodos do cérebro para lidar com o excedente de informação nem sempre são ideais.
Há a tendência de confirmação, por exemplo, o processo em que priorizamos informações que apoiam o que já pensamos/acreditamos enquanto ignoramos qualquer coisa que não corrobora com nossa crença. Esse processo é disseminado e persistente, sustentando claramente grande parte da dificuldade e da polarização que vemos online, particularmente na esfera política.
Os seres humanos estão se tornando mais dependentes do Google?
Eu posso ver como isso pode se tornar um problema. As pessoas podem estar procurando acessar o Google demasiadamente, em vez de tentarem resolver algo por conta própria. Obviamente, isso varia de pessoa para pessoa.
No entanto, esse tipo de processamento de informações é apenas uma pequena parte do que fazem nossos cérebros. Por isso, é difícil imaginar como o Google pode vir a ter precedência sobre o cérebro num futuro próximo.
Como o Google mudou você?
O Google revolucionou minha vida de várias formas. Sou um escritor científico com uma resposta rápida. Para mim e para o que eu faço, é vital a capacidade de checar instantaneamente qual estudo disse o que ou se há dados publicados que apoiem minhas teorias, assim como a capacidade de encontrar contra-argumentos e assim por diante.
DW

Gilmar Mendes concede habeas corpus para ex-secretário de Alckmin, FSP

Preso desde junho, Laurence Casagrande Lourenço vai sair da prisão

Laurence Casagrande Lourenço, ex-diretor presidente da Dersa e ex-secretário do governo de Geraldo Alckmin, no dia em que foi preso
Laurence Casagrande Lourenço, ex-diretor presidente da Dersa e ex-secretário do governo de Geraldo Alckmin, no dia em que foi preso - Reprodução / G1
Preso desde junho sob suspeita de favorecer empreiteiras na obra do trecho norte do Rodoanel, Laurence Casagrande Lourenço, ex-presidente da Dersa e ex-secretário do governo Geraldo Alckmin (PSDB), vai sair da prisão.
O ministro Gilmar Mendes do STF (Supremo Tribunal Federal) estendeu a ele o habeas corpus que deu a Pedro da Silva, ex-diretor da Dersa. Silva foi solto no dia 28 de agosto.
Na época, o magistrado disse que não haviam elementos que permitiam presumir que, solto, Silva poderia causar risco ao processo e à aplicação da lei.
Lourenço foi denunciado pelo Ministério Público Federal sob acusação de fraude a licitação, associação criminosa e falsidade ideológica.
"Nestes tempos tristes em que impera a Banalidade do Mal, de que falou Hannah Arendt, em que se considera normal a manutenção no cárcere de um homem de bem e sem nenhum fundamento, é um alento receber a notícia sobre a decisão do ministro Gilmar Mendes", afirmou à coluna, por mensagem, o advogado de Lourenço, Eduardo Carnelós. 
Mônica Bergamo

À CPI da Alesp, secretário de Saúde de SP admite presença de dois servidores públicos em direção de OSS, G1


Por Lívia Machado , G1, São Paulo
 
Documento enviado à CPI pela secretaria estadual de Saúde  (Foto: Reprodução)Documento enviado à CPI pela secretaria estadual de Saúde  (Foto: Reprodução)
Documento enviado à CPI pela secretaria estadual de Saúde (Foto: Reprodução)
A secretaria estadual da Saúde de São Paulo admitiu, em documento enviado à Assembleia Legislativa do Estado, que dois servidores públicos da pasta ocupam cargos de direção na Santa Casa de Misericórdia de Assis, Organização Social responsável pelo gerenciamento de serviços de saúde no interior do estado.
“De sorte, houve uma Organização Social de Saúde (OSS), qual seja, Santa Casa de Misericórdia de Assis, que informou ter dois servidores públicos desta pasta compondo sua direção, fato que será devidamente apurado e encaminhado à Procuradoria Geral do Estado para análise e eventual prática de ilícito administrativo por parte do servidor”, diz o ofício.
Pela lei estadual, "nenhum servidor público pode exercer, mesmo fora das horas de trabalho, emprego ou função em empresas, estabelecimentos ou instituições que tenham relações com o governo, em matéria que se relacione com a finalidade da repartição ou serviço em que esteja lotado."
Em nota, a secretaria de Saúde afirmou que está prestando todas as informações solicitadas pela Assembleia Legislativa e está consultando a Procuradoria Geral do Estado (PGE) "se há qualquer irregularidade quanto a relação da servidora com a Organização Social de Saúde Santa Casa de Misericórdia de Assis. O outro servidor citado não possui vínculo com a pasta. A OSS informou à Secretaria que os dirigentes citados não são remunerados."
O texto diz ainda que a organização é parceira na gestão dos AMEs (Ambulatórios Médicos de Especialidades) de Assis e de Ourinhos.
As informações foram enviadas à CPI das OSS, que desde abril investiga irregularidades nos contratos e convênios da Prefeitura de São Paulo e do estado com Organizações Sociais de Saúde.
O ofício com a informação é uma complementação dos dados enviados pela pasta à Comissão após liminar da Justiça.
No dia 16 de agosto, a Justiça de São Paulo determinou que a Prefeitura de São Paulo e o estado forneçam à Assembleia Legislativa e à Procuradoria Geral de Justiça as informações relativas à remuneração individual dos dirigentes das Organizações Sociais de Saúde (OSS).
A divulgação é prevista na Lei de Acesso à Informação e em determinação recente do Tribunal de Contas do Estado, mas, segundo os deputados, não é cumprida pelas OSSs.
Ainda de acordo com os parlamentares, há denúncias de que dirigentes de OSSs receberiam remunerações superiores ao teto estadual, o que é ilegal.
Segundo apuração da CPI das OSS, empresas de médicos funcionários públicos do estado são contratadas pelas Organizações Sociais de Saúde para prestação de serviços. Em maio, relatório do Tribunal de Contas do Estado apontou 23 irregularidades nos contratos.