quarta-feira, 11 de abril de 2012

Álcool pode deixar cérebro mais 'ligado' para lidar com testes, diz pesquisa



Psicólogos americanos avaliaram desempenho de 40 homens para chegar à conclusão

11 de abril de 2012 | 6h 42
Uma pesquisa realizada por psicólogos da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, afirma que beber álcool em quantidades moderadas pode deixar o cérebro mais "afiado" para lidar com atividades que requerem criatividade.
Na pesquisa, alcoolizados responderam às perguntas mais rapidamente - Leonardo Soares/AE
Leonardo Soares/AE
Na pesquisa, alcoolizados responderam às perguntas mais rapidamente
O estudo foi feito com 40 homens de idades entre 21 e 30 anos recrutados de forma voluntária através do site Craigslist. Metade deles foram alcoolizados até atingir concentração de álcool no sangue de 0,075, que é acima do permitido para motoristas na maioria dos Estados americanos. Os demais continuaram sóbrios durante o estudo.
Em seguida, todos os 40 participantes foram submetidos a testes de Associações Remotas de Mednick (RAT, na sigla em inglês), que é uma forma simples e rápida usada por psicólogos para avaliar a solução de problemas criativos.
Os cientistas apresentam três palavras ao entrevistado - por exemplo, "mate", "cadeira" e "bule". O objetivo é encontrar uma palavra comum que possa ser associada a cada um destes termos, como a palavra "chá" (formando a palavra composta "chá-mate" e as expressões "chá de cadeira" e "bule de chá").
No caso da pesquisa feita pela universidade de Illinois, os psicólogos ainda pediram para que cada entrevistado explicasse como chegou à resposta correta - se foi através de algum método de associação ou se foi por um mero "lampejo espontâneo".
Os participantes que estavam alcoolizados conseguiram acertar mais vezes as respostas, do que os sóbrios. O índice de acerto entre as pessoas que haviam bebido era de 58%, em comparação com 42% dos que não tinham ingerido álcool.
Além disso, eles apresentaram respostas de forma mais rápida (12s para os alcoolizados, em comparação com 15s dos sóbrios) e com maior incidência de "lampejos espontâneos". Isso sugere que o álcool pode, em determinados casos, contribuir para que as pessoas encontrem respostas mais rápidas e de forma mais criativa.
O estudo feito pelos pesquisadores Andrew Jarosz, Gregory Colflesh e Jennifer Wiley foi publicado na edição de março de uma revista científica. Os autores do artigo dizem que o resultado é compatível com outros estudos, que sugerem que sonecas tiradas imediatamente antes de tarefas difíceis podem melhorar o desempenho do cérebro na busca por soluções criativas.
Outra pesquisa afirma que um grau menor de concentração também tem mesmo efeito no cérebro. Para os pesquisadores de Illinois, um grau moderado de alcoolização pode contribuir para "desconcentrar" o indivíduo, facilitando soluções criativas.
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Civita será convocado para CPI Cachoeira



Coluna Econômica - 11/04/2012

No final da tarde de ontem, o blogueiro Ricardo Noblat informou que foi aprovada a CPI Mista Câmara-Senado sobre o caso Carlinhos Cachoeira. Um dos primeiros convocados será o dono da Editora Abril, Roberto Civita.
O episódio, em si, deverá provocar mudanças substantivas no modo de fazer jornalismo. Mais do que uma ameaça à liberdade de imprensa, deverá fortalecê-la, na medida em que viabilizará a criação de órgãos de regulação – como o Conar, o conselho de auto-regulação do mercado publicitário.
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A aventura de Roberto Civita é imensamente mais grave que a de Rupert Murdoch – o magnata australiano que acabou com um jornal centenário na Inglaterra, por abusos contra direitos individuais. O jornal de Murdoch associou-se a setores da polícia para obter informações sigilosas de inquéritos e promover escutas contra celebridades.
Coube a um jornal concorrente, The Guardian, denunciar a trama. Como consequência, o jornal de Murdoch sofreu um enorme boicote de anunciantes e uma série de processos que culminaram na prisão de alguns dirigentes.
Por outro lado, o governo inglês promoveu mudanças significativas na regulação da mídia, por considerar que o órgão regulador (controlado pelos próprios veículos) não cumpriu seu papel.
Os tabloides ingleses já foram os mais execráveis periódicos de qualquer economia desenvolvida. Sem limites, foram exorbitando até bater nos limites legais. Daqui para a frente, certamente haverá um enorme avanço na qualidade da imprensa britânica.
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No caso de Civita, a parceria não foi com setores da polícia, mas com o próprio crime organizado, a organização criminosa de Carlinhos Cachoeira. O bicheiro ajudou a eleger o senador Demóstenes Torres. A revista Veja incumbiu-se de transformá-lo em político influente, através de uma série de matérias enaltecendo-o. Com o poder conferido pela revista, Demóstenes pressionava agências reguladoras, setores do governo, para medidas que beneficiassem Cachoeira.
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Não apenas isso. Em um dos trechos da Operação Monte Carlos, Cachoeira é flagrado falando da importância de dispor de jornalistas a seu serviço e anunciando, para breve, uma enorme reportagem sobre educação.
Em outro trecho, aparece acertando com o Secretário de Educação de Goiás um projeto de construção de escolas no padrão do modelo chinês. Pouco tempos depois, Veja publica uma matéria de capa enaltecendo justamente o modelo chinês e o modelo de construção de escolas.
Pode ter sido uma mera coincidência, pode ser uma parceria em um setor – a educação pública – em que tanto Cachoeira quanto Roberto Civita vem investindo. A CPI esclarecerá.
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Mas o trabalho de Civita, através da Veja, não ficou nisso. Quando a Polícia Federal deflagrou a Operação Satiagraha, Veja publicou um conjunto de capas inverossímeis, falsas, em defesa do banqueiro Daniel Dantas. Usou dossiês falsos para atacar Ministro do STJ que votou contra os interesses de Dantas.
Os métodos de Civita chegaram ao auge na reportagem sobre o falso grampo – que teria gravado conversa entre Demóstenes e o presidente do STF Gilmar Mendes – e no dossiê falso sobre contas de autoridades no exterior.

terça-feira, 10 de abril de 2012

PF apura fraude na venda de créditos ambientais


JOSÉ MARIA TOMAZELA - Agência Estado
A Polícia Federal está investigando um suposto esquema de venda de créditos ambientais gerado pelas áreas de Mata Atlântica do Estado de São Paulo em benefício de empresas, prefeituras, funcionários públicos e organizações não governamentais.
De acordo com denúncia protocolada na delegacia da Polícia Federal de Sorocaba, um grupo formado por advogados, ONGs e agentes públicos do setor ambiental convence os prefeitos de cidades com matas a criarem unidades de conservação (UCs), como parques e reservas. Em seguida, a gestão da unidade é transferida para uma ONG que vende créditos de carbono a empresas nacionais e estrangeiras a título de compensação ambiental. O valor total do negócio pode passar de R$ 1 bilhão.
A ação do grupo foca principalmente os municípios do Vale do Ribeira, região que concentra as maiores reservas de Mata Atlântica do Estado. Pelo menos 20 prefeituras já fizeram decretos visando à criação de reservas municipais. As áreas transformadas em parques incluem matas fechadas particulares ou da União, como territórios quilombolas e de comunidades tradicionais.
O simples decreto de utilidade pública da área basta para que o contrato seja firmado entre a ONG e as empresas. Ainda conforme a denúncia, as cotas correspondentes a um hectare de mata seriam vendidas por R$ 13 mil, sendo que R$ 11 mil ficariam com a ONG incumbida da gestão da unidade. Os R$ 2 mil restantes seriam divididos entre a prefeitura e a Secretaria Estadual do Meio Ambiente. Juntas, as áreas com decreto somam 200 mil hectares no Estado.
Decreto
Um dos casos citados na denúncia envolve a prefeitura de Apiaí, a 322 km de São Paulo. Em dezembro de 2011, o prefeito Emilson Couras da Silva (DEM) baixou decreto criando o Parque Municipal de Apiaí, com 18,5 mil hectares. O decreto foi baixado sem discussão prévia e houve protestos. O prefeito revogou a criação do parque, mas, em fevereiro, baixou novo decreto delimitando uma reserva biológica de 29 mil hectares. A assessoria de Silva informou que o objetivo é garantir a preservação da área para eventual criação de unidades municipais de conservação.
A prefeitura de Iporanga também declarou de utilidade pública uma área de 14,3 mil hectares. Com a mobilização de ambientalistas contrários à proposta, o decreto também foi revogado, mas a prefeitura editou outro, com área de 5,2 mil hectares, em fevereiro deste ano. A então secretária municipal do Meio Ambiente, Janayna de Oliveira, que se opôs à proposta, foi demitida.
Segundo o prefeito Ariovaldo da Silva Pereira (DEM), a criação do parque permitirá ao município se beneficiar do sistema de compensação da reserva legal, previsto no novo Código Florestal. A ideia consiste em desonerar o agricultor da necessidade de prover a reserva legal dentro de sua propriedade e averbá-la a uma área verde municipal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.