terça-feira, 8 de junho de 2010

Bem-vindo à casa do futuro

Dentro de algumas semanas, jovens estudantes de seis universidades públicas brasileiras começarão a colocar de pé aquela que promete ser a casa do futuro. Ela aliará em 42 metros quadrados de área útil desenvolvimento tecnológico, preocupação ambiental e beleza arquitetônica. Imaginada desde agosto de 2008, a Casa Solar Flex nasce com o objetivo de se tornar uma alternativa sustentável para tempos de aquecimento global. Sua autossuficiência em energia, obtida dos raios solares, poderá ser usada para alimentar a rede elétrica das nossas cidades e ajudará a reduzir a necessidade de fontes energéticas caras e poluidoras. 

A residência é resultado do trabalho de uma equipe multidisciplinar formada por alunos de graduação e pós-graduação de arquitetura, engenharia, design e marketing da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), da Universidade de Campinas (Unicamp), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Eles se uniram há dois anos depois de participar de um concurso no qual o desafio era pensar uma moradia ecologicamente correta, inovadora e capaz de ser instalada em diferentes tipos de climas e regiões. As melhores propostas foram reunidas num projeto único que originou a Casa Solar Flex. 
Concebida sob a supervisão de professores e especialistas, ela está dividida em três partes: uma área técnica, onde se concentram os elementos elétricos, hidráulicos e de ar-condicionado; uma segunda parte, em que ficam o quarto, a cozinha e o banheiro; e uma terceira, que compreende a sala de estar. Seu espaço interno pode ser moldado de acordo com as necessidades do morador e as paredes e móveis são feitos de madeira de reflorestamento. Na fachada, há painéis fotovoltaicos que captam os raios do Sol e produzem energia. Eles podem ser movimentados automaticamente de acordo com a incidência da radiação solar. No telhado, elaborado por uma das empresas patrocinadoras do projeto, encontram-se fixados mais painéis. No total, 64 placas são utilizadas, 48 somente na cobertura. Além de suportar o peso das placas, o telhado possui um sistema de passarelas que permite ao morador limpá-las com segurança – o acúmulo de poeira pode diminuir a eficiência de produção de energia dos equipamentos. 

No Brasil, ainda não existem painéis fotovoltaicos como os utilizados no projeto. Eles são considerados os melhores e mais caros do mercado. Lucas Sabino Dias, estudante da UFSC, diz que a casa foi concebida segundo a realidade climática europeia. Adaptada ao clima brasileiro, a residência não precisaria de placas tão eficientes, o que baratearia os custos. Estima-se que o valor de construção do metro quadrado da Casa Solar Flex seja de cerca de R$ 11 mil reais. “É importante lembrar que fizemos uma Ferrari da arquitetura”, afirma Arthur Lins, aluno da UFSC. “Utilizamos tecnologias de ponta e componentes de alto desempenho, muitos dos quais ainda não difundidos no mercado.” A Casa Solar Flex pretende, portanto, fornecer novos conceitos para a construção civil. 

Cada painel fotovoltaico utilizado no projeto produz 100 watts de energia por metro quadrado de área de placa – cada placa tem, em média, 2 metros quadrados. Essa eletricidade poderá ser injetada diretamente na rede de abastecimento das cidades. A empresa de distribuição de energia recebe a eletricidade gerada ao longo do dia pelos painéis e supre a casa nos momentos em que ela não produz nada. “Para isso funcionar no Brasil, é preciso haver uma regulamentação específica sobre a conexão de residências desse tipo com a rede”, diz Cláudia Andrade Oliveira, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e uma das coordenadoras do projeto. “Em um futuro nem tão distante, além de não pagar pelo consumo de energia, será possível até ganhar dinheiro com a casa”, afirma Lucas. Isso quer dizer que o morador poderá deixar de comprar energia elétrica e obter receita, o que já acontece na Europa.
Pioneirismo

Divulgação
EQUIPE MULTIDISCIPLINAR
Foto dos estudantes que participam do projeto da Casa Solar Flex tirada em setembro de 2009. Em pé (da esquerda para a direita): Vinicius Libardoni, Fernanda Antônio, Fernanda Kemeid, Yuri Kokubun, Ananda Galvão, André Nobre, Romullo Baratto, Arthur Lins, Caique Schatzmann, Erik Yassuo Yuki , Fábio Lofrano, Cauê Carneiro e Hugo Narumiya. Sentados (da esquerda para a direita): professora Cláudia Andrade Oliveira, Daniel Winnik, Lucas Dias, Gregory Valente, Suzana Bozza, Juliana Albuquerque, Diego Tamanini, André Montes, Andréa Haritçalde e Bruna Maurélio
Outras inovações do projeto estão nos sistemas de iluminação, controle de temperatura, água e esgoto. A casa é iluminada por um sistema de LED (chamado também de diodo emissor de luz, porque a emite quando energizado), em que é possível mudar sua tonalidade. O conforto térmico é mantido por meio de um aerogel, colocado dentro das paredes, por um sistema de ar-condicionado e pelo uso de vidros duplos preenchidos com um gás. Esse tipo de vidro é de baixa emissividade, deixando passar a luz e barrando os raios infravermelhos. No banheiro, é utilizado o vaso seco, sistema pouquíssimo comum no Brasil. Ele faz a compostagem dos dejetos que podem ser eliminados diretamente na terra, sem causar impactos no solo. A casa precisa ser alimentada pela rede de abastecimento de água, mas possui um sistema capaz de armazenar a água da chuva e realizar um tratamento mínimo. Para esquentar a água que sai do chuveiro e das torneiras, há dois painéis fotovoltaicos. 

Mais do que uma residência que agrega tudo o que há de high tech na construção civil, a Casa Solar Flex é um trabalho pioneiro no meio acadêmico brasileiro. Pela primeira vez, seis universidades públicas formaram uma equipe de estudos que pretende transformar o modo como as casas são pensadas no país. “Esse projeto é inovador porque partiu de uma vasta pesquisa de materiais que considerou o desempenho técnico, construtivo e de segurança conforme as regras da ABNT e da Norma Europeia”, diz Rúbia Eucaristia Barreto, doutoranda responsável pela área de gestão de risco. “Algo que não acontece normalmente.” 

Aliado a isso, está o ganho profissional dos estudantes. Os alunos, muitos deles de graduação, puderam vivenciar todas as etapas da concepção da residência, uma experiência que não teriam em suas faculdades. Para isso, deslocaram-se de seus Estados de origem até São Paulo, onde a casa será erguida, e participaram de um intercâmbio acadêmico na USP. “Aprendemos a desenvolver uma arquitetura mais eficiente do ponto de vista energético e que respeita o meio ambiente”, afirma Fernanda Antônio, estudante da UFRGS. “Uma experiência única em nossa trajetória profissional.” Agora que o trabalho chega a sua etapa final, os estudantes pretendem rodar com a Casa Solar Flex por diferentes Estados brasileiros e mostrar para a população como será morar bem e com consciência ambiental.
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Governo desenvolve maior projeto de água de reúso do Hemisfério Sul

fonte: Portal do Governo de S. Paulo

O governador Alberto Goldman apresentou o projeto Aquapolo, dedicado à produção de água de reúso para fins industriais, tendo como insumo o esgoto tratado. Capacitado para produzir mil litros por segundo (l/s) de água de reúso, o empreendimento, inédito no Hemisfério Sul e o 5º maior do mundo, abastecerá o Polo Petroquímico do ABC paulista.

Por meio de um contrato que se estende até 2043, e com investimentos de cerca de R$ 252 milhões, as obras foram iniciadas em abril e o fornecimento de água de reúso está previsto para começar 21 meses após a concessão de todas as licenças. Para levar a água de reúso gerada para o Polo Petroquímico, será construída uma adutora de aço com 17 km de extensão, que passará pelos municípios de São Caetano do Sul e Santo André até chegar ao Pólo em Mauá. Durante a fase de implementação, serão gerados cerca de 800 postos de trabalho.


"Nós vamos fazer muito mais do que isso, de maneira que, nos próximos anos, não tenhamos nenhuma preocupação em relação a água que nós precisamos. A água potável que nós precisamos nós vamos ter porque estamos reaproveitando bem a água que já estamos usando", disse o governador Alberto Goldman.

O projeto também contempla a construção de uma Estação de Tratamento Terciário em uma área de 15 mil m² dentro da ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) ABC, da Sabesp, localizada na divisa entre os municípios de São Paulo e São Caetano do Sul. Com isso, a oferta de água tratada para a Região Metropolitana de São Paulo será ampliada. O volume de água de primeiro uso que deixará de ser consumido pelas indústrias é suficiente para abastecer continuamente uma população de 350 mil habitantes, com capacidade para chegar a 600 mil, caso seja estendido a outros clientes.

Água de reúso

Embora não seja potável para beber, a água proveniente do tratamento de esgotos pode ser utilizada para resfriamento de equipamentos, limpeza de ruas, rega de jardins, geração de energia ou em outros processos industriais. Desde a década de 80, a Sabesp recicla a água nas próprias instalações.

Cada litro de água reutilizado corresponde a um litro de água disponível para o abastecimento público, contribuindo para a preservação dos recursos hídricos, bem como redução de custos tarifários a prefeituras, comércio e indústria.

O volume disponível é armazenado e posteriormente retirado por caminhões- tanques ou distribuído por tubulações apropriadas. Atualmente, na Região Metropolitana de São Paulo, são reaproveitados 948 milhões de litros de água por ano. Os custos são reduzidos e variam de R$ 0,48 por mil litros para órgãos públicos e R$ 0,81 por mil litros para empresas privadas.

A primeira estação a oferecer água de reúso foi a de Jesus Neto, na região da Mooca, na capital. As prefeituras de São Caetano, Barueri, Carapicuíba, Diadema e São Paulo também compram a água de reúso para limpeza das ruas, após as feiras livres, rega de jardins.


Ganhos socioeconômico e ambiental

Para dar conta de sua demanda de água de 650 litros por segundo, a área em torno do Polo Petroquímico do ABC capta parte desse volume (500 l/s) do Rio Tamanduateí, tratando o recurso ETE própria. Outros 150 l/s são fornecidos pela rede de abastecimento pública, por meio das estações de tratamento de água (ETA's) Taiaçupeba e Casa Grande, da Sabesp.

Além do ganho ambiental, o Aquapolo proporcionará que o Governo do Estado, por meio da Sabesp, aumente a oferta de água tratada à população da Grande São Paulo. Além de fornecer água de melhor qualidade que o efluente tratado no Rio Tamanduateí, o Aquapolo fará com que o Polo Petroquímico deixe de captar água de suas fontes atuais, economizando mensalmente um volume de 1,684 bilhão de litros de água, o que corresponde a mais de 670 piscinas olímpicas.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Pelo ambiente vale tudo, até virar síndica

Marina Person criou coleta seletiva em seu prédio e só consome orgânicos
19 de maio de 2010 | 10h 14

Alice Lobo - Especial para O Estado de S. Paulo
Não é só no seu programa Viva! MTV que a apresentadora Marina Person fala sobre qualidade de vida e o futuro do planeta. Ela pratica o que prega dentro de casa. Há dois anos, candidatou-se a síndica de seu prédio, indignada com o fato de o condomínio não ter um programa de reciclagem de lixo. “Durante uns dez anos eu reciclei na cooperativa Coopamare. Separava e levava tudo no carro até lá.”


Kelly Fuzaro/MTV
Eleita síndica, Marina comprou lixeiras para lixo reciclado e fez uma parceria que garante o recolhimento do material toda semana. Mas não parou por aí. “O pessoal da limpeza usava aquela máquina d’água de alta pressão para limpar o chão. Proibi. Os faxineiros têm de varrer com vassoura. Só podem jogar um pouco de água na calçada se tiver muito xixi de cachorro”, diz. “A Sabesp devia multar quem usa água para limpar a calçada. Fico mal de ver isso.”

Dentro de casa, as exigências são ainda mais rígidas. Além da reciclagem e da economia de água, Marina divide o carro com o marido ou anda a pé.

A apresentadora come basicamente produtos orgânicos, a maioria deles entregues por um serviço de delivery. As exceções ficam para frutas como a melancia: Marina diz que nunca conseguiu encontrar um fornecedor orgânico. “Se alguém souber onde tem, me avisa.”

O maior dilema de Marina à mesa são as carnes. “Faz muito tempo que não tem carne vermelha em casa”, diz a apresentadora, que era uma carnívora assumida. Frango então, nem se fala. “Tem gosto de remédio e hormônio e ninguém me tira isso da cabeça. Só como se eu estiver em algum lugar muito formal e não tiver jeito.”

Para seu desgosto, o consumo de peixe, teoricamente um produto saudável, também tem implicações ambientais. “A forma como estão pescando é horrível. As redes pegam tudo do fundo do mar e se aproveita muito pouco do que se pesca.” Carne de soja pode ser uma opção? Ela torce o nariz. “Eu odeio, carne de soja é horrível.”

Na cartilha verde de Marina, outros vilões são os mercados. “O que eu acho mais grave é a quantidade de embalagens. Eu fico reclamando, acho que estou virando paranóica”, diz.

A apresentadora não se conforma com o fato de que, para vender frutas, verduras ou legumes, os mercados usem uma bandeja de plástico ou isopor e depois ainda a envolvam com filme plástico. “Quando vou comprar, peço sem plástico e as pessoas não entendem. Eu escolho e levo tudo junto em um saco só até o caixa, que pesa e passa separadamente, mas depois coloca tudo junto de novo em uma só sacola.”

Marina reduziu o uso de sacolinha plástica em casa e tenta sempre reutilizá-las. E aboliu o uso de garrafas PET. “Desde sempre bebo água em caneca na MTV e carrego uma garrafinha reutilizável.”