Depois de ter zerado a fabricação de carros de passageiros em 2022 pela primeira vez desde 1997, a indústria ferroviária brasileira se recuperou parcialmente no ano passado e já projeta crescer neste ano.
As previsões são da Abifer (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária), que estima que serão fabricadas 45 locomotivas neste ano, o que representa um crescimento de 45,16% em relação às 31 comercializadas no ano passado.
Já os vagões para cargas devem crescer 25,89% no ano, passando dos 1.271 fabricados em 2023 para 1.600. Os carros de passageiros, por sua vez, devem manter neste ano a produção do ano passado –291 unidades–, número muito superior aos registrados nos anos anteriores.
Em 2020, foram 72, ante os 35 de 2021 e nenhum, no ano seguinte. Desde o início da série histórica, em 1971, somente em 1997 e em 2022 os fabricantes nacionais não produziram um carro de passageiros sequer.
"Agora nós temos exportações para Taipei, Bucareste e Santiago. A indústria de passageiros, que ficou 10, 12 anos sem encomendas e sem nenhuma atividade industrial a não ser nas áreas de manutenção, volta a ter um protagonismo. Nós teremos pelos próximos quatro anos, já a partir deste ano, inclusive, cerca de 250, 300 carros por ano, que é um nível bastante satisfatório", afirmou o presidente da Abifer, Vicente Abate.
O recorde na produção de carros de passageiros foi obtido em 2016, com 473 unidades.
Segundo Abate, linhas do metrô paulistano como a 8 e a 9 fizeram recentemente encomendas na indústria nacional, e há as exportações em andamento, o que ajuda a explicar as perspectivas para 2024.
Conforme o executivo, entre os projetos estão ainda o aeromóvel de Guarulhos, três lotes de dois carros cada produzidos pela Marcopolo Rail no Rio Grande do Sul e o leilão do trem entre São Paulo e Campinas, que deve contribuir para o setor pensar efetivamente num crescimento em médio prazo.
O primeiro dos trens que ligarão a estação da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) aos terminais de embarque e desembarque do aeroporto de Guarulhos chegou ao local no dia 15 de março.
"Nós tivemos sérias dificuldades. A indústria ferroviária experimentou ociosidade da ordem de 90%, até 100% em alguns casos, que começa a ser diminuída na medida em que esses projetos começam a acontecer."
A capacidade instalada da indústria nacional atualmente, que foi ajustada com a baixa demanda dos últimos anos, é de 2.000 vagões, 150 locomotivas e 600 carros de passageiros.
"O setor é estratégico para o país, entendemos que isso tende a crescer ano a ano a partir de agora. Esperamos que com os projetos colocados a gente consiga ter previsibilidade e uma produção mais regular em longo tempo."
Em relação à produção de vagões cargueiros, a expectativa é que o setor cresça gradualmente nos próximos anos, até atingir uma média superior a 3.000 vagões/ano.
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