No dia de hoje, em 1964, circulavam pelo menos quatro projetos de Atos Institucionais. Todos previam cassações de mandatos e de direitos políticos. Um, por quinze anos. Outro, por cinco. Um terceiro simplesmente dissolvia o Congresso e as Assembleias Legislativas.
Em sua casa do Leblon, o jurista Carlos Medeiros Silva concluiu o projeto que lhe havia sido pedido pelo deputado Bilac Pinto. Pouco depois da meia-noite, Medeiros, Bilac e o deputado Pedro Aleixo foram à casa do general Castello Branco com o projeto. Castello mandou uma cópia ao general Costa e Silva, que repassou-o ao senador Auro de Moura Andrade.
Pela manhã, a Intelligence Agency entregou ao presidente Lyndon Johnson um relatório com um aviso:
"Cresce o medo, não só no Congresso, mas mesmo entre aliados da revolta, que a revolução tenha gerado um monstro".
No dia 8 de abril, Carlos Medeiros levou o jurista Francisco Campos (autor da Constituição do Estado Novo) ao gabinete de Costa e Silva. Discutia-se a legitimidade de um Ato Institucional.
"Chico Ciência" interveio. Disse que "os senhores estão perplexos diante do nada", tirou o paletó, pegou uma folha de papel almaço e, com sua letra miúda, escreveu o preâmbulo do Ato:
"A revolução se distingue de outros movimentos armados pelo fato de que nela se traduz não o interesse e a vontade de um grupo, mas o interesse e a vontade da Nação. A revolução vitoriosa se investe no exercício do Poder Constituinte".
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