quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

Deirdre Nansen McCloskey - Superabundância, FSP

 Todo mundo sabe que o crescimento demográfico é o principal problema que enfrentamos, certo? Afinal, é uma questão de bom senso. Em 1800 havia cerca de 1 bilhão de pessoas. Hoje há mais de 8 bilhões. A Terra é finita. Se a população cresce, precisamos alimentar as pessoas adicionais.

Então vamos queimar mais floresta amazônica para criar mais áreas de pasto para gado de corte. Vamos usar mais água doce dos recursos minguantes ao norte de São Paulo, esgotando a represa Jaguari. Condenada.

Passageiros caminham em estação movimentada em Seul, na Coreia do Sul - Jung Yeon-je/AFP

Todos os cientistas físicos e biólogos que você conhece acreditam nesse cenário fatídico, que inspirou, por exemplo, a esterilização compulsória na Suécia entre os anos 1920 e os 1970, a antiga política do filho único na China e as previsões tenebrosas do biólogo estudioso de borboletas Paul R. Ehrlich. Em 1968, em "The Population Bomb" (a bomba demográfica), ele declarou: "A batalha para alimentar toda a humanidade acabou. Centenas de milhões de pessoas vão morrer de inanição nas décadas de 1970 e 1980."

Nenhuma das previsões científicas de Erhlich se realizou. Hoje a Índia é exportadora de grãos. A taxa mundial de mortalidade caiu em mais de um terço desde 1968. Apesar do que lemos nos jornais, a desigualdade diminuiu em todo o mundo. Em 1960, 4 bilhões dos 5 bilhões de humanos consumiam míseros US$ 2 por dia. Agora esse número é 1 bilhão entre 7 bilhões.

As grandes crises de escassez de alimentos em larga escala praticamente desapareceram. Estamos suficientemente ricos para podermos fazer alguma coisa pelo ambiente. O crescimento demográfico se deu em paralelo com um aumento acentuado na produtividade.

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Por que está equivocada a ideia de que uma população maior nos empobrece? Bem, ela foi verdade em certa época. Deixou de ser quando Robert Malthus lançou "Principle of Population", um dos livros mais assustadores de todos os tempos. E equivocado.

Para descobrir a verdade completa e otimista, contrariando Malthus e Ehrlich, você precisa ler um livro de Marian Tupy e Gale Pooley, "Superabundance: The Story of Population Growth, Innovation, and Human Flourishing on an Infinitely Bountiful Planet" (Superabundância: a história do crescimento demográfico, inovação e florescimento humano num planeta infinitamente generoso).

Com prosa que prende a atenção e dados fascinantes, a obra mostra que mais pessoas, se liberadas, nos tornam mais ricos. Elas têm novas ideias para carros elétricos, captura de carbono e aplicativos de computador. E vêm fazendo isso desde 1798.

Então parem de se preocupar com o crescimento demográfico. E mandem traduzir "Superabundance" para o português.


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