domingo, 15 de dezembro de 2019

Como enfrentar o tio bolsonarista, FSP

Livro ensina a tornar produtivas conversas complicadas

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As festas de fim de ano estão chegando. Isso significa que, se a sua família ainda não implodiu por causa da polarização política, você deve se preparar para a celebração natalina em que vai encontrar aquele tio bolsonarista de raiz seguida pelo Réveillon na casa da sobrinha trotskista.
A solução ideal seria pegar um avião para Nova York ou algum outro destino internacional, criando assim uma boa desculpa para faltar aos encontros familiares. O problema é que o dólar está pela hora da morte.
Uma alternativa um pouco menos custosa --apenas US$ 7 no Kindle-- é adquirir um exemplar de "How to Have Impossible Conversations" (como ter conversas impossíveis), lê-lo e aplicá-lo nas festas.
"How to Have...", de Peter Boghossian e James Lindsay, é basicamente um manual de autoajuda. Os autores, um filósofo e um físico, juntaram técnicas da psicologia, da epistemologia e da negociação de reféns para produzir o que chamam de "guia muito prático" para que conversas sobre temas politicamente carregados como mudança climática, aborto, porte de armas etc. se tornem produtivas, ou, pelo menos, não tão destrutivas.
Há desde conselhos acacianos, como o de jamais disparar um email quando estiver com raiva, até os menos óbvios, como o de evitar trazer fatos para certas discussões. Frequentemente, seu adversário sustenta a posição que sustenta só para satisfazer sua autoimagem de indivíduo moral. Nesses casos, você não deve tentar demovê-lo abruptamente com um argumento factual ou estatístico, o que só reforçaria um entrincheiramento defensivo. O que de melhor você pode fazer nessas situações é plantar a semente da dúvida.
"How to Have..." é um livro instrutivo e fácil de ler. Mesmo que não seja tão eficiente para nos fazer vencer as discussões, serve para nos chamar a atenção para erros que inevitavelmente cometemos ao nos embrenhar nessas conversas impossíveis.
Hélio Schwartsman
Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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