Não vem da esquerda brasileira, sem poder e com baixa mobilização, o desafio iminente à democracia representativa
As redes sociais talvez tenham exposto e explorado, como nenhuma outra tecnologia na história, a propensão ao tribalismo arbitrário do ser humano.
A esquerda nos países democráticos defende a liberdade de estilos de vida, mas apoia intervencionismos na economia. Simpatiza com regimes estrangeiros autoritários que matam e reprimem em nome do igualitarismo econômico.
A direita, em contraponto, associa a militância pela livre iniciativa com pregações reacionárias nos costumes. No exterior, seus tiranos de predileção são os que esquartejam adversários, mas deixam rolar os negócios.
A ressurgência do nacionalismo de direita começa a embaralhar essas cartas. Ele toma da esquerda o discurso da intrusão no domínio econômico e o associa a seu programa de intolerância comportamental.
O que era uma simpatia algo exótica por autoritarismos de ultramar começa a ser adaptado para a política doméstica. Que tal um pouquinho menos de liberdade civil em troca de um pouquinho mais de crescimento aqui no nosso cercadinho?
O que era uma simpatia algo exótica por autoritarismos de ultramar começa a ser adaptado para a política doméstica. Que tal um pouquinho menos de liberdade civil em troca de um pouquinho mais de crescimento aqui no nosso cercadinho?
O capeta não teria preparado uma emboscada tão poderosa contra a democracia representativa. O ardil convida a tribo do lado de lá a também passar a oferecer um pouco mais de igualdade econômica por um pouco menos de prerrogativas civis.
A molecada em algazarra na Faria Lima parece que já topou o primeiro pacto. Não vai tardar até que a rapaziada do outro lado passe a flertar com o segundo.
Para evitar essa catástrofe, os liberais consequentes precisam denunciar os trogloditas. Ainda na campanha, bem antes de citar o AI-5, Paulo Guedes sugerira um dispositivo de aprovação expressa de leis no Congresso. Não é de hoje que costeia o alambrado.
Não vem da esquerda, alijada do poder de Estado e com profundas dificuldades de mobilização, o perigo iminente contra a democracia representativa no Brasil. Quem não enxerga isso está lutando a guerra do passado.
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