Empreendedorismo social usa as práticas de mercado para criar um negócio sustentável
Minha definição para empreendedorismo social é: risco privado e retorno público. A Editora Mol, vencedora do Prêmio Empreendedor Social 2018, distribui seu retorno para 49 ONGs.
Para os inconformados com as injustiças do sistema capitalista: o empreendedorismo social usa as práticas de mercado para criar um negócio sustentável cujo maior beneficiário é a sociedade. Seria muito melhor que os que gritam contra o neoliberalismo malvadão arregaçassem as mangas.
Há muitas boas iniciativas. A Escola Comum forma lideranças políticas de jovens das periferias. A Sona Cicle (a quem dei pequenas sugestões) conecta refugiados e empregadores em países europeus.
É óbvio que sempre haverá obstáculos (dificuldade de ganho de escala, por exemplo). Mas não é esse o ponto. Alguém está correndo risco para que todos ganhem. Quanto mais desses negócios, melhor.
Na outra ponta, de risco público e retorno privado, e estupefato pelos mais recentes acontecimentos na Hungria e na Polônia, recorri a Valerie Deacon, excelente historiadora especializada na Segunda Guerra Mundial: “Embora o fascismo seja notoriamente difícil de definir, seus governos compartilham certas características, como nacionalismo extremo, obsessão com o declínio da comunidade, militarização, vontade de usar a violência por meios políticos, a primazia de um líder e o limite à atuação da oposição”.
No caso húngaro, o governo criou uma lei específica para expulsar a Central European University, fundada por George Soros.
Na Polônia, o governo passou por cima da prefeita de Varsóvia, que cancelou uma marcha nacionalista dominada por simpatizantes de extrema direita. Nesses se inclui a Juventude Polonesa, organização homofóbica e xenófoba, que queima bandeiras da União Europeia e prega a Polônia para poloneses.
O presidente, que desenhou uma lei que tornaria crime escrever sobre a participação de poloneses no Holocausto, criou uma marcha com o mesmo percurso da original. A palavra fascismo tem um peso enorme, mas só podemos considerar um governo como verdadeiramente fascista quando usa as regras da democracia para subvertê-la.
Nosso sistema educacional está atrasado 50 anos. As crianças não conseguem aprender português e matemática, e tem gente preocupada com a doutrinação dos jovens. O Escola sem Partido é um retrocesso que já está nos custando muito —afinal, discutir seus deméritos demanda tempo e energia dos políticos e sociedade civil.
Em vez de criarmos políticas que realmente podem nos tirar da lanterna dos rankings mundiais de educação, perdemos tempo em papagaiada conservadora, criada por uma extrema direita paranoica com nossos professores de esquerda.
A iniciativa viola a Constituição brasileira (afinal, existe liberdade de cátedra), mas, mais importante, viola o bom senso. Pior ainda, foi criada por quem prega Estado mínimo, mas que, na hora de criar uma série de gastos públicos de monitoramento e processo contra professores, esquece suas crenças.
Meu livro “Economics of Global Business” (MIT Press) acabou de ser lançado. É o primeiro manual de macroeconomia para não economistas (graduação e MBA) a trazer exemplos de dezenas de países e incorporar mudanças climáticas a políticas macroeconômicas em linguagem não técnica.
No passado, eu diria que ele estaria nas melhores livrarias. Mas o melhor lugar para encontrá-lo é mesmo a Amazon.
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