domingo, 30 de junho de 2019

Travada há dois anos, ponte do Oiapoque inicia exportação, Painel FSP

Na esteira do acordo com UE, liberação de ponte é simbólica

SÃO PAULO
No momento em que o Brasil pavimenta ponte com a União Europeia no acordo do Mercosul, concretizado nesta sexta (28), uma outra via é liberada para um território francês. Na segunda (1º), deve ocorrer a primeira exportação brasileira à Guiana Francesa pela ponte sobre o rio Oiapoque.
Inaugurada há mais de dois anos, ela demorou para resolver suas questões aduaneiras. Porém, mesmo após a oficialização alfandegária no início de 2019, outro obstáculo impedia o comércio.
Despesa O alto preço do seguro de veículos inviabilizava as transações. O lado francês demandava uma cobertura obrigatória de um mês. Até que recentemente a exigência de tempo foi reduzida, baixando o custo. 
Carga pesada Um dos carregamentos levará máquinas e equipamentos para uma fábrica de biomassa em Saint-Georges de l’Oyapock. O outro abrange cosméticos, alimentos, higiene pessoal e  mais bens de consumo, segundo diplomatas. 
Saída É possível fazer a transação com transbordo. O caminhão vai até a ponte na fronteira, faz alfandegamento e passa as mercadorias por caminhão francês. 
Ponte que liga o Amapá, no Brasil, à Guiana Francesa
Ponte que liga o Amapá, no Brasil, à Guiana Francesa - Secretaria de Comunicação do AP
Demora Em 2008, ao se reunir com seu colega francês Sarkozy para tirar do papel a construção da ponte, Lula criticou a demora das obras, que se arrastava desde FHC e e Jacques Chirac.
Receio Apesar do clima de otimismo, o acordo entre União Europeia e Mercosul pode não resolver uma das principais travas à exportação brasileira. Segundo levantamento da empresa britânica de pesquisa YouGov encomendada pela Sage, de software, a incerteza política é o principal obstáculo segundo 41% das empresas brasileiras. ​
Entraves Fatores que podem ser facilitados com o acordo são menos citados pelos empresários. Entre eles estão os diferentes padrões de produto em outros países (27%) e incertezas quanto a compliance em cada local (26%).
Separados Na comunidade de criptomoedas e meios de pagamento, a Libra, moeda digital do Facebook, continua na pauta. Uma das principais dúvidas no setor está na ausência de chineses no consórcio global de 29 parceiros, que tem nomes como Visa e Uber. 
Mágoa Alguns veem como resposta da empresa de Zuckerberg às negativas que já recebeu ao tentar entrar na China. Outros, só como estratégia de preparação contra chinesas do porte do Alibaba.
Troféu Não se pode tirar o mérito do governo Bolsonaro na conclusão do acordo Mercosul-União Europeia nesta sexta (28), disse Paulo Skaf.
É gol O presidente da Fiesp releva o suspense formado na quinta (27) quando o francês Emmanuel Macron deu cartada ameaçando a negociação por causa do compromisso de Bolsonaro na questão climática. “O importante é que a bola entrou no gol. Muitas vezes tudo é pacífico, mas não se marca o gol. Ainda desconhecemos os detalhes, mas foi assinado o acordo que se vem buscando há 20 anos”, diz.
Paciência Skaf diz ter visto o desfecho com bons olhos, mas coloca ressalvas no prazo de percepção dos resultados. “Precisa ser assinado, depois traduzido em dezenas de línguas, aprovado em parlamentos. Isso tudo é um trabalho de um ou dois anos. Tem implantação gradual, que pode levar mais dez anos”, afirma.

Prosa
Retrato de Paulo Skaf, presidente da Fiesp
Paulo Skaf, presidente da Fiesp - Bruno Santos - 30.mar.19/Folhapress
“Falar que o acordo iniciou neste ano não é justo, mas não se pode tirar mérito [do governo Bolsonaro]. Ele começou há 20 anos, mas passaram governos que não concluíram"
Paulo Skaf
presidente da Fiesp, sobre o mérito de Bolsonaro na conclusão do acordo de Mercosul e União Europeia
com Igor Utsumi e Paula Soprana 
Painel S.A.
Jornalista, Joana Cunha é formada em administração de empresas pela FGV-SP. Foi repórter de Mercado e correspondente da Folha em Nova York.

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