O PT paga um preço alto ao carregar um candidato fantasma na etapa pré-eleitoral. Ao insistir na improvável participação de Lula na disputa, o partido afasta potenciais aliados, confunde eleitores e reduz seu peso na cena política cotidiana.
A percepção consolidada de que o ex-presidente terá seu registro negado torna absurdas as condições de negociação entre o PT e outras siglas.
Em uma reunião há três semanas, um dirigente do PSB tentou arrancar dos petistas o nome do substituto de Lula —já que a definição terá impacto sobre eleições locais. Um líder do PT respondeu o de sempre: o ex-presidente será candidato.
Ao ouvir o discurso, o socialista se irritou. Disse que era impossível fazer campanha para um político que não chegará às urnas, e que não daria um cheque em branco aos petistas em troca de apoio em seu estado.
O prejuízo dessa estratégia não convence o PT a apresentar outro candidato porque, segundo cálculos da sigla, o estrago é inevitável.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, explicou essa lógica de maneira pragmática: “Nossa base não vai ver automaticamente se aquela pessoa [outro candidato] vai conseguir efetivamente substituir o Lula”.
A tática envolve uma contradição em si. Os petistas querem manter viva a candidatura de Lula para evitar a desmobilização de seu eleitorado, mas a falta de um rosto presidenciável alternativo fragiliza a sigla.
Sem Lula, o PT perde fôlego em episódios como a greve dos caminhoneiros. Outros candidatos apareceram com suas ideias sobre a crise. O ex-presidente teve que se contentar com uma declaração sem sal de deputados que o visitaram na prisão.
Em 1º de junho de 2017, a Polícia Federal intimou pela primeira vez o coronel João Baptista Lima Filho, amigo e faz-tudo de Michel Temer. Há um ano, ele apresenta atestados médicos e se recusa a explicar suas relações empresariais e com o presidente. Os investigadores acreditam que ele tem muito o que falar.
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