Por Thuany Coelho
O projeto de lei que pretende proibir a exportação de gado vivo por portos de São Paulo será votado nesta terça-feira, 26, na Assembleia Legislativa do Estado. Uma decisão a favor do fim dos embarques pode reduzir a movimentação com países árabes, que em 2017 foram responsáveis por quase metade do faturamento com a exportação de animais vivos. “É um produto importante, principalmente para o Egito, que está preferindo comprar gado vivo em vez de somente carne”, afirma Michel Alaby, secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira. A opção é porque, dessa forma, o abate gera empregos e garante fornecimento de carne fresca no país árabe.
Ele diz que a proibição não é correta, pois, pelo que tem conhecimento, os animais são tratados de forma adequada no embarque e desembarque. “Mas é evidente que eu preferia vender mais carne congelada e resfriada, porque você cria mão de obra aqui, e se vende o gado vivo, não”.
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Enquanto não há definição, as exportações de bovinos vivos vêm crescendo. De janeiro a maio, cerca de 94,3 mil toneladas foram vendidas por um total de US$ 235,3 milhões, alta de 157,1% em volume e de 230,3% em faturamento ante o mesmo período de 2017, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic). Considerando apenas os países árabes, foram 26,46 milhões de toneladas (28,05% do total) e US$ 52,43 milhões em receita, sendo Líbano (10,62 mil toneladas) e Egito (7,73 mil toneladas) os maiores compradores. O tamanho do mercado para os árabes pode crescer no futuro também pela entrada da Arábia Saudita. Uma missão do país ao Brasil era esperada para maio para discutir essa possibilidade, mas acabou não ocorrendo. Com o fim do Ramadã este mês, espera-se que a visita possa ocorrer em julho.
Abate halal
A partir do ano que vem, é possível que a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira se torne a responsável por supervisionar os abates halal – feitos seguindo os preceitos do islamismo e exigência para as exportações de carnes para os países árabes. “A ideia é ser a única acreditadora, vamos aprovar e dar permissão às entidades que fazem abate halal. Mas ainda temos que aguardar a aprovação final”, explica Alaby.
A mudança pode dar mais credibilidade ao sistema e favorecer o aumento das habilitações de frigoríficos e exportações. “Se você não tem quem verifica se as condições dos frigoríficos e da própria entidade que faz o halal estão corretas, pode prejudicar um pouco a imagem. A ideia é que tenhamos um padrão e ele seja obedecido por essas entidades”. Hoje, cada agência usa um sistema diferente, segundo o secretário-geral da Câmara.
As exportações de carne bovina para os países árabes alcançaram 112,1 mil toneladas (US$ 382 milhões) de janeiro a maio deste ano, aumento de 38% ante 2017. O maior importador foi o Egito, com 61,75 mil toneladas, alta de 126% em relação ao ano passado. Destaque negativo foi a Arábia Saudita. Apesar de se manter como segundo principal importador, o país reduziu as compras em 39%, para 14,13 mil toneladas. “Isso pode ser um pouco de estoque represado no país”, diz Alaby.
Fonte: Portal DBO.
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