terça-feira, 8 de março de 2016

Nota do Coletivo de Luta pela Água - A Crise Hídrica Acabou?



A afirmação de Geraldo Alckmin de que “São Paulo não enfrenta mais problemas de

falta de água” não corresponde aos fatos e é mais uma manifestação do Governador

alienada da realidade lembrando o lamentável episódio de aceitar um prêmio de boa

gestão dos recursos hídricos quando as regiões mais populosas do Estado estavam

sob gravíssimas restrições de abastecimento.

A periferia continua sofrendo com a redução de pressão e o fechamento de registros,

segundo constatado em reportagens veiculadas pela imprensa após a declaração do

Governador. Estas medidas foram o principal fator de economia de água por reduzir

as perdas nos vazamentos das redes da Sabesp. Quando o abastecimento for

normalizado voltaremos a índices de perdas de um em cada três litros produzidos?

O problema é que a crise não serviu para que o Governo e a Sabesp mudassem a

forma de gerir o saneamento na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).

Nenhuma medida que se diferenciasse da prática anterior à crise foi tomada ou

anunciada.

A lógica que prevalece é a da transposição de bacias, das grandes obras ao invés de

estimular a o uso responsável e de fontes alternativas. As obras emergenciais foram

realizadas sem planejamento, sem licitação e com graves impactos ambientais.

Os contratos de demanda firme continuam vigorando. Não foi formulado um plano de

emergência/contingência sério, com participação da sociedade. A recuperação dos









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corpos d'água não aparece como alternativa. Ao contrário, foram suspensas as obras

de implantação de coletores para tratar os esgotos. Os municípios da RMSP, que

compram água no atacado da Sabesp não tiveram os volumes de água necessários

para o abastecimento dos usuários restabelecidos.

A prioridade do governo, nesse momento, é retomar a receita perdida no último

período e prestar contas aos acionistas retomando os altos lucros. Reduziu o

programa de bônus para quem

economiza água e manteve a multa para quem gasta acima da média. Cogita também

em aumentar novamente a tarifa.

Continuamos defendendo a criação de um programa estadual de cisternas, a criação

de um programa de incentivos fiscais para aquisição de equipamentos hidráulicos de

baixo consumo, distribuição de caixas d’água com participação dos movimentos

sociais, manutenção de campanha permanente de consumo consciente de água e a

elaboração de um plano de emergência/contingência para enfrentamento de crises

como a que vivemos.

Estamos longe de termos superado as dificuldades relacionadas ao abastecimento de

água na RMSP e o enfrentamento de crises só é possível com transparência e garantia

de participação da sociedade.

As afirmações do Governador Geraldo Alckmin são no mínimo temerárias e só

desestimulam a continuidade do consumo racional da água exercitado até agora pela

população.

08 de março de 2016

COLETIVO DE LUTA PELA ÁGUA

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