sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Veja os direitos dos trabalhadores nos feriados de novembro, FSP

 Júlia Galvão

São Paulo

Os feriados em dias de semana estarão de volta no mês de novembro após um período de cinco meses de espera. Desde maio, os brasileiros não contam com a sorte de folgar em um dia de semana e de emendar um feriado.

Agora, os trabalhadores terão a chance de folgar em três datas: No Dia de Finados (2), em um sábado; na data da Proclamação da República (15), em uma sexta-feira; e no Dia da Consciência Negra (20), em uma quarta-feira —a data será comemorada pela primeira vez como feriado nacional.

Os moradores do Rio de Janeiro também contarão com um feriado extra na capital carioca nos dias 18 e 19. A prefeitura da cidade tomou a decisão devido à cúpula de chefes de estado e de governo do G20. A decisão da prefeitura fará com que alguns trabalhadores aproveitem um feriado prolongado entre os dias 15 e 20.

A imagem mostra duas mãos segurando um passaporte azul sobre uma superfície de cor azul. O passaporte está em destaque, com a capa visível, e as mãos estão posicionadas de forma a apresentar o documento.
O último feriado nacional a cair em um dia da semana foi o de Corpus Christi, no dia 30 de maio - Gabriel Cabral - 5.out.2023/Folhapress

DIREITOS DOS TRABALHADORES

Peterson Muta, advogado trabalhista do L.O Advogados, afirma que se o trabalho realizado nos feriados não decorre de conveniência pública, como farmácias e postos de combustível, por exemplo; ou se não for considerado um trabalho essencial, ele é proibido.

Para aqueles que podem trabalhar nestas datas, a empresa deverá pagar o empregado com uma folga compensatória.

"Se o trabalhador for convocado a trabalhar em um feriado, ele deve receber uma compensação, que pode ser em forma de pagamento em dobro ou folga em outro dia, conforme o que estiver estipulado em convenção coletiva ou acordo de trabalho", diz o advogado.

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É comum também que as empresas de serviços essenciais (como na área da saúde, da segurança e do transporte) tenham escalas de trabalho com o oferecimento de compensações especiais, que podem variar conforme a legislação local e os acordos coletivos. Muta destaca, no entanto, que o trabalhador sempre terá direito a pelo menos uma folga semanal.

O trabalho aos feriados vem sendo alvo de debate com o adiamento constante da portaria 3.664, que prevê restringir o trabalho do setor comercial nessas datas.

COMO FUNCIONA O FERIADO NO SÁBADO?

No caso do feriado aos sábados, a decisão sobre aqueles que terão que trabalhar depende da jornada e da escala semanal de trabalho.

De acordo com Muta, os empregados que exercem seus cargos de segunda a sexta e que forem convocados para trabalhar em um sábado terão direito ao pagamento das horas trabalhadas com o adicional mínimo de 100% ou a uma folga que compense o dia de serviço.

"Para empregados cuja jornada regular inclui o trabalho aos sábados, o feriado não altera a remuneração, pois o descanso semanal já está garantido no domingo", diz o advogado.

Se o profissional for convocado a trabalhar no feriado em que ele deveria descansar, no entanto, ele deverá ser pago ou ter concedida uma folga compensatória.

TRABALHO AOS DOMINGOS

O trabalho aos domingos é permitido com base na lei 10.101/2000, que exige que o repouso semanal remunerado coincida com o domingo ao menos uma vez a cada três semanas.

No caso de funcionárias mulheres, a regra especial da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) de 1943, prevista no artigo 386, determina o revezamento quinzenal para atividade profissional da mulher aos domingos. As regras em questão devem ser mantidas em caso de feriados aos domingos.

EMENDAS

As emendas, apesar de sempre esperadas pelos trabalhadores, não se equiparam ao feriado previsto em lei.

O advogado afirma que elas funcionam como dias regulares de trabalho. É comum, no entanto, que algumas empresas realizem acordos de compensação, que permitem mais horas de trabalho em outros períodos para que o empregado não precise trabalhar nas emendas.

"Acordos dessa natureza podem ser firmados diretamente com o empregado ou mediante a participação do sindicato", diz Muta.

BANCO DE HORAS

As regras de banco de horas também costumam ser estipuladas entre o empregador e a empresa e podem contar com a participação do sindicato. Elas funcionam como um acordo no qual o pagamento de horas extras trabalhadas é substituído por folgas compensatórias ou diminuição de horas da jornada.

"Ou seja, em vez de receber em dinheiro pelo trabalho extraordinário, o empregado recebe a remuneração em forma de descanso", destaca o advogado.

É também possível que, no lugar do acúmulo de horas no banco, ocorra a liberação em dias úteis. A decisão costuma ser feita por meio de uma negociação coletiva.

Para aqueles que trabalharão em mais de um dos feriados, Muta explica que "estipula-se que o empregado terá direito ao dobro dos dias trabalhados, podendo, por exemplo, usufruir deste período por ocasião das férias ou em outro momento acordado entre as partes".

Acidentes com motos sobrecarregam o SUS e levam a perda de mobilidade, amputação e dor crônica, FSP

 

São Paulo

Sete em cada dez vítimas de traumas graves atendidas em hospitais com serviços de emergência são motociclistas, sendo que a maioria (53%) utiliza a moto para o trabalho.

É o que mostra um levantamento inédito da SBOT (Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia) feito em 45 instituições de saúde que atendem ao SUS (Sistema Único de Saúde). Esses traumas respondem hoje por 66% dos atendimentos ortopédicos que chegam a esses serviços.

A pesquisa mostra que 40% das fraturas são fechadas (o osso não fica exposto), e demandam um tempo de internação de até uma semana. Para fraturas expostas, que respondem por 18% dos traumas, esse tempo varia entre 8 e 15 dias.

Já os pacientes com politraumas (várias fraturas), que representam 10% do total, podem permanecer por mais de 14 dias internados e frequentemente precisam de cuidados de terapia intensiva.

Motocilistas respondem por quase 70% das vítimas de traumas graves no país - Rivaldo Gomes-25.nov.2019/Folhapress

As sequelas mais graves incluem perda permanente de mobilidade (8%) e amputações (3%), além de dor crônica em 39% dos casos.

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"Isso é gravíssimo, uma situação que vai marcar a vida dessas pessoas para sempre", afirma o ortopedista Fernando Baldy dos Reis, presidente da SBOT.

Segundo boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, entre 2011 e 2021, a taxa de internações de motociclistas subiu 55%, indo de 3,9 para 6,1 por 10 mil habitantes, com custo de R$ 167 milhões, apenas em 2021.

Baldy também chama a atenção para falhas de coordenação no atendimento de vítimas de traumas. Muitas vezes, as ambulâncias levam o acidentado para o hospital mais próximo e não para aquele especializado em traumatologia. Sem atendimento adequado, há um risco maior de sequelas e de mortes.

A alta demanda causada pelos acidentes sobrecarrega ainda mais os hospitais públicos já superlotados e subfinanciados, segundo a SBOT.

"São pacientes que ficam uma, duas semanas internados e são submetidos a várias cirurgias. São cirurgias caras, que utilizam pinos, hastes, placas e parafusos. É extremamente caro para o sistema de saúde. Isso sem contar os custos pessoais, como afastamento do trabalho ou até perda da condição laborativa", explica o médico.

São pacientes que ficam uma, duas semanas internados e são submetidos a várias cirurgias. São cirurgias caras, que utilizam pinos, hastes, placas e parafusos. É extremamente caro para o sistema de saúde. Isso sem contar os custos pessoais, como afastamento do trabalho ou até perda da condição laborativa

Fernando Baldy dos Reis

médico e presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia

O levantamento mostra que 47% das instituições ouvidas relatam déficit de equipamentos, materiais e profissionais. Essa sobrecarga também traz impactos diretos nos atendimentos eletivos e no tempo de espera para consultas e cirurgias.

"Praticamente 70%, 80% dos leitos hospitalares são ocupados por esse cenário catastrófico das emergências, em especial, os acidentes de trânsito com motos. Isso agrava a situação das cirurgias eletivas. As filas [de espera] são de anos", diz o médico.

Entre os mil motociclistas acidentados entrevistados no estudo da SBOT, 26,2% declaram pilotar sem habilitação. Mais de um terço (38,9%) admite cometer infrações no trânsito, como trafegar entre veículos, e 6,8% relatam ter sofrido acidentes nos últimos dois anos.

Para Baldy, o país deveria se inspirar em países como o Canadá e os Estados Unidos em que a pessoa não pode comprar uma motocicleta se não estiver habilitada. "Fazer um movimento nesse sentido já melhoraria bastante o aspecto de segurança."

Segundo o levantamento, a grande maioria (92%) dos motociclistas afirma usar capacete regularmente. "O capacete previne o dano encefálico, muitas vezes evita a morte na cena do acidente. Mas não previne as fraturas expostas, as fraturas de membros, que é o que mais impacta no sistema de saúde", diz Baldy.

De acordo com o boletim do Ministério da Saúde, embora a taxa de mortalidade de motociclistas tenha permanecido estável entre 2011 e 2021 (5,8 e 5,7 por 100 mil habitantes), a proporção os óbitos do total das mortes no trânsito aumentou, passando de 26,6% para 35,3%.

O perfil dos motociclistas mortos são homens (88,1%), negros (64,9%), de baixa escolaridade com 8 a 11 anos de estudo (39,6%) e jovens, com idade entre 20 e 29 anos (30,8%).

Para a SBOT, esses dados reforçam a necessidade de medidas urgentes, como campanhas de conscientização e maior fiscalização no trânsito, envolvendo diversos setores. O tema será debatido durante o congresso brasileiro da SBOT, que acontece entre 14 e 16 de novembro no Rio de Janeiro.

O evento também será palco para apresentações de inovações tecnológicas utilizadas para reduzir custos, filas e aprimorar o tratamento dessas vítimas.

projeto Saúde Pública tem apoio da Umane, associação civil que tem como objetivo auxiliar iniciativas voltadas à promoção da saúde