A expressão "problema social" não teria sentido para as pessoas antes da era moderna liberal ou estatista.
Nos anos 1700 e antes, se você tivesse um problema, como pobreza, escravidão ou poluição, a resposta que receberia seria: "Do que você está reclamando? Se você for uma pessoa boa, mesmo pobre, terá uma vida infinita no céu. Então carregue a sua cruz".
Entretanto, nos últimos dois séculos, o "problema social" explodiu. Hoje vemos problemas sociais por toda parte. A ruptura da família. O mau comportamento dos jovens. O último furacão.
Um dos primeiros problemas sociais a chamar a atenção, tanto no seu país como no meu, foi a escravatura.
Anteriormente, ninguém pensava na escravatura, enquanto sistema, como um "problema". Se você fosse escravizado, o problema era seu, aquele era o destino dado por Deus. Muito ruim. Mas o sistema em si não era criticado. Afinal, como poderemos ter luxos se não tivermos escravos para fornecê-los?
O terceiro presidente norte-americano, Thomas Jefferson (1743-1826), famoso por ter feito a declaração de que "Todos os homens são criados iguais", manteve ele mesmo seus escravos, incluindo seus próprios filhos com uma escrava, mesmo após a sua morte. O presidente dizia que odiava aquele sistema. Mas ele queria os seus vinhos franceses, e de que outra maneira poderia consegui-los?
Ah, Tom...
Eu disse que isso mudou em nossa "era liberal ou estatista".
Na visão liberal existente no século 18, o "Grande Problema" era a hierarquia tradicional herdada. A velha regra era "Os reis sempre ganham e as mulheres sempre perdem". Qualquer tipo de liberal no sentido europeu quer derrubar essa regra e substituí-la por uma regra de igualdade entre todos os homens —e mulheres, querido Tom.
A maneira de conseguir chegar a isso é retirando os reis do caminho. Dê permissão para as pessoas, uma igualdade de permissão, deixando uma mulher participar da disputa para se tornar, digamos, piloto de avião.
Como Moisés e Arão disseram ao faraó sobre os judeus escravizados: "Deixe o meu povo ir".
O estatista moderno e esclarecido desde o século 18, em contraste, não quer igualdade de permissão. Ele anseia por fazer com que todos comecem a partir da mesma linha na corrida da vida, ou mesmo que todos alcancem a linha de chegada ao mesmo tempo.
Oh-oh...
Ao contrário da igualdade de permissão, nenhuma das duas opções é possível.
Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves
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