As ações da Gafisa não param mais de subir e hoje disparam mais 50%. Os papéis já entraram em vários leilões por atingirem a oscilação máxima permitida. Só em 2023, a alta da ação chega a 215%, negociadas na casa dos R$ 29 na tarde desta quinta-feira, 5. Na Faria Lima, já há quem fale que a valorização é decorrência de um dos maiores movimentos de falta de ação no mercado - “short squeeze”, no jargão dos investidores - dos últimos tempos na B3, além de investidores, incluindo os atuais acionistas buscando a ação para ter maior poder de voto na assembleia. Nos últimos 30 dias, a ação sobe 377%.
Os analistas da Guide Investimentos observam que “os fundamentos da Gafisa são ruins e não justificam uma alta tão forte”. Nesse ambiente, havia uma grande aposta contra a ação da Gafisa no mercado nos últimos meses, por meio do mercado de aluguel, com investidores prevendo a queda da ação por conta do cenário mais difícil para o setor de construção com os juros em dois dígitos - e tendendo ficar assim em todo 2023.
Assembleia em 9 de janeiro
Mas eventos recentes acabaram precipitando a reversão dessa estratégia. Assim, os investidores precisaram rapidamente comprar ação no mercado à vista, a qualquer preço. Além disso, investidores - incluindo o controlador Nelson Tanure e o minoritário Esh Capital - vêm comprando ações da incorporadora para ter mais poder de voto na assembleia, marcada para próxima segunda-feira, 9.
A posição vendida em ações da Gafisa chegou a superar 8 milhões de papéis no final de 2022. Com o movimento de reversão, ontem estava em 4,5 milhões, e esse número pode ter caído ainda mais no pregão de hoje, indicando que pode estar perto do fim. “Tem muita gente vendida e está sofrendo muito. Ainda tem procura para o aluguel”, resume o diretor de uma corretora.
A taxa de remuneração ao doador do papel para o aluguel, que no caso da Gafisa costumava ficar em 5%, subiu para 30% nos últimos dias, na média. Na máxima, chegou a bater em 100%.
E mesmo com a disparada da taxa de remuneração, segundo fontes, tem investidor segurando o papel ou tentando comprar mais papel para reforçar seu poder de voto. Se a ação for alugada, sai da titularidade do dono e ele não pode participar da assembleia. “Ainda há falta de doador para o papel”, conta um gestor.
Embate entre Timerman e Tanure
O noticiário envolvendo a Gafisa tem sido movimentado desde dezembro. Há uma disputa da gestora Esh Capital, do investidor Vladimir Timerman, com Tanure, sobre vários temas, incluindo um aumento de capital de R$ 78 milhões, que foi homologado em reunião do conselho na terça, 3. A Esh considera o aumento “ilegal”.
Na pauta da assembleia do dia 9, há ainda a discussão de uma possível destituição do atual conselho de administração e a responsabilização dos atuais administradores por atos considerados ilegais pela Esh.
No dia 29, a Gafisa anunciou a venda da sua participação no Fasano Itaim por R$ 330 milhões, montante 153% acima de seu valor de mercado naquele dia (R$ 215 milhões).
Nenhum comentário:
Postar um comentário