Se tiver de saber uma única coisa sobre economia, saiba a diferença entre PIB e PIB per capita. O PIB mede a atividade econômica, depende do tamanho da população e de sua produtividade.
Países populosos têm PIB alto, sem que isso queira dizer que seus cidadãos vivam bem. O que importa é o PIB dividido pela população, o PIB per capita. Ele que determina direta e indiretamente o desenvolvimento humano.
Países de PIB baixo podem ter alto PIB per capita: o PIB é pequeno, mas a população é mais ainda. E aí o PIB por pessoa é alto.
É por isso que você prefere morar na Islândia a na Índia ou na Indonésia. A Índia tem o 3.º PIB do mundo, a Indonésia, o 7.º, mas ainda consequência de terem muita gente (respectivamente, 2.ª e 4.ª maiores populações). O PIB por pessoa? 128.º e 101.º. IDH? 131.º e 107.º. Já a Islândia, apenas o 148.º PIB do mundo, está no topo do PIB por pessoa e do IDH. Pouca gente.
O governador Flávio Dino, do Maranhão, deixou o cargo semana passada. Quando se candidatou há 8 anos, traçou como meta informal subir o IDH do Estado em dez posições: dos piores do Brasil (26.º) para a 16.ª posição em 4 anos. Porque era essa a colocação no ranking de PIB. Se o Maranhão era o 16.º Estado “mais rico”, deveria ter a mesma posição no desenvolvimento humano. Haveria um fosso entre as duas classificações, que se explicaria pela má política e pela concentração de renda.
Voz modernizante no PCdoB, deu inquestionável prioridade à educação e até lançou um programa literalmente chamado “Mais IDH”. Mas o Maranhão continuou na mesma posição no IDH, após 8 anos.
O que deu errado? Nada. Digamos que o objetivo era um equívoco. O Maranhão é populoso (12.º no País), daí o PIB relativamente maior do que o de outros Estados (16.º em 2014). Por pessoa, o PIB per capita é o 27.º do País – quase a mesma colocação no Índice de Desenvolvimento Humano. Não havia fosso. O IDH leva em conta este tipo de média, não o PIB total.
Olhou-se para um número agregado como meta para um número por habitante. Não é de se estranhar que progressos da gestão não tenham se refletido no objetivo traçado.
Poderíamos fazer a mesma comparação de antes com o Brasil e a Bélgica. Há quem ache que no Brasil as pessoas vivem mal apenas por conta da desigualdade, afinal o PIB é dos maiores do planeta. Só que o PIB é alto (8.º) em parte porque a população é grande (6.ª). O PIB por cabeça não dá grandes coisas (85.º). A leitura errada gera propostas descabidas em nível nacional. O diabo do PIB é que ele tem denominador.
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