FOLHA DE SP - 29/12
Quatorze decapitados, entre 59 assassinados desde janeiro. O que explica tamanha ferocidade?
Quatorze decapitados, entre 59 assassinados de janeiro às vésperas do Natal. Primeiro, o que explica tamanha ferocidade? Além disso, o que fez com que tais crimes e números pudessem se acumular, com o decorrer do ano, sem alarmar o meio político, social e cultural que os circundaram, ainda hoje não alarmados? Por fim, a localização e a situação onde tamanhas monstruosidades podem ocorrer serão mesmo um país, um regime constitucional democrático, um Estado de Direito?
O horror é ainda mais extenso, sem parecer que pudesse sê-lo. Mulheres e irmãs em visita a presos são obrigadas a deixar-se estuprar, para que seus parentes não sejam assassinados naquele "complexo prisional" de Pedrinhas, São Luís, Maranhão.
A bestialidade como forma de vida em Pedrinhas não se torna conhecida, afinal, porque o sistema administrativo que a mantém -- governo e varas de execuções penais -- decidisse combatê-la. Foi, sim, por força do inesperado. Uma rebelião causou mais quatro mortes, com três decapitações, e representantes do Conselho Nacional de Justiça e do Ministério Público foram verificar o que houvera. Contra a submissão imposta nas cadeias, e a todo risco, detentos tiveram a hombridade de defender suas mulheres e denunciar as violências sexuais.
Pensava-se ter noção da desumanidade que o nosso pretenso Estado Democrático de Direito e seus Direitos Humanos mantêm nos cárceres do Brasil todo. A decapitação como método e a violação de familiares levam a perguntar menos sobre o sistema carcerário do que sobre quem está fora e acima dele. Nos governos, no Ministério Público e, sobretudo, no Judiciário.
CAUSA PRÓPRIA
Enquanto os honrados do PSDB bloqueiam as investigações de seus feitos contra os cofres públicos de São Paulo, o líder de sua bancada na Câmara, deputado Carlos Sampaio, se ocupa com incriminações também do governo ou do PT. Sua ideia mais recente é uma ação contra Dilma Rousseff, na Justiça Eleitoral, por mandar cartões de Boas Festas aos funcionários. Sampaio, promotor de origem, considera que os cartões são abuso de poder, com finalidade eleitoral.
Então Dilma faz campanha desde o primeiro ano de governo. E Carlos Sampaio, para ser coerente, terá de processar muitos ministros, governadores e secretários de governo, inclusive do PSDB. Mas tem alternativa a esse trabalhão: é ser um pouco mais sério e menos ridículo, já que está pensando na sua própria reeleição.
VIAS DE ROUBO
Os estragos feitos pelas enchentes nas estradas expõem, e as fotos e vídeos mostram, um elemento comum tão importante quanto desprezado: o asfaltamento finíssimo das pistas, diretamente sobre terra instável, contra a necessária técnica de camadas preliminares de sustentação. Daí a curta duração dos asfaltamentos e a péssima qualidade das estradas, com a buraqueira causadora de tantos danos e desastres.
Mas, para as empreiteiras, um modo de aumentar ainda mais os lucros, com a realização apenas parcial do serviço necessário e a repetição dele em futuro muito mais próximo.
Estradas são vias de roubo em muitos sentidos.
Quatorze decapitados, entre 59 assassinados desde janeiro. O que explica tamanha ferocidade?
Quatorze decapitados, entre 59 assassinados de janeiro às vésperas do Natal. Primeiro, o que explica tamanha ferocidade? Além disso, o que fez com que tais crimes e números pudessem se acumular, com o decorrer do ano, sem alarmar o meio político, social e cultural que os circundaram, ainda hoje não alarmados? Por fim, a localização e a situação onde tamanhas monstruosidades podem ocorrer serão mesmo um país, um regime constitucional democrático, um Estado de Direito?
O horror é ainda mais extenso, sem parecer que pudesse sê-lo. Mulheres e irmãs em visita a presos são obrigadas a deixar-se estuprar, para que seus parentes não sejam assassinados naquele "complexo prisional" de Pedrinhas, São Luís, Maranhão.
A bestialidade como forma de vida em Pedrinhas não se torna conhecida, afinal, porque o sistema administrativo que a mantém -- governo e varas de execuções penais -- decidisse combatê-la. Foi, sim, por força do inesperado. Uma rebelião causou mais quatro mortes, com três decapitações, e representantes do Conselho Nacional de Justiça e do Ministério Público foram verificar o que houvera. Contra a submissão imposta nas cadeias, e a todo risco, detentos tiveram a hombridade de defender suas mulheres e denunciar as violências sexuais.
Pensava-se ter noção da desumanidade que o nosso pretenso Estado Democrático de Direito e seus Direitos Humanos mantêm nos cárceres do Brasil todo. A decapitação como método e a violação de familiares levam a perguntar menos sobre o sistema carcerário do que sobre quem está fora e acima dele. Nos governos, no Ministério Público e, sobretudo, no Judiciário.
CAUSA PRÓPRIA
Enquanto os honrados do PSDB bloqueiam as investigações de seus feitos contra os cofres públicos de São Paulo, o líder de sua bancada na Câmara, deputado Carlos Sampaio, se ocupa com incriminações também do governo ou do PT. Sua ideia mais recente é uma ação contra Dilma Rousseff, na Justiça Eleitoral, por mandar cartões de Boas Festas aos funcionários. Sampaio, promotor de origem, considera que os cartões são abuso de poder, com finalidade eleitoral.
Então Dilma faz campanha desde o primeiro ano de governo. E Carlos Sampaio, para ser coerente, terá de processar muitos ministros, governadores e secretários de governo, inclusive do PSDB. Mas tem alternativa a esse trabalhão: é ser um pouco mais sério e menos ridículo, já que está pensando na sua própria reeleição.
VIAS DE ROUBO
Os estragos feitos pelas enchentes nas estradas expõem, e as fotos e vídeos mostram, um elemento comum tão importante quanto desprezado: o asfaltamento finíssimo das pistas, diretamente sobre terra instável, contra a necessária técnica de camadas preliminares de sustentação. Daí a curta duração dos asfaltamentos e a péssima qualidade das estradas, com a buraqueira causadora de tantos danos e desastres.
Mas, para as empreiteiras, um modo de aumentar ainda mais os lucros, com a realização apenas parcial do serviço necessário e a repetição dele em futuro muito mais próximo.
Estradas são vias de roubo em muitos sentidos.
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