domingo, 8 de dezembro de 2013

Nem a Copa deve ajudar o PIB em 2014


Economia do País deve piorar no ano do mundial, como ocorreu com México e Japão

08 de dezembro de 2013 | 2h 09

Fernando Nakagawa - Correspondente para O Estado de S.Paulo
LONDRES -Ao contrário das inúmeras promessas de que os grandes eventos esportivos dariam impulso à economia brasileira, cresce a sensação de que vai dar zebra na economia em 2014. Mesmo com a Copa do Mundo, a já fraca atividade econômica deve desacelerar ainda mais no próximo ano.
Levantamento do Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, mostra que, nas últimas três décadas, apenas três países que sediaram o mundial de futebol tiveram desaceleração da economia no ano da Copa: México, em 1986, Itália, em 1990 e Japão, em 2002. Pelas previsões cada vez mais pessimistas, tudo indica até o momento que o Brasil corre sério risco de completar o time de países com economia na retranca no ano do mundial.
Diante de sinais de fraqueza financeira, alta dos juros e ameaças que vão das contas públicas às a balança internacional, economistas estão apreensivos. Previsões para 2014 ignoram as promessas sobre o impacto positivo da Copa do Mundo na economia brasileira e, a menos de 200 dias do evento, prevalece a aposta de que o ano que vem será pior que 2013 em termos de crescimento da atividade econômica. A mais recente pesquisa Focus, do Banco Central, mostra que o mercado aposta que o produto interno bruto (PIB) deve crescer 2,50% este ano e reduzir o ritmo para 2,11% no próximo ano.
PIB baixo. Após o decepcionante dado do PIB do terceiro trimestre, conhecido na semana passada - queda de 0,5% -, as apostas devem piorar e caminhar para perto de 2% em 2013 e menos de 2% no próximo ano.
Com tal cenário, o Brasil deve se junta ao pequeno grupo de países cuja economia piorou no ano da Copa. Em 1986, o PIB do México teve retração de 3,8%, pior que o crescimento de 2,6% um ano antes do mundial. Em 1990, a Itália cresceu 2%, menos que os 3,4% do ano anterior. Outro caso foi o Japão, que avançou 0,3% em 2002, menos que o 0,4% do ano anterior.
Em todos os demais países que sediaram a Copa do Mundo nas últimas três décadas, a economia ganhou velocidade no ano do evento: Espanha em 1982, Estados Unidos em 1994, França em 1998, Coreia do Sul em 2002 (quando dividiu a organização do torneio com o Japão), Alemanha em 2006 e África do Sul em 2010.
Média mundial. Um levantamento do Credit Suisse confirma essa fraqueza brasileira. O banco suíço comparou o crescimento do PIB dos países-sede no ano da Copa não apenas entre eles mesmo, mas em relação à média mundial.
Nas últimas três décadas, os mesmos Espanha, México, Itália e Japão foram os únicos países que tiveram crescimento do PIB abaixo da média mundial no ano em que receberam a Copa do Mundo. O Brasil, também nesse caso, deve acompanhar os lanterninhas em crescimento econômico.
Para 2014, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que a economia global deve crescer 3,6%. O Brasil, pelas contas do mercado, crescerá algo em torno de 2% ou até menos. Portanto, abaixo da média global. O levantamento do Credit Suisse ainda mostra que Estados Unidos, França, Coreia do Sul, Alemanha e África do Sul seguiram na direção oposta: cresceram mais rápido que a média mundial nos anos em que foram palco da Copa.

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