segunda-feira, 3 de abril de 2023

Governo de SP vai manter desabrigados de São Sebastião em pousadas por mais 30 dias, FSP

 

SÃO PAULO

O Governo do Estado de São Paulo vai ampliar por um mês o contrato com pousadas e hotéis de São Sebastião que hospedam vítimas dos alagamentos e deslizamentos na cidade.

Pelo acordo atual, o prazo para saída dos quartos terminaria nesta terça-feira (4), porém apenas 469 das cerca de 1.200 pessoas hospedadas foram transferidas para os apartamentos oferecidos pela gestão estadual no Conjunto Habitacional Caminho das Flores, em Bertioga.

Em duas pousadas consultadas pela reportagem, apenas 30% dos hóspedes retornaram para suas casas ou foram transferidos para os apartamentos na cidade vizinha. Já o gerente de outros quatro estabelecimentos afirmou que todos os quartos seguem ocupados e não há data certa para o checkout.

Transferência de vítimas das chuvas para o Conjunto Habitacional Caminho das Flores, em Bertioga, foi iniciada no dia 14 e ainda não foi finalizada - Divulgação/Prefeitura Municipal de São Sebastião

Ao todo, foram disponibilizados 300 apartamentos no conjunto habitacional de Bertioga, dos quais 162 já foram ocupados. As famílias devem permanecer no local por oito meses, até que a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) conclua a construção de unidades permanentes em São Sebastião.

De acordo com a prefeitura de São Sebastião, as transferências, iniciadas em 14 de março, estão sendo realizada pela CDHU, que providencia o transporte e a logística de mudança. A companhia também oferece marmitas àqueles instalados nas unidades, uma vez que os imóveis não estão completamente equipados.

"Chegamos em Bertioga na sexta-feira (31). Recebemos fogão, botijão, colchões, travesseiros, uma cesta básica e produtos de higiene", conta Jucélia Maria Nogueira dos Santos, que estava hospedada em uma pousada em Camburi com o marido, a mãe e o filho.

Pedreiro trabalha em área de São Sebastião onde serão instaladas casas temporárias - Divulgação/Prefeitura Municipal de São Sebastião

"Pelo menos já estamos aqui. Temos que seguir a vida, tentar organizar porque estamos um pouco instalados", afirma a diarista, que agora torce para a realização da cirurgia do esposo. O pedreiro Edivaldo dos Santos da Silva ficou preso por horas na lama e nos destroços e exames mostraram a necessidade de operar um dos joelhos.

Segundo a administração municipal, os colchões e os produtos da linha branca que estão sendo entregues foram doados pela iniciativa privada. Já as cestas, os kits de higiene pessoal e os utensílios domésticos provêm das doações realizadas ao longo das últimas semanas por cidadãos de diversas regiões do país.

Ainda há necessidade de doações e pessoas físicas e empresários que queiram doar eletrodomésticos da linha branca podem entrar em contato com o Fundo Social de Solidariedade pelo email fundosocial.saosebastiao@gmail.com ou pelo telefone (12) 3892-4991. Para doações financeiras, de cestas básicas ou cobertores as orientação estão disponíveis no site da prefeitura.

Além das vítimas hospedadas na rede hoteleira, também estão sendo transferidas para Bertioga pessoas que desde a tragédia estavam abrigadas nas casas de amigos ou de patrões. Três famílias que estavam nessa situação confirmaram a mudança para os apartamentos.

Já aquelas que estão na Colônia de Férias do Itaú devem ir diretamente para as Vilas de Passagem, no bairro Topolândia. A administração municipal afirma que a primeira vila começou a ser construída na última sexta-feira (31), com a realização da fundação para receber as casas temporárias de madeira de reflorestamento.

O governo estadual afirma que as vilas estão sendo construídas nos bairros Topolândia e Juquehy. Ao todo, serão 144 unidades e as primeiras 72 devem ser entregues em até 50 dias. As casas serão ocupadas até a entrega das moradias definitivas, a cargo da CDHU.

A companhia iniciou a preparação de terrenos para construir 518 casas na Baleia Verde e 186 em Maresias. A estimativa é de que os 704 imóveis fiquem prontos no segundo semestre deste ano.

Paris vira 1ª capital europeia a proibir patinetes elétricas após referendo contestado, FSP

 PARIS | AFP e REUTERS

Uma das primeiras capitais europeias a disponibilizar patinetes elétricas para aluguel, Paris se tornará pioneira também ao bani-las, a partir de 1º de setembro. A decisão foi anunciada neste domingo (2) pela prefeita da cidade, Anne Hidalgo, após 89% dos eleitores de um referendo sobre o tema optarem pelo fim do serviço.

A votação chamou a atenção pelo baixo comparecimento —só 7,46% dos parisienses, ou 103.084 pessoas, foram às urnas. As três operadoras de patinetes elétricas na cidade, Lime, Tier e Dott, haviam solicitado que a eleição fosse realizada online para incentivar a participação de jovens, seu principal público-alvo. Tiveram o pedido negado por Hidalgo, que fez campanha contra os veículos.

Homem e mulher andam de patinete elétrica em Paris - Sarah Meyssonnier - 1º.abr.23/Reuters

Clément Beaune, ministro do Transporte francês visto como possível candidato à administração municipal da capital nas próximas eleições, chamou a consulta popular de um "enorme fracasso democrático" à emissora BFM.

Paris registrou só no ano passado 408 acidentes com patinetes elétricas e meios de transporte semelhantes. Sete pessoas morreram nos episódios, e outras 459 ficaram feridas.

Críticos dos veículos afirmam que é frequente ver seus usuários desrespeitando as regras de trânsito, andando na contramão e atropelando pedestres nas calçadas, e se queixam que eles costumam ser abandonados a esmo no espaço público, atravancando a passagem de pedestres.

As operadoras de patinetes sugeriram criar regulações mais estritas para seus serviços. Suas propostas envolvem impedir que mais de uma pessoa ocupe cada veículo, incluir neles placas de identificação para que a polícia possa multar os que desrespeitarem tráfego, e implementar mecanismos para checar se os usuários são de fato maiores de idade.

Patinetes elétricas estão disponíveis em Paris desde 2018 —para alugá-los, basta acessar um aplicativo. Em 2020, reclamações sobre o meio de transporte levaram a prefeitura reduzir o número de suas operadoras a três, além de impor um limite de velocidade de 20 km/h aos veículos e criar áreas de estacionamento específicas.

O uso privado de patinetes continua liberado na cidade. Custando de € 300 a € 400 (R$ 1.650 a R$ 2.200, aproximadamente), porém, elas não são acessíveis para boa parte dos parisienses. Lime, Tier e Dott estimam que seus serviços sejam usados por cerca de 400 mil pessoas por mês.

Alvaro Costa e Silva - James Bond não é mais o mesmo. FSP

 Chegam neste mês às livrarias do Reino Unido novas edições dos livros de James Bond para comemorar os 70 anos do agente secreto mais famoso de todos os tempos. Cá com meus botões, o 007 –pelas aventuras que viveu, pelas vezes em que salvou o mundo e sobretudo pelas mulheres que namorou, entre as quais uma inesquecível Raquel Welch saindo do mar azul do Caribe de biquíni com uma faca e uma concha nas mãos– era mais velho, com o aspecto, digamos, do ator Sean Connery em seus últimos filmes. Mas não: ele nasceu em 13 de abril de 1953, quando Ian Fleming publicou "Cassino Royale".

Os livros vão trazer a óbvia advertência de que foram escritos numa época em que termos e atitudes poderão ser considerados ofensivos aos leitores modernos. Neles, segundo a nota editorial, foram feitas atualizações, mantendo o texto o mais próximo possível do original e do período em que ocorre a ação.

Calma. Bond, James Bond continua com licença para matar concedida por Sua Majestade. Ainda exige o dry martini batido, não mexido. O que muda: onde antes ele dizia "nigger" (o racista "negão"), agora dirá "pessoa negra" ou "homem negro". Arqui-inimigos como o Dr. No serão tratados de forma genérica: gângsters. No entanto, uma mulher chamada de leviana segue sendo leviana.

Esse tipo de revisão atingiu recentemente obras infantojuvenis de Roald Dahl, em que palavras como "gordo" e "doido" foram eliminadas. Agatha Christie também sofreu intervenções em trechos tidos como racistas. No Brasil –alguma dúvida de que a moda iria chegar por aqui?–, "O Caso dos 10 Negrinhos", um de seus maiores sucessos, mudou o título para "E Não Sobrou Nenhum".

A remoção de conteúdo é uma desgraça e deve ser combatida. Mas, mais que censura, como pensam muitos, me parece uma jogada de marketing –Fleming, Dahl e Agatha Christie vendem como banana. Mesmo que retirem a palavra banana dos livros.

James Bond (Sean Connery), em cena de '007 contra o Satânico Dr. No', de Terence Young - Divulgação