segunda-feira, 7 de abril de 2025

Como a CBF explica o Brasil, Juca Kfouri, FSP

 Nomear os repórteres que desde os anos 1980 investigam e denunciam as mazelas da CBF seria tedioso e causaria injustiças —seja por esquecimento, seja por mudança de lado.

Lúcio de Castro, de todos, o que pagou, e paga, o preço mais alto pela coragem de suas investigações na agência Sportligth, representa aqueles que não se curvaram ao poderosos e, assim, não mostraram o traseiro aos oprimidos, como diria Millôr Fernandes.

Enfim, cumprir com a obrigação merece reconhecimento e prescinde de elogio.

Um homem com cabelo escuro e levemente ondulado, usando um terno azul e uma camisa amarela. Ele está em um ambiente interno, com uma expressão séria, olhando para o lado. O fundo é desfocado, sugerindo um ambiente formal.
O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues - Tita Barros/Reuters


Allan de Abreu, junto com Carlos Petrocilo, já havia publicado, em 2018, o livro "O Delator", no qual é contada a infame história de J. Hawilla, que corrompeu boa parte da cartolagem da América do Sul e, pego no Fifagate, entregou um por um para se livrar da cadeia.

Até gravar Ricardo Teixeira numa mesa de jantar ele gravou para dar a fita à polícia americana.

Abreu acaba de publicar alentada reportagem na revista piauí sobre velho parceiro de Teixeira, e atual presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.

Não surpreende quem há décadas acompanha os bastidores de uma das entidades mais sujas do país, mas estarrece o cidadão comum.

Porque revela muito além do submundo da cartolagem, envolve deputados, senadores e até o STF.
A leitura da reportagem de Abreu explica o 7 a 1 da Copa do Mundo de 2014 e o 4 a 1 das Eliminatórias deste ano.

Explica mais: explica o Brasil e a impunidade dos de colarinho branco.

O que a repórter Daniela Pinheiro fez, em 2011, na mesma piauí, quando enterrou Ricardo Teixeira com suas próprias declarações, Abreu repete com igual competência.

Sem tantas aspas, porque Rodrigues respondeu às perguntas por escrito (ou seja, não respondeu, seus assessores o fizeram), suficientemente ladino para saber que não é inteligente o bastante para conversas a sós com jornalistas independentes.

Definitivamente faz sentido que a massa incauta tenha escolhido a camisa da Casa Bandida do Futebol para suas manifestações contra a corrupção.

É como diz o jornalista inglês do jornal espanhol La Vanguardia, Andy Robinson: "O Brasil é um país formidável porque o único que acha explicação para o inexplicável".

VIVA!

A melhor notícia para a Fiel torcida depois do passeio em Itaquera por 3 a 0 sobre um Vasco fragílimo saiu da boca de Emiliano Díaz, filho e parceiro de Ramón Díaz no comando do time: "Sempre o Brasileirão é o torneio de cara. Qualquer liga que jogamos é prioridade, ainda mais o Brasileirão, que tivemos um momento que sofremos e não queremos que volte a acontecer.(…) Ficar fora de uma Copa é triste, mas nem quero falar no que aconteceu nos últimos anos. Claro que vamos dar prioridade ao Brasileirão. Na Copa pode ficar fora, mas se acontece o rebaixamento é uma catástrofe. É algo lógico, não pode rebaixar na Copa".

Se a opção é confissão de culpa por não saber jogar copas e mata-matas é coisa para se discutir adiante.
Mas se o colunista fosse treinador também consideraria o Campeonato Brasileiro como mais importante.
"O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, / Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia / Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia", escreveu Fernando Pessoa.

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