domingo, 13 de abril de 2025

Trump piscou depois de abalar as economias mundiais, Elio Gaspari, FSP

 Como os dinos extinguiram-se, é maliciosa qualquer suposição de que tenham deixado descendência nos Estados Unidos, mas Donald Trump piscou.

Depois de ter abalado as economias mundiais, ele anunciou uma moratória em parte do seu tarifaço. Como a iniciativa partiu de poucas cabeças humanas socorridas por aplicativos de inteligência artificial, o doutor taxou até ilhas de pinguins.

Um homem com cabelo loiro e pele clara está encostado em uma superfície, olhando para baixo com uma expressão séria. Ele usa um paletó escuro e uma camisa branca. O fundo é desfocado, sugerindo um ambiente interno.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dentro do avião da Presidência do governo americano - Nathan Howard -11.abri.25/Reuters

Mais calmo, ouviu seu secretário do Comércio e o ronco das bolsas. Ao seu estilo, no mesmo dia em que recuou, tratou da vazão dos chuveiros americanos, que o obrigam a gastar 15 minutos para molhar seus "lindos cabelos". Pura gabolice. Nem ele tem tantos cabelos, nem os chuveiros são tão avarentos. No entanto, conseguiu que se perdesse tempo falando nisso.

Trump adora falar e faz o que lhe vem à cabeça. Como não há remédio para moderar suas ideias, vale a pena lembrar que em dois momentos os Estados Unidos descarrilaram pelo que os maganos diziam, seguindo o estilo da marquetagem.

Depois do crash da Bolsa de 1929, com o presidente americano Herbert Hoover. Em dezembro, quando a Bolsa de Nova York tinha perdido boa parte do seu valor, ele disse que as coisas haviam "voltado ao normal". Em maio de 1930 anunciou que "o pior já passou".

Até então, ele havia feito mais coisas certas do que erradas. Em junho Hoover assinou a lei do Congresso que elevou as tarifas de importação a patamares nunca vistos e agravou a crise. No caminho, pespegaram-lhe uma frase de que a prosperidade estava próxima. Ele perdeu a eleição e, sendo um homem capaz, passou por irredutível.

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Anos depois, em 1968, o comandante das tropas americanas no Vietnã, general William Westmoreland, sabia que os vietcongues e o Norte comunista preparavam uma ofensiva, menosprezou-a e ela veio em janeiro. Do ponto de vista militar, custou caro aos comunistas. A pavonice general alimentou a ideia de que os americanos haviam sido batidos e a estrela de Westmoreland apagou-se.

ISRAEL ENCRENCA

O governo brasileiro ainda não concedeu o agrément ao diplomata Gali Dagan, pedido em janeiro. De Tel Aviv sopram rumores que essa demora pode se transformar numa nova lombada nas relações entre os dois países.

Quando um governo demora para conceder um agrément, isso significa que gostaria de receber outra indicação. Não se discutem os motivos, apenas aponta-se outro nome.

Um homem sentado à mesa em um ambiente de escritório, com bandeiras de Israel e da Colômbia ao fundo. Ele está usando um paletó escuro e uma camisa clara, e parece estar falando ou respondendo a uma pergunta. Ao lado dele, há um banner que diz 'ISRAEL Embaixada de Israel en Colombia'.
O diplomata israelense Gali Dagan durante entrevista em Bogotá, na Colômbia, em 2023 - Juan Restrepo - 9.out.23/AFP

A África do Sul demorou para conceder o agrément do pastor Marcelo Crivella como embaixador brasileiro. Apesar de uma gestão impertinente do então presidente Jair Bolsonaro, o Brasil mandou outro nome.

Encrenqueiro não é quem não dá agrément, é quem reclama.


História do Brasil é linda desde antes da chegada dos europeus

Documentário traz à tona história guardada nas pedras

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Está na rede o documentário "Pindorama: Uma História do Brasil Ancestral", dirigido pelo jornalista Marcos Rogatto e produzido por Patrícia Ogando.

Com 43 entrevistas de arqueólogos e paleontólogos, bem como visitas a dezenas de sítios históricos e museus, ele conta a vida de Pindorama há milhões de anos. Dura 98 minutos e traz belas lições.

A primeira expõe patrocínios culturais bem direcionados pela Prefeitura de Campinas e pelo Ministério da Cultura.

Com a segunda, valoriza gerações de cientistas e leva os curiosos da cultura dos povos que viviam nesta terra há uns 18 mil anos. O fóssil de Luzia, achado na Lagoa Santa (MG), tem 11,5 mil anos.

A imagem mostra uma mulher em pé, observando pinturas rupestres em uma parede de caverna. As pinturas são de várias formas e figuras, incluindo representações de animais e símbolos, em tons de vermelho e marrom. A mulher está segurando uma câmera e usa uma camiseta verde, enquanto uma grade de proteção está visível na frente.
Mulher caminha por plataforma dentro do Parque Nacional da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, no inteiror do Piauí - Joel Silva -18.ago.16/ Folhapress

Nesta parte, "Pindorama" expõe, com critério de bom gosto, o vigor artístico das cerâmicas. A peça mais antiga do mundo pode ter sido feita na Amazônia. Hoje, novas tecnologias permitem ver rastros de civilização debaixo da floresta. Já acharam 24 novas estruturas e elas seriam mais de 10 mil.

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Mais de uma centena de megálitos do Parque Arqueológico do Solstício, no Amapá, com alguns pesando quatro toneladas, foram movidos há mais de mil anos.

Parque da Serra da Capivara, no Piauí, com dois belos museus e mais de mil sítios arqueológicos, alguns datados com 50 mil anos, guarda o Zuzu, um esqueleto de dez mil anos.

É na segunda parte de "Pindorama" que chegam surpresas. Ela trata de um tempo em que os continentes formavam um só bloco. Os dinossauros mais antigos, que viveram há cerca de 233 milhões de anos, surgiram onde hoje estão o sul do Brasil e a Argentina. As rochas dos fósseis do Sítio Paleontológico da Alemoa, em Santa Maria (RS), seriam as mais antigas do mundo.

No Museu da Ciência Professor Tolentino, de São Carlos (SP) e no Vale dos Dinossauros, em Sousa (PB), estão as pegadas dos dinos. Em Uberaba (MG), foram criados lindos geoparques: a comunidade criou o Museu dos Dinossauros, em Peirópolis. Lá está o fóssil de Uberabatitan Ribeiroi, com seus 27 metros de comprimento, achado em 2004.

O primeiro dinossauro com penas conhecido no mundo viveu no Ceará, há 115 milhões de anos. Encontrado em 1996, passou um quarto de século nas prateleiras de um museu alemão. Em 2023 retornou ao Brasil.

O Pindorama de hoje tem uma geração de arqueólogos, paleontólogos, museólogos e ambientalistas que cuidam desse patrimônio. O documentário mostrou alguns deles.

Na semana passada, graças a esses estudiosos e ao Ministério Público Federal, voltaram ao Brasil 25 fósseis retirados clandestinamente do Ceará e levados para a Inglaterra. Avaliadas em cerca de R$ 4 milhões, as peças irão para o Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, que fica em Santana do Cariri.

Outra equipe do MPF tenta resgatar um esqueleto quase completo de pterossauro da espécie Anhanguera com quase 4 metros de envergadura e outras 45 peças que estão na França.

A Agência Brasil informa que desde 2022 já foram resgatados mais de mil fósseis levados de forma irregular para a Europa.

A história do Brasil é linda desde antes da chegada dos europeus e mesmo do gênero humano.

Serviço: Pindorama será exibido no dia 6 de maio na Cinemateca do MAM, no Rio, e no dia 23, na Rabeca Cultural, em Campinas.

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