Os EUA acolheram Sergei Khrushchov; eles não acreditam em comunismo
Morreu em Rhode Island, aos 84 anos, Serguei Krushev. Era um cientista russo, radicado nos EUA e, desde 1999, cidadão americano. Krushev? Sim, o dr. Serguei era filho de Nikita Krushev, secretário-geral do Partido Comunista e premiê da URSS de 1955 a 1964, o pior período da Guerra Fria. Para quem matou aquela aula, Guerra Fria era o tênue equilíbrio mantido por EUA e URSS para não mandar o mundo pelos ares com suas armas nucleares. Dois grandes filmes foram feitos a respeito em 1964: "Dr. Fantástico", de Stanley Kubrick, e "Limite de Segurança", de Sidney Lumet.
Nikita não era mole. Assim que assumiu, denunciou os crimes de seu lendário antecessor, Josef Stálin, como os expurgos e execuções em massa de supostos inimigos, o que abalou a fé dos comunistas em toda parte. Mas também esmagou uma revolta liberal na Hungria, internou dissidentes em hospícios e bateu com o sapato na mesa numa reunião do Conselho de Segurança da ONU —o mesmo sapato com que quase deu na cara de Mao Tsé-tung.
Seu filho Serguei era engenheiro do programa espacial soviético, que, em 1957, lançou o satélite Sputnik, e uma autoridade em mísseis —deve ter apontado pelo menos um contra Nova York. Mas Serguei estava com Nikita quando este visitou os EUA, em 1959, a convite do governo americano. Contou depois que, até para seu pai, era como "estar em Marte" —arranha-céus, estradas, supermercados, hot dog. Foram até apresentados a Marilyn Monroe! E só não visitaram a Disneylândia, para decepção de Nikita, por questões de segurança.
O comunismo acabou em 1989 e, dois anos depois, Serguei foi para a América, para trabalhar no programa de... mísseis. Não era um dissidente, era um técnico. Os americanos lhe abriram seus segredos. Não se arrependeram.
Tivesse vindo para o Brasil, Serguei Krushev morreria desempregado. Por aqui ainda há quem acredite no comunismo.
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