'Foi como se tivesse voltado mais de 30 anos', diz locutor Ferreira Martins
Locutor do histórico comercial "Hitler", de 1987, Ferreira Martins diz que, ao ser convidado para gravar "Amarelo/Democracia" agora, "foi como se tivesse voltado mais de 30 anos".
"O país está precisando, está precisando realmente", afirma, lembrando ser assinante da Folha há meio século. "Quando endosso lá [no anúncio, com a voz], eu estou endossando mesmo".
Em "Amarelo/Democracia", sobre uma foto clássica da repressão em 1968, que aos poucos se revela, ele fala: "Nós vimos —e nunca esqueceremos— os horrores da ditadura. E sempre defenderemos a democracia. Folha de S.Paulo. Use amarelo. Pela democracia".
Martins, 74, começou no rádio, estreou em televisão na Globo, onde fazia as entradas diárias de São Paulo no Jornal Nacional, quando sua voz grave marcante dialogava com a de Cid Moreira, e passou mais de uma década no Jornal Bandeirantes, ao lado de Joelmir Beting.
Com o tempo, deixou o jornalismo pela publicidade. Em 1987, já vinha gravando campanhas da Folha para o publicitário Washington Olivetto. "E o comercial do Hitler, particularmente, foi do Washington e do Nizan [Guanaes]. Foi um privilégio."
Nele, sobre uma foto do ditador nazista que se revela após uma série de dados positivos do que fez para a economia alemã, falava: "É possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade. Por isso, é preciso tomar muito cuidado com a informação e o jornal que você recebe. Folha de S.Paulo".
A outra voz no comercial "Amarelo/Democracia" é de PC Bernardes, 58, que prepara a entrada de Martins, dizendo: "A atual democracia brasileira tem 35 anos. Mais da metade dos eleitores tem menos de 40. E a Folha vai fazer 100 anos".
Publicitário e produtor, Bernardes também fez a trilha do anúncio. Não participou de "Hitler", mas acompanhou à época e se lembra bem. "Fiquei muito feliz com o convite, de participar de alguma maneira. A defesa da democracia não é negociável."
Veiculado no intervalo do JN, o novo comercial lançou no sábado (27) a campanha da Folha em defesa dos valores democráticos. Produzido internamente, usa uma imagem feita pelo fotógrafo Evandro Teixeira, que trabalhava no "Jornal do Brasil".
Mostra um estudante de medicina sendo perseguido por policiais na Cinelândia, no Rio, em 21 de junho de 1968. No dia, que ficou conhecido como "sexta-feira sangrenta", a repressão levou dezenas à morte, inclusive o manifestante que aparece na foto.
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