SÃO PAULO
Em 2014, quando o poeta Paulo Bomfim recebeu homenagem pelo conjunto da obra no prêmio Governador do Estado para a Cultura, disse que aquilo era sua confirmação, sua “crisma”.
Decano da Academia Paulista de Letras, o “príncipe dos poetas”, como era conhecido, se dizia descendente de bandeirantes e de fundadores de cidades no interior do estado. “Era talvez o que mais conhecia a história de São Paulo”, diz José Renato Nalini, presidente da instituição.
“Por mais que acenassem para que ele fosse para a Academia Brasileira, dizia que o seu lugar era em São Paulo”, completa.
Nascido em 30 de setembro de 1926, na capital paulista, Bomfim cresceu na região central. Talvez por causa disso, teve a cidade como tema principal de sua escrita.
Sobre a praça Marechal Deodoro, no centro, dizia ter jogado bilhar ali com Quincas, irmão de Nelson Gonçalves. “O lugar era um ponto de encontro de boêmios”, afirmou o escritor em uma entrevista à Folha em 2014.
Antes de entrar para a academia paulista, em 1963, iniciou sua carreira jornalística em 1945, no Correio Paulistano, indo a seguir para o Diário de São Paulo a convite de Assis Chateaubriand.
Seu livro de estreia foi “Antônio Triste”, publicado em 1947, com prefácio assinado por Guilherme de Almeida e ilustrações de Tarsila do Amaral. A obra rendeu a ele o Prêmio Olavo Bilac, da Academia Brasileira de Letras. Além de amigo de Tarsila, Bomfim foi próximo de expoentes do modernismo como Oswald de Andrade e Anita Malfatti. Para Nalini, o escritor foi um “grande inspirador” e a pessoa mais influente da academia.
Paulo Bomfim morreu neste domingo (7), aos 92 anos, em São Paulo, a cidade que ele tanto amou e sobre a qual tanto escreveu. Ele não resistiu a complicações decorrentes de uma queda que sofreu em casa. Bomfim deixa dois netos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário