segunda-feira, 15 de julho de 2019

De canudo em canudo, opinião FSP

Iniciativas pontuais, somadas, importam na redução de dano causado por plásticos

Canudos de plástico na Panificadora Nova Gomes, na zona leste de São Paulo - Rivaldo Gomes/Folhapress
A poluição dos mares por resíduos plásticos inscreve-se entre os temas ambientais mais preocupantes do presente. Descartamos nos oceanos, todos os anos, ciclópicas 8 milhões de toneladas desse polímero, o qual perfaz aproximadamente 85% do lixo marinho.
Ademais, como alguns desses materiais tardam um século ou mais para se decompor, sua acumulação converte-se em um problema que atravessa gerações.
Embora seja difícil imaginar uma solução única para a questão, iniciativas pontuais, se somadas, podem fazer diferença. Segue esse espírito a tendência, que ganha corpo em todo o mundo, de proibir os canudos de plástico descartáveis.
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Recentemente, a cidade de São Paulo aderiu a ela. A lei, que deve entrar em vigor no segundo semestre, proíbe o artigo em hotéis, restaurantes, bares, padarias, clubes noturnos e eventos musicais. A multa para os recalcitrantes pode chegar a R$ 8.000.
Diplomas semelhantes já foram aprovados em Fortaleza, Salvador, Rio de Janeiro, Camboriú (SC), Ilhabela (SP), Santos (SP), Rio Grande (RS) e em todo o Rio Grande do Norte. Nos EUA, o estado da Califórnia e a cidade de Seattle encamparam a iniciativa, assim como localidades europeias e asiáticas.
A investida contra os canudinhos tem sua razão de ser. Desnecessários, a não ser para certas condições médicas, e utilizados por poucos minutos, não integram uma cadeia de descarte voltado à reciclagem. Uma vez nos oceanos, levam mais de 200 anos para se decompor.
Não existem estatísticas sobre o consumo de canudos plásticos no Brasil, mas os números internacionais assustam. Estima-se que pelo menos 170 milhões de unidades sejam jogadas fora por dia nos EUA. 
Sua proibição, no entanto, ataca apenas uma parte diminuta do problema. Estima-se que que os canudinhos componham de 4% a 7% do plástico que polui os mares.
Não à toa, iniciativas de maior amplitude vêm sendo colocadas em prática. Na principal delas, a União Europeia anunciou que irá banir até 2021 os chamados plásticos de uso único —categoria que  inclui copos, pratos, talheres, cotonetes, tampas e embalagens para entrega de comida.
Ao sancionar a nova lei paulistana, o prefeito Bruno Covas (PSDB), divulgou a adesão de São Paulo ao programa da ONU para eliminar o uso de embalagens plásticas desnecessárias e melhorar os índices de reciclagem. É um bom começo.

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